Escreve o jornalista
do Expresso Filipe
Santos Costa que “nas ilhas mandam os ilhéus: as regiões autónomas da Madeira e
dos Açores não serão incluídas num eventual acordo de coligação pré-eleitoral
entre PSD e CDS para as legislativas do outono. Ainda não há certezas sobre se
Pedro Passos Coelho e Paulo Portas chegarão a acordo para se apresentarem
juntos a votos, mas já há a certeza de que, havendo casamento, não será
extensível às ilhas, apurou o Expresso. As rivalidades regionais entre PSD e
CDS sobrepõem-se a qualquer entendimento cozinhado em Lisboa. As estruturas
regionais dos partidos têm autonomia consagrada nos estatutos, pelo que, no
caso em que existam listas regionais, as decisões são tomadas no Funchal e em
Ponta Delgada.É assim desde sempre:
já na AD original, em 1979, assinada por Sá Carneiro e Freitas do Amaral,
Madeira e Açores tiveram regras próprias. Um precedente histórico que agora é
invocado para justificar que os dois partidos insulares continuem de costas
voltadas. Dá-se mesmo o caso, na Madeira, de o CDS ser o principal partido na
oposição à maioria PSD - estatuto que foi confirmado nas eleições de 29 de
março. Tudo em aberto Nem no
PSD nem no CDS há garantias sobre o desfecho das conversações, que ainda estão
ao nível dos dois líderes partidários. Paulo Portas, sabe o Expresso, tem sido
muito cauteloso, evitando alongar-se em comentários sobre o assunto. Mas já foi
ouvido a dizer que "não há acordo enquanto não houver acordo sobre
tudo" - ou seja, uma forma de lembrar que há muito caminho a fazer e não
há garantias de que a negociação chegue a bom porto. Na segunda-feira, na
comissão política do CDS, marcada para debater as eleições na Madeira e a
preparação do programa de governo dos centristas, o assunto não estava na
agenda, mas acabou por ser referido. Houve dirigentes, muito próximos de Paulo
Portas, que lembraram que a hipótese do partido ir sozinho a votos é real, e
deve estar preparado para isso. Para já, a elaboração do programa segue o seu
caminho, dividido por áreas setoriais. O objetivo dos centristas é concluir
esse trabalho em maio - se houver acordo com o PSD, esse será o ponto de
partida do CDS para um programa comum; se não houver, têm programa pronto para
ir à luta. Esta sexta-feira, Assunção Cristas, a coordenadora do programa de
governo, agendou uma conferência de imprensa para dar conta dos objetivos mais
relevantes do partido em termos de políticas económicas.Pedro Passos Coelho,
por seu lado, marcou um Conselho Nacional do PSD para a próxima terça-feira. A
agenda prevê análise da situação política - e nesse contexto é previsível que a
questão da coligação venha a ser levantada”.