António Costa - pelo menos é essa a minha
percepção - julga que tem uma boa imagem pública que lhe serve de muito. Erradamente.
Não tem imagem pública nenhuma. A imagem de Costa, depois das eleições de 2015
e da golpada política perfeitamente legitimada no parlamento nacional, vai
sendo construída em função da popularidade das medidas que vai anunciado ou
tomando. Se de um momento para o outro isto der para o torto, o destino de
Costa será politicamente bem pior, mais doloroso e quiçá definitivo, bem pior do
que aquele que aconteceu a Sócrates em 2011.
Costa tem um défice de confiança politica
junto do eleitorado – em parte porque foi um dos braços-direitos de Sócrates e
as pessoas ainda não esqueceram isso - e foi por causa disso que, mesmo depois
de 4 anos de austeridade violenta e criminosa de uma descarada roubalheira
protagonizada pelo governo de Passos e do CDS de Portas, não conseguiu ganhar
as eleições legislativas. Nem sequer levou o PS ao estatuto de partido mais
votado. Graças a uma abstenção elevada, novo recorde, e ao natural e esperado
desgaste da coligação anterior, Costa acabou por ser levado ao poder não pelos
méritos do PS mas pelo facto de PCP e Bloco de Esquerda terem viabilizado o
entendimento parlamentar, sendo por isso natural e incontornável que politicamente
dependa desses partidos e dos seus interesses estratégicos.
Ao contrário do que ele pensa - provavelmente porque ter sido comentador da "Quadratura do Círculo" na SIC Notícias o fez cair nessa ilusão - Costa tem dificuldade de expressão, tem uma mensagem politica mal articulada, tem ideias mal estruturadas, tem dificuldade no debate aberto – que nada têm a ver com os debates de estúdio com mais dois amigos... - o que explica esta repetida incompetência mostrada em termos comunicacionais.
Ao contrário do que ele pensa - provavelmente porque ter sido comentador da "Quadratura do Círculo" na SIC Notícias o fez cair nessa ilusão - Costa tem dificuldade de expressão, tem uma mensagem politica mal articulada, tem ideias mal estruturadas, tem dificuldade no debate aberto – que nada têm a ver com os debates de estúdio com mais dois amigos... - o que explica esta repetida incompetência mostrada em termos comunicacionais.
Uma vez mais, desta feita com os contratos de
associação com os colégios privados - e eu até entendo a posição do governo e
não me repugna nada compreender os seus argumentos - Costa aceitou ir a reboque da estratégia
aventureirista e pirosa de um ministro da educação sem perfil político para o
cargo, sem competência no sector e sem qualquer experiência profissional, em
vez de impor um ritmo mais cauteloso. E mais do que isso: em vez de obrigar o
ME a explicar em linguagem simples, o que se passa com este tema e quais os
motivos concretos que levaram o governo a tomar a decisão que tomou, deixo-o
vaguear num clima de insegurança política que obrigou à mobilização de vários ministros políticos para servirem de
almofada ao titular da educação. Recuso aceitar, e direi as vezes que forem
precisas, que nos dias que correm os colégios privados, sejam eles religioos ou
não, insistam na teoria idiota de que têm diteitos conquistados e que podem
estar quase que à margem do sistema, funcionando às mãos de cooperativas ou de
uma casta de accionistas que muitas vezes ninguem sabe quem são, que vivem à
custa do sistema, pagando-se a si próprios salários elevadíssimos, vivendo às custas
dos milhões do erário público. E que
tudo isso seja feito à custa da escola pública, de uma estratégia de desacreditação
da escola pública, de supressão constante de rescursos financeiros devidos, da
aposta na sua degradação e desvalorização, na repetição de um discurso de
hostilização da escola pública, de enxovalho dos seus docentes, de
ridicularização dos rankings - quando na realidade se esconde a componente
elitista e selectiva que esses colégios praticam, tudo com o dinheiro público.
Eu não aceito que se venda a ideia, patética,
de que um docente com 20 ou 30 anos de actividade profissional só porque
trabalha no sector público é uma espécie de besta quadrada incompetente, ao
invés de um qualquer tótó que, com 4 ou 5 ou 6 anos de actividade e só porque
trabalha num colégio privado, se julga o maior, mergulhado subitamente numa
espécie de banheira de cagança, de
sapiência e de sabedoria apressada.
Comigo não colhem esses argumentos.
Não admito que uma escola pública não tenha
dinheiro para comprar papel higiénico, ou para pagar o gás do sistema de
aquecimento das suas infraestruturas desportivas e que ao lado, um qualquer
colégio privado, ande a gastar milhões em mordomias e luxos que são pagos pelo
dinheiro dos contribuintes, a esmagadora maioria dos quais sem condições para
terem os filhos nesses colégios privados que sustentam via orçamento.
Eu não admito que os professores que agora
tanto se empenham em protestos na rua – apesar de nunca terem feito nada quando
colegas seus da escola pública iam sendo despedidos e ficaram sem trabalho –
manipulem criminosamente as criancinhas, vestindo-as de amarelo, e tentem criar
uma espécie de muro selectivo entre a escola pública e os colégios privados só
porque neles trabalham.
Acho bem que defendam os seus postos de trabalho,
acho bem que façam ouvir a sua voz, mas deixem de manipular as criancinhas num
espectáculo ridículo que faz lembrar os tempos da outra Senhora, da ditaduras
ou das sociedades condicionadas e sem vontade própria como a Coreia do Norte. É
vergonhoso vermos criancinhas, algumas delas nem idade têm para andarem na rua
sozinhas, a berrarem ao som dos protestos dos professores, muitos dos quais têm
nesses colégios contratos de trabalho esquisitos e aceitam fazer tudo o que na
escolha pública nunca aceitariam fazer
por alegadamente serem tarefas que ultrapassam as suas obrigações profissionais.
O problema é que nesses
colégios privados, pagos pelo erário público, os docentes são obrigados a
aceitar isso e tudo o que lhes seja pedido sob
pena de serem postos na porta da rua no final do ano, ou seja, de ficarem
sem trabalho.
Neste contexto
Costa meteu água, tanta ou mais que o que meteu seu ministro da educação.
Revelaram ambos uma doentia incapacidade, diria mesmo uma deprovável incompetência,
de gerirem, em termos políticos, de comunicação política e do discurso mediático
direccionado para a opinião pública em geral, um dossier demasiado polémico - e
já se sabia que assim seria - para ser gerido de uma forma tão pateticamente
amadora, tão idiota. Não creio que o sector se estabilize sem que haja
cedência e que se crie uma espécie de ano de transição para que esta medida
seja adoptada. Os colégios ganhariam tempo provavelmente à espera de novas eleições
e de um novo governo.
Tenho a sensação -
e não sei o que vai acontecer - que Costa perdeu facilmente uma
"batalha" que teria sido facilmente disputada e ganha, porque o tema
é facilmente perceptível pelas pessoas, caso lhes tivessem sido dadas condições,
antes de tomadas as decisões, para perceberem os fundamentos da decisão e as
causas mais próximas das opção política tomada.
Estou em crer - e
o caso das 35 horas é outro exemplo demonstrativo da fragilidade deste governo
socialista apoiado da esquerda – que a persistência deste amadorismo comunicacional
no governo de Costa poderá ser fatal e poderá ser, a prazo, uma das causas próximas
da sua queda e do falhanço desta coligação parlamentar de esquerda (LFM)
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