sábado, março 29, 2014

A "lebre" do gang

Será que alguém minimamente informado - sobretudo se atender aquela que é a "praxis" deste governo bandalho e à forma desastrada como sempre geriu as questões relacionadas com comunicação política - acredita que que esta história da divulgação extemporânea de uma notícia sobre medidas a serem tomadas no âmbito das pensões e dos salários, foi um ato inocente de um até agora desconhecido e coitado secretário de estado?
Pessoalmente considero que o secretário de estado em questão foi usado e funcionou como a "lebre" desta corja, na sua ânsia - ainda por cima em período eleitoral! - de conhecer, manipular e explorar antecipadamente a reacção ante a "hipótese" de medidas específicas, polémicas e obviamente de mais roubalheira e uma vez mais no domínio das pensões e dos salários.
A "lebre" funcionou como um mero instrumento da corja interessada em identificar previamente o mercado da opinião pública e da política, socorrendo-se da conhecida tática de negar depois todas as informações que o próprio governo divulgou antes. 
Sou suspeito, assumo-o sem complexos, porque não posso ver esta corja à minha frente. Só de os ver na televisão causa-me asco. Repugnam-se, pelo que andam a fazer a este país e a este povo, a coberto da pomposa "salvação" das contas públicas (num país que deve mais do que devia antes da chegada da troika, mesmo que isso até possa ser normal, segundo os especialistas...) e de uma manipulação propagandística e tendenciosa que os veste a todos quais "salvadores" de uma pátria cada vez mais desgraçada, destroçada e que em finais de 2013 tinha quase 2 milhões de pobres!
Para estes bandalhos, antes deles o país viveu num inferno e na impunidade, na mão de incompetentes, despesistas e safados. O que permitiu, segundo eles, que este povo gastasse mais do que podia e devia, vivendo acima das suas possibilidades. Reparem que até os fundos comunitários, antes deles, foram mal gastos, sem que me recorde de alguma vez ter ouvido o povo pronunciar-se sobre isto, sobre as obras públicas construídas desde a nossa adesão. Independentemente, como em tudo na vida, de erros e de excessos cometidos excessos. Também os partidos quando elegem certos bandalhos para o poder também cometem erros pelos quais, depois, pagam caro. Mais tarde. Até que chegaram estes "justiceiros do além", com chicote em riste para pôr tudo isto na ordem. É este o discurso deste bando de miseráveis impreparados, politicamente corruptos, que tomaram o poder de assalto e de forma indecorosa e que tudo fazem (veja-se o que se passou com ao caso da patética demissão de Portas no Verão passado) para lá continuarem, nem que tenham que "vender a mãe", como diz o povo.
Ando nisto há anos, para ter a obrigação de distinguir entre um elefante e uma ratazana de esgoto, e a minha experiência profissional nestes domínios determina que tenha sempre presente que há uma diferença entre um "caso" pré-fabricado, com cumplicidades na comunicação social (porque elas existem sempre), devidamente ponderado, discutido, pensado e executado (com conhecimento de um restrito número de pessoas), e uma situação surgida por acaso, devido a um qualquer erro ou a incompetência de algum governante ou político na gestão de um procedimento (passar informação controlada à comunicação social, cirurgicamente selecionada para o efeito) que não está ao alcance de todos. Há que que saber gerir situações destas, por vezes complexas, em que as "fontes" são não apenas a origem da notícia, como ainda por cima definem as regras do jogo - leia-se o "timing" da divulgação, refugiada sob a velha expressão de "uma fonte do governo" - e depois aparecem a criticar o que é publicado, caso não lhe convenha.
Estou absolutamente convencido que alguém de entre esta corja que nos governa foi o mentor desta farsa e que o secretário de estado em causa funcionou como a "lebre" de um governo de patifes que não têm a integridade moral para de assumirem as suas responsabilidades e culpas. Não me espanta nada que, quando a poeira assentar - e mesmo sabendo que Cavaco alegadamente avisou Passos que recusa qualquer outra remodelação - vai ser obrigado a demitir-se  tal como Cavaco exigiu que fizessem os dois conselheiros que assinaram o Manifesto dos 70.
O que se passou, e tenho uma enorme convicção de que assim foi, é que esta medida está estudada, já foi pensada e abordada pelo governo de coligação. Que não o quer fazer sozinho. Tem de recorrer à farsa do diálogo com parceiros sociais (que vale zero e não passas de uma fantochada graças à cumplicidade subserviente de sindicatos e  patronato) e quer fazer com que o PS concorde com tal roubalheira. Porque é disso que falamos, de mais roubos, de mais ladroagem imposta por decreto. O governo de coligação pretende implementar estas medidas, apesar de mantê-las em banho-maria por mais algum tempo para que a coligação não seja mais penalizada eleitoralmente, com todos os problemas políticos internos daí resultantes. Por estarmos em período eleitoral, com tudo o que isso acarreta, a ideia foi lançar "inocentemente" a notícia para a opinião pública, usando para o efeito uma "fonte" e alguns meios de comunicação social selecionados. A ideia, depois, era a de estabelecer, em função da dimensão da polémica e da agressividade das reações sociais e políticas, uma contra-resposta, estratégia que foi igualmente estudada e definida previamente, dado que se colocam sempre várias alternativas em situações como estas. 
