Os Estados Unidos
tentaram recrutar o piloto pessoal de Nicolás Maduro para desviar o avião
presidencial e facilitar a captura do chefe de Estado venezuelano. Os Estados
Unidos tentaram recrutar o piloto pessoal de Nicolás Maduro para desviar o
avião presidencial e facilitar a captura do chefe de Estado venezuelano,
segundo revelou a agência Associated Press. A operação de inteligência,
conduzida pelo agente federal Edwin López, previa o pagamento de uma recompensa
de 50 milhões de dólares a Bitner Villegas, o general encarregado de pilotar a
aeronave do líder chavista.
De acordo com a
investigação, o plano foi desenvolvido durante a administração de Joe Biden e
começou a ganhar forma em abril de 2024, quando um informante alertou López
sobre a presença de duas aeronaves associadas ao governo venezuelano — um
Dassault Falcon 2000EX e um Dassault Falcon 900EX — em reparação na República
Dominicana. As autoridades norte-americanas confiscaram os aviões em fevereiro
do ano passado, alegando que estavam a ser utilizados em atividades sancionadas
pelo Departamento do Tesouro.
Maduro reagiu de imediato, acusando Washington de “roubo descarado”, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Yván Gil, condenou o que descreveu como “uma prática criminosa reincidente, que não pode ser classificada de outra forma senão pirataria”. Foi nesse contexto que López, destacado na embaixada dos EUA em Santo Domingo, entrou em contacto com Villegas através de WhatsApp e Telegram, tentando convencê-lo a colaborar com a operação em troca da recompensa milionária.
Segundo a
Associated Press, o agente federal chegou mesmo a encontrar-se pessoalmente com
o piloto, simulando desconhecimento das suas ligações a Maduro. Embora Villegas
não tenha aceite de imediato, partilhou o seu número de telefone. Após
retirar-se do cargo em julho, López voltou a contactá-lo um mês depois,
apelando a que se tornasse “o herói da Venezuela”. O militar ignorou o pedido,
respondendo mais tarde de forma indignada: “Os venezuelanos somos feitos de
outra madeira. O último que somos é traidores.” Pouco depois, bloqueou o
agente.
A rejeição de
Villegas desencadeou uma campanha de rumores nas redes sociais sobre uma
possível colaboração com os EUA. Em 18 de setembro, o ex-funcionário
norte-americano Marshall Billingslea publicou na rede X (antigo Twitter) uma
mensagem de aniversário dirigida ao piloto, acompanhada de fotografias e
comentários irónicos. O post ultrapassou três milhões de visualizações,
alimentando especulações na Venezuela de que o piloto teria sido interrogado ou
detido pelas autoridades norte-americanas.
Dias depois, porém, Villegas reapareceu publicamente no programa “Con el mazo dando”, apresentado por Diosdado Cabello, ministro do Interior e uma das figuras mais próximas de Maduro. Cabello ironizou sobre a suposta tentativa de compra de lealdades dentro da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), enquanto Villegas, silencioso, manteve o punho erguido em sinal de fidelidade ao presidente venezuelano — uma imagem que rapidamente se tornou símbolo da lealdade interna ao regime chavista ((Executive Digest, texto do jornalista Pedro Gonçalves)

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