O ministro dos
Negócios Estrangeiros considerou "lamentável" a forma como decorreram
as eleições presidenciais na Venezuela. O ministro dos
Negócios Estrangeiros considerou esta segunda-feira “lamentável” a forma como
decorreram as eleições presidenciais de domingo na Venezuela, mas assegurou que
o Governo português não tomará qualquer atitude que “prejudique” os portugueses
e lusodescendentes ali residentes. “Essa tem sido a minha preocupação essencial.
Qualquer medida ou atitude que o Governo tome face à Venezuela depende da
resposta a esta pergunta muito simples: essa atitude prejudica ou beneficia a
comunidade portuguesa e lusodescendente? Se beneficia nós tomamos, se prejudica
não tomamos”, afirmou Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas à
margem da conferência de lançamento do novo programa Exportar Online, em
Matosinhos, no Porto.
Destacando as
“relações bilaterais muito importantes” entre Portugal e a Venezuela, dado o
“quase meio milhão de portugueses e luso-venezuelanos a residir” naquele país
da América do Sul, o governante assegurou que o Governo português tudo fará
“para [os] ajudar”. “Temos contacto com todas as autoridades venezuelanas – o
Presidente e o seu Governo, mas também a Assembleia Nacional – e cuidaremos de
ver como é que as nossas relações bilaterais vão evoluir, na certeza porém de que
nada faremos que prejudique os interesses dos portugueses e dos
lusodescendentes que residem na Venezuela”, disse.
Segundo Santos
Silva, é “lamentável” a forma como as eleições de domingo decorreram, com um
“elevado número de irregularidades reportadas”, mas “tudo isso tinha sido
previsto e de tudo isto se tinha avisado as autoridades venezuelanas”.
“Nós registamos e
lamentamos que as eleições tenham decorrido ontem nas condições que tínhamos
previsto, isto é, com uma fraca participação popular (foi mais o número de
eleitores que não votou do que o número de eleitores que votou), num prazo que
era injustificado (visto que o novo Presidente só toma posse em 2019), em
condições de organização que não mereceram o consenso das várias forças
concorrentes (visto que o Conselho Nacional Eleitoral tem uma composição que
não espelha a diversidade do país) e num quadro institucional caracterizado
pela negação sistemática das competências institucionais da Assembleia
Nacional”, sustentou. De acordo com o chefe da diplomacia portuguesa, este tema
será “objeto de debate” na reunião da próxima segunda-feira, dia 28, dos
ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, da qual deverá sair “uma
reação coletiva” e na qual será avaliado como poderá a União Europeia “contribuir
para que a Venezuela possa resolver a crise política em que vive” e “acudir à
situação dramática que os venezuelanos vivem em termos económicos e sociais”.
O chefe de Estado
venezuelano, Nicolas Maduro, foi declarado vencedor das eleições presidenciais
de domingo pela autoridade eleitoral, com perto de 70% dos votos, depois de contados
quase todos os boletins.
Maduro obteve
67,7% dos votos contra os 21,2% do principal adversário, Henri Falcon, anunciou
a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Tibisay Lucena,
que afirmou tratar-se de uma “tendência irreversível”. De acordo com o CNE,
Maduro foi reeleito com 5.823.728 votos, tendo sido registados um total de
8.603.936 votos válidos, que correspondem a uma participação de 46% dos 20.527.571
eleitores.
O opositor Henri
Falcon obteve 1.820.552 votos. O pastor evangélico Javier Bertucci 925.042 e o
engenheiro Reinaldo Quijada 34.6714 votos, indicou o CNE.
Apesar de
reeleito, Maduro perdeu 1.763.851 votos, em relação a 2013, altura em que foi
eleito sucessor do antigo Presidente Hugo Chávez (que presidiu o país entre
1999 e 2013) com 7.587.579 (Observador)
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