Segundo a jornalista do Público, Raquel Almeida Correia, “depois de uma quebra de 11,5 por cento nas receitas operacionais em 2009, aquele que é o maior grupo hoteleiro do país vê-se agora a braços com um cenário de instabilidade em território nacional. O negócio das pousadas continua longe do lucro, a participada Euroatlantic teve de ser deslocalizada para França por questões financeiras, a venda da holding de distribuição turística fracassou e os trabalhadores estão prestes a decidir se avançam com uma greve. Já se sabia que 2009 iria castigar o sector do turismo e o grupo fundado há 38 anos por Dionísio Pestana não foi excepção. O empresário revelou que a facturação total caiu 8,6 por cento, para os 414 milhões de euros. A queda das receitas operacionais ainda foi maior, situando-se nos 11,5 por cento. As perspectivas do sector para este ano são mais animadoras, mas recuperar da crise económica não é o único problema que o grupo Pestana tem para resolver. Um deles é o desempenho financeiro das Pousadas de Portugal, que, desde que são exploradas pelo grupo, na sequência da privatização da Enatur em 2003, só deram lucro um ano (em 2007, o resultado líquido foi de 46 mil euros). Para inverter as perdas, está a construir pousadas de maior dimensão, como a recentemente inaugurada no Palácio do Freixo, no Porto, a aumentar o número de unidades geridas em regime de franchising e continua a remodelar a rede Apesar de ser positiva para o negócio do grupo, esta estratégia está a causar mal-estar interno. A transferência de funcionários de pousadas encerradas temporariamente para obras tem sido alvo de contestação e poderá, inclusivamente, resultar em greve. O acordo de empresa (AE) prevê a deslocação de trabalhadores, mas apenas quando significa uma distância não superior a 100 quilómetros, o que o grupo Pestana garante estar a ser "respeitado escrupulosamente". No entanto, o PÚBLICO conseguiu contactar alguns funcionários que foram transferidos para unidades a mais de 200 quilómetros do seu posto de trabalho original. A decisão sobre a convocação da greve deverá ser tomada na próxima semana.
Outros contratempos
A hotelaria não é o único negócio que tem perturbado o grupo Pestana neste início de ano. A companhia de aviação Euroatlantic, na qual detém 20 por cento do capital, viu-se obrigada a deixar Portugal e a mudar a sua base em França por não conseguir suportar as taxas praticadas pela ANA - Aeroportos de Portugal. Foi noticiado que a transportadora tem uma dívida de 2,4 milhões de euros para com a gestora aeroportuária. Ao PÚBLICO, o presidente da empresa, Tomaz Metello, não desmentiu esse valor, respondendo apenas que se trata "de um assunto interno entre a ANA e a Euroatlantic". Outra das participadas do grupo Pestana, a CITG, que agrega os operadores turísticos Intervisa e Sonhando, esteve quase a ser alienada à empresa Record Travel, mas o negócio não se concretizou. A ideia era vender parte do capital da holding, na qual o grupo tem uma participação de 40 por cento, mas não houve acordo relativamente "a cláusulas que envolviam obrigações económicas no decorrer do contrato", adiantou ao PÚBLICO Aroldo Martins, presidente do Conselho de Administração da Record Travel. O grupo Pestana, que não se mostrou disponível para comentar nenhuma destas questões, continua a ter na calha alguns projectos para Portugal, muito embora esse plano seja muito menos ambicioso do que o que está traçado para o mercado internacional. Parte do investimento necessário para avançar será financiada pelos 80 milhões de euros obtidos com as quatro operações de sale & leaseback (venda e posterior arrendamento) que realizou no ano passado - um movimento que permite abater dívida, recuperar liquidez e, com isso, obter capital para reinvestir, mantendo o usufruto do equipamento. Tem havido, no entanto, reajustes ao plano de crescimento nacional: a construção do Pestana Tróia, cujo arranque estava agendado para o início de 2009, só irá avançar este Verão, implicando um investimento de 50 milhões de euros. E a central de dessalinização que o grupo queria construir no Algarve, para juntar à que já existe em Portimão, nunca mais foi falada". Leia ainda da mesma jornalista o texto intitulado "Fragilidade interna não afecta conquistas no exterior" e fique a conhecer alguns números.
Sem comentários:
Enviar um comentário