sábado, maio 28, 2016

Jornalismo: The Guardian enganado por jornalista em dezenas de artigos

“Uma nota sobre um repórter que quebrou a nossa confiança”. Podia ser o título de uma história fictícia, mas é o nome do texto que o The Guardian dirige aos leitores esta quinta-feira, depois de o jornal ter descoberto que um jornalista freelancer os enganou. O jornal apagou 13 artigos completos escritos por Joseph Mayton e está a limpar citações e factos que não correspondem à verdade. Para isso, tem uma equipa encarregue de fazer o fact-check de tudo o que Joseph escreveu. Joseph Mayton começou a colaborar com o The Guardian em 2009 e escreveu, ao todo, 64 artigos, com temas desde o consumo de marijuana, incêndios florestais ou a morte de baleias, esclarece o Financial Times. O jornalista cometeu várias fraudes. Primeiro, escreveu sobre dois eventos aos quais nunca compareceu e os próprios organizadores confirmaram-no ao The Guardian. Depois, inventou várias frases atribuídas a pessoas que não existem, ou a pessoas que nunca as disseram.

Foi precisamente assim que o caso foi descoberto. Várias fontes citadas nas peças de Mayton começaram a denunciar que nunca tinham falado com o jornalista em causa. Logo, não compreendiam como é que este os podia referir no texto. Aí começou a “quebra de confiança” no jornalista, explica a editora do The Guardian dos EUA em comunicado, que levou depois a uma operação de verificação de todas as peças feitas pelo jornalistas: existência das fontes, veracidade das citações, dos eventos, dos factos reportados por Mayton, etc. O The Guardian pede aos leitores para continuarem a confiar no jornal e asseguram que, a partir de agora, vão começar a fazer uma investigação aos jornalistas freelancers e vão apertar o cerco às “fontes anónimas” várias vezes referidas. O objetivo é conseguir mais transparência para que a informação seja mais facilmente confirmada. “Pedimos desculpa pelo erro. Prometemos que vamos fazer melhor a partir de agora”, referiu Lee Glendinning. A editora do jornal adianta ainda que o jornalista em causa negou qualquer fraude mas não quer fazer nenhuma declaração pública sobre o assunto. Mas este não é o primeiro caso de fraude nos media. Em 2003, os dois editores executivos do New York Times resignaram depois de um escândalo com mentiras sobre citações e sobre presenças em eventos que não aconteceram. No Independent, o jornalista Johann Hari devolveu o Orwell Prize em 2011 depois de acusações de plágio (Observador)

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