domingo, novembro 15, 2009

Jornalismo: o disparte de Fernanda Câncio deu nisto...

Numa situação tão absurdo quanto idiota, acabo de saber pelo Publico que "Fernanda Câncio e a Comissão de Jornalistas divergem sobre a utilização da expressão "namorada de José Sócrates". Um texto de Romana Borja-Santos e Ana Machado, refere que a "entidade que regula o acesso à profissão entende que a jornalista deveria ter feito a sua declaração de interesses, mas Fernanda Câncio insiste no seu direito à privacidade. A jornalista do Diário de Notícias Fernanda Câncio não gostou de ser tratada como "namorada de José Sócrates" em artigos no Correio da Manhã, Expresso e SIC. E entregou uma queixa à Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas. Esta entendeu que a jornalista não tem razão: "A matéria em causa era do conhecimento público e de interesse jornalístico". O caso remonta a Abril deste ano, altura em que, na sequência dos comentários de Câncio sobre o caso Freeport no programa A Torto e a Direito da TVI 24, os meios de comunicação em causa escreveram artigos sobre a defesa da jornalista em favor de Sócrates. Namorada do primeiro-ministro defende-o era o título do Expresso, por exemplo. Pouco depois das críticas, a jornalista abandonou o painel de comentadores do programa. Em comunicado, a comissão, que tomou a decisão a 21 de Outubro, diz ter sido unânime sobre o facto de ser do conhecimento público que a jornalista é namorada do primeiro-ministro, invocando mesmo a biografia de José Sócrates intitulada O Menino de Ouro do PS - onde é Edite Estrela que alude a essa relação. A comissão entende que Câncio não se "coibiu" de defender Sócrates sem esclarecer sobre o seu "conflito de interesses". Já em 2008, a relação atingiu contornos políticos. O PSD questionou um alegado contrato entre a RTP e a jornalista para uma série de programas sobre bairros problemáticos, dizendo Rui Gomes da Silva que a RTP a foi "buscar exclusivamente por razões que são de todos conhecidas". O PÚBLICO fez várias tentativas ao longo do dia de ontem para ouvir Câncio, mas todas elas sem efeito. Contudo, no blogue Jugular, a jornalista continuou a questionar se "não atenta contra a reserva da intimidade quem identifica publicamente outra pessoa com base numa sua relação íntima". Questionado sobre a decisão da Comissão da Carteira, o provedor do Leitor do PÚBLICO considera-a "adequada", já que a designação "namorada do primeiro-ministro" se baseia num "facto público". "Tem todo o direito a escrever sobre o Governo, mas é importante que as pessoas saibam que é namorada do primeiro-ministro", disse Joaquim Vieira. Por seu lado, o provedor do leitor do Diário de Notícias, Mário Bettencourt Resendes, remeteu para artigos que escreveu sobre o tema. A 15 de Março de 2008, a propósito de algumas críticas dos leitores sobre um artigo de opinião da jornalista, referente a Santana Lopes, escreveu que "a jornalista sempre resguardou a sua vida pessoal com um cuidado assinalável". Recorde-se que a jornalista já tinha pedido um parecer ao Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas que, a 4 de Agosto, lhe deu razão, classificando como "tecnicamente incorrecto e deontologicamente reprovável o enfoque e identificação da jornalista como sendo "namorada de" nos títulos e destaques das notícias". Mas sublinhava também que Câncio deveria ter feito uma "declaração de interesses". Isso mesmo voltou ontem a ser frisado por Orlando César ao PÚBLICO: "Ela deveria, ao ter-se pronunciado em defesa de Sócrates sobre o caso Freeport, ter feito uma declaração de interesse". Um disparate de Fernanda Câncio, perfeitamente dispensável, e que inevitavelmente teria de acabar como terminou. Ainda há dias, por mera coincidência, Sócrates esteve em Berlim nas comemorações da queda do muro e Câncio também esteve lá como jornalista...

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