Dado que aparentemente os grupos parlamentares do PSD e CDS voltaram a ser apanhados de surpresa - confirmando a existência de uma grande distância entre o governo de coligação, constituído por pirosos "enviados divinos" e "salvadores" da pátria despesista comprados numa qualquer loja dos 300, e os deputados na Assembleia da República olhados pela corja como meros "sopeiros" e instrumentos que se comportam como paus-mandados, dispostos a se levantarem as vezes que forem necessárias para salvarem a pele do governo e os tachos -  e porque a zelosa ministra das finanças, sorrateira, se manteve em silêncio, como se nada fosse com ela, foi Passos quem entrou primeiro no  baile, desde Maputo, tal como estava previsto, não para negar as medidas anunciadas, porque não o fez convictamente, mas para fazer um trocadilho e tentar distanciar-se e ao governo de coligação de qualquer cenário traçado e apresentado como adquirido. A dada altura, curiosamente, a notícia não era o conteúdo dela e o impacto social que dela decorreria, mas o procedimento da divulgação e a intencionalidade subjacente a tudo isto.
É mais do que evidente que estando o governo obrigado a anunciar até finais de Abril as medidas de mais austeridade e de mais cortes para 2015, e sabendo-se que essas medidas podem afetar a votação na coligação (daí a insistente pressão da oposição de esquerda para que o governo de coligação diga que medidas vão ser implementadas ou não, exigência que tem mais a ver  com os votos nas europeias do que com o impacto das medidas em si mesmo) - alguma coisa tinha que ser feita. E foi essa a decisão tomada, da qual ninguém tem agora a dignidade nem a  coragem de assumir.
Alguém acredita que um secretário de estado que ninguém conhece, sem carreira política conhecida, mas com um currículo construído com base num carreira de funcionário público, de um momento para outro seja o espertalhão desta história mal contada, capaz de provocar uma tempestade destas?
Alguém acredita que os reformados que voltam a ser o alvo e que correm o risco de sofrer mais cortes nas suas reformas e pensões ou os  funcionários públicos que são o ódio de estimação destes bandalhos, e que voltam a ser o alvo de mais uma onda de despedimentos forçados e de mais roubos nos salários e outras patifarias do género votarão na coligação para as europeias?Só por masoquismo puro. Este é o problema subjacente a esta polémica. 
Gerindo mal, mas outra coisa não seria de esperar, o que o mais simplista de entre todos os manuais de marketing político e comunicação confirmará, e gerindo ainda pior a "crise" causada na opinião pública por uma estratégia de "apalpanço" cauteloso do "mercado", o governo de coligação revelou-se depois incapaz, não só de apanhar os cacos, como também de assumir culpas próprias - porque tudo foi urdido propositadamente no seio do governo, resta saber se Passos e Portas foram ou não os mentores deste embuste e sobre ele foram mantidos informados. Depois da bronca, houve necessidade de rapidamente reagir e conter o ricochete. Mas cometeu de novo erros, provavelmente de quem  (Marques Guedes) não se estaria à espera
O secretário de estado, a "lebre" desta história de analfabetos e mentecaptos, manteve-se no cargo porque a história vai demonstar que ele é o menos dos culpados, Foi a lebre sobre quem recaiu a responsabilidade por espalhar uma "notícia" e difundi-la só para que o governo de coligação pudesse identificar o impacto e as reações.
O problema foi que o ministro Marques Guedes, que costuma ser ponderado e cauteloso em casos como este, optou por um discurso mais agressivo e de capote em riste saltou para a arena para enfrentar um touro que lhe disseram ser bravo mas que ele depois percebeu que não passava da mais mansa de todas as vacas. Insinuou e acusou a comunicação social envolvida no caso (5 meios de comunicação) que reagiu em força, de forma corporativista, não só rejeitando qualquer acusação de uso indevido de conversas em "off" mas contestando a insinuação de manipulação dos dados cedidos por uma fonte até então não identificada. Percebeu-se que, a partir desse momento, não demoraria muito tempo, como se confirmou, até que se conhecesse a fonte desta embrulhada toda. Pior a emenda que o soneto para o governo de coligação entalado e ridicularizado. 
A oposição pressionou, exigiu e insistiu na demissão de um secretário de estado. Um aproveitamento político rafeiro e oportunista de uma situação complexa, muito mal contada mas ter a gravidade de originar uma demissão
Como a história vai demonstrar - porque entretanto surgiram notícias dando conta que o secretário de estado envolvido nesta cabala vai manter-se em funções por ter entre mãos processos complexos e exigentes - a notícia divulgada tem muito de verdade, E no goevrno de coligação muitos são os que sabem disso. Num país de gente seria, e não governado por uma corja de bandalhos, este "caso" determinaria uma intervenção mais enérgica do Presidente da República. Mas como temos uma espécie de "rainha de Inglaterra" comodamente à espera do final do mandato, sem interesse em gerar confusões para que não o incomodem, nada disso acontecerá e a impunidade continuará à solta por aí.
Convém referir que estas patifarias, em torno da gestão do marketing e da comunicação política, nos exatos termos em que esta situação agora aconteceu, são situações frequentes no poder, já aconteceram em Portugal com governos anteriores e com outros protagonistas. Portanto não venham os "pecadores" do passado armados agora em "anjolas" de pacotilha, que isso não pega.
A verdade é que vivemos num pais que tem mais ricos e estes são cada vez mais ricos, país esse que em finais de 2012 - e que dizer da realidade em 2013!... - tinha quase 2 milhões de pobres. Um selo de "qualidade" desta corja e uma "imagem de marca" relativamente ao "sucesso" desta governação bandalha (foto da imprensa e cartoon da Henricartoon, com a devida vénia)