Diz o Dinheiro Vivo que “Portugal pediu ajuda
financeira pela terceira vez ao Fundo Monetário Internacional há quatro anos e
como contrapartida pelo empréstimo de 78 mil milhões de euros, concordou adotar
medidas que, desde 2010, conduziram a uma redução acumulada de 6,5% da
economia. O pedido de ajuda ocorreu no dia 6 de abril de 2011 depois de uma
emissão de títulos da dívida em que o Estado viu as taxas de juro subirem de
forma expressiva. Depois desta emissão, o então ministro das Finanças, Fernando
Teixeira dos Santos, em declarações ao Jornal de Negócios, admitia que era
"necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro
europeu em termos adequados à atual situação política". Pouco depois, o
Governo liderado por José Sócrates confirmava o pedido de ajuda financeira já
tinha seguido para as autoridades internacionais e foi então acordado um
memorando de entendimento -- assinado também pela maioria PSD/CDS-PP agora no
Governo -- em que o Governo se comprometia a implementar uma série de medidas
de austeridade, as quais deveriam por a economia a crescer e melhorar a
competitividade do país.
Eis alguns exemplos da situação económica
portuguesa antes do pedido de ajuda e qual a situação atual:
PIB:
- Portugal fechou o ano de 2010 com um
crescimento económico de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), um valor
influenciado por gastos excessivos da parte do setor público que acabaram por
pesar no défice orçamental e no nível de dívida pública.
- Depois de três anos consecutivos de recessão
entre 2011 e 2013, em que o PIB encolheu em termos acumulados 7,3%, a economia
cresceu 0,9% em 2014, mas isso praticamente não compensou as quedas dos anos
anteriores. Entre 2010 e 2014, a economia recuou 6,5%, segundo os números do
Instituto Nacional de Estatística (INE).
Desemprego:
- Em 2010, os dados do INE apontavam para uma
taxa de desemprego de 10,8%, valor que entre os jovens chegava aos 22,8%. O
desemprego foi aumentando todos os anos até 2013, altura em que 16,2% da
população ativa portuguesa estava desempregada, sendo a taxa de desemprego
entre as pessoas com menos de 25 anos bastante mais elevada, de 38,1%.
- Em 2014, o mercado de trabalho começou a
apresentar sinais de melhoria e a taxa de desemprego caiu para os 13,9% da
população ativa nesse ano. O desemprego jovem, apesar de também ter descido,
permanece acima dos 34%. No início de 2015, no entanto, o desemprego tem
voltado a dar sinais de subida e, em fevereiro, atingiu os 14,1%. Todos estes
números contrastam com as previsões iniciais da 'troika', que nunca anteciparam
que o desemprego chegasse sequer aos 13% em Portugal, esperando-se mesmo uma
queda da taxa de desemprego logo em 2013.
Défice orçamental:
- Em 2010 o défice orçamental terminou o ano nos
11,2% do PIB, o valor mais alto pelo menos desde 1995, de acordo com as séries
do INE, muito acima dos 5,9% que a 'troika' e o Governo tinham antecipado.
- Em 2014, o défice das administrações públicas
ficou nos 4,5%, abaixo da meta de 4,8% que o Governo tinha reportado a Bruxelas
para esse ano, mas acima do que tinha ficado acordado com os credores
internacionais durante o programa de resgate (4%). Segundo o programa inicial,
Portugal deveria ter fechado o ano passado com um défice de 2,3%, já abaixo dos
3%, o limite imposto pelas regras europeias.
- O Governo estima que, em 2015, o défice
orçamental caia para os 2,7%, o que - a confirmar-se - significa que este será
o primeiro ano em que Portugal consegue cumprir aquela regra e sair do
Procedimento dos Défices Excessivos. No memorando inicial, de maio de 2011, os
credores e o executivo previam que o défice fosse de 1,9% em 2015, uma
estimativa que agora nenhuma instituição espera.
Dívida Pública:
- Em 2010, a dívida pública estava ainda abaixo
mas já próxima dos 100% do PIB, ficando nos 96,2%, para depois ultrapassar os
100% do PIB, atingindo os 111,1% em 2011.
- A dinâmica ascendente da dívida das
administrações públicas manteve-se durante todo o período do resgate: cresceu
para os 125,8% em 2012, subiu para os 129,7% em 2013 e, no ano passado,
disparou para os 130,2% do PIB. A dívida pública deverá começar a cair este
ano, para os 125,4%, de acordo com as previsões do Governo.
Inflação:
- Em 2010, a inflação atingiu os 1,4% e no ano
seguinte até acelerou para os 3,65%.
- Em 2013, a taxa de inflação estava nos 0,27% e
terminou o ano passado já em terreno negativo, nos -0,28%”