terça-feira, novembro 03, 2009

Aviação: segredos e abusos das companhias lowcost

Li no Expresso um texto interessante, segundo o qual "para as companhias aéreas de baixo custo, as taxas opcionais constituem uma fonte adicional de receitas e de lucros. No último ano fiscal (terminado em Março), a Ryanair arrecadou €598 milhões em taxas opcionais — uma média de €10,21 por passageiro —, o que representou cerca de 20% dos seus lucros. Na Easyjet, este encaixe ascendeu a €150 milhões — uma média de €10 por passageiro —, registando um aumento de 36% face ao exercício anterior. A tendência começa, igualmente, a criar seguidores entre as companhias convencionais. Nos Estados Unidos, a US Airways (que cobra pelo uso de cobertores e almofadas, pela bagagem de porão, pelas bebidas e pela escolha do lugar no avião) espera alcançar, este ano, uma receita extra entre os €400 e os €500 milhões. Nestas low cost, cada serviço é pago. É o caso da Ryanair, que cobra €5 pelo check-in online (aceitação de passageiros por via electrónica), €3 pela prioridade de embarque, €10 pela segunda mala, €20 pela terceira (e seguintes), €20 por uma criança menor de dois anos e €35 pela mudança de voo. E tudo indica que não vai ficar por aqui. Depois de desistir da ideia de transportar passageiros em pé (os construtores de aviões opuseram-se categoricamente à ideia, por razões de segurança), o presidente da companhia irlandesa, Michael O’Leary, admitiu numa entrevista à BBC estar a ponderar “a colocação de ranhuras de moedas nas portas do WC”, levando os passageiros a pagar €1 pela sua utilização. A Ryanair anunciou estar a estudar a aplicação de uma taxa extra aos passageiros obesos, bem como o encerramento dos balcões físicos nos aeroportos. Michael O’Leary garante que, “em dez anos, as pessoas voarão gratuitamente. O preço do bilhete será a fonte de receita menos importante para a companhia aérea”. Por sua vez, a Easyjet assume que o passageiro precisa de um seguro de viagem e de uma mala de porão. Para não pagar respectivas taxas extra, é necessário desmarcar estas opções no acto de reserva. Mais difícil é escapar ao pagamento da taxa atribuída aos cartões de crédito (raramente é possível fazê-lo com cartão de débito). Para evitar os abusos e a publicidade enganosa, a União Europeia publicou uma directiva que regulamenta a forma como os preços são anunciados, obrigando as companhias a fazer coincidir o valor anunciado e o valor efectivamente pago pelos passageiros. O segredo do negócio das low cost assenta num controlo apertado dos custos e na rentabilização máxima dos aviões, com rotações não superiores a 25 minutos. Os aparelhos operam com tripulações mínimas e que efectuam diversas funções a bordo, como a limpeza e o acompanhamento dos passageiros. O facto de não serem servidas refeições a bordo permite reduzir os custos por passageiro e um aumento em 30% do número de lugares. As companhias de baixo custo operam apenas com um tipo de avião (Airbus A320 ou Boeing 737), o que permite economias de escala na formação dos pilotos, na manutenção e na substituição de peças. Por outro lado, a venda de bilhetes não passa pelas agências de viagens, sendo feita em exclusivo por telefone ou através da Internet, sendo as passagens válidas apenas para a data indicada".

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