Será que alguém minimamente
informado - sobretudo se atender aquela que é a "praxis" deste
governo bandalho e à forma desastrada como sempre geriu as questões
relacionadas com comunicação política - acredita que que esta história da
divulgação extemporânea de uma notícia sobre medidas a serem tomadas no âmbito
das pensões e dos salários, foi um ato inocente de um até agora desconhecido e
coitado secretário de estado?
Pessoalmente considero que o
secretário de estado em questão foi usado e funcionou como a "lebre"
desta corja, na sua ânsia - ainda por cima em período eleitoral! - de conhecer,
manipular e explorar antecipadamente a reacção ante a "hipótese" de
medidas específicas, polémicas e obviamente de mais roubalheira e uma vez mais
no domínio das pensões e dos salários.
A "lebre" funcionou
como um mero instrumento da corja interessada em identificar previamente o
mercado da opinião pública e da política, socorrendo-se da conhecida tática de
negar depois todas as informações que o próprio governo divulgou antes.
Sou suspeito, assumo-o sem
complexos, porque não posso ver esta corja à minha frente. Só de os ver na
televisão causa-me asco. Repugnam-se, pelo que andam a fazer a este país e a este
povo, a coberto da pomposa "salvação" das contas públicas (num país
que deve mais do que devia antes da chegada da troika, mesmo que isso até possa
ser normal, segundo os especialistas...) e de uma manipulação propagandística e
tendenciosa que os veste a todos quais "salvadores" de uma pátria
cada vez mais desgraçada, destroçada e que em finais de 2013 tinha quase 2
milhões de pobres!
Para estes bandalhos, antes deles
o país viveu num inferno e na impunidade, na mão de incompetentes, despesistas
e safados. O que permitiu, segundo eles, que este povo gastasse mais do que
podia e devia, vivendo acima das suas possibilidades. Reparem que até os fundos
comunitários, antes deles, foram mal gastos, sem que me recorde de alguma vez
ter ouvido o povo pronunciar-se sobre isto, sobre as obras públicas construídas
desde a nossa adesão. Independentemente, como em tudo na vida, de erros e de
excessos cometidos excessos. Também os partidos quando elegem certos bandalhos
para o poder também cometem erros pelos quais, depois, pagam caro. Mais tarde.
Até que chegaram estes "justiceiros do além", com chicote em riste
para pôr tudo isto na ordem. É este o discurso deste bando de miseráveis
impreparados, politicamente corruptos, que tomaram o poder de assalto e de forma
indecorosa e que tudo fazem (veja-se o que se passou com ao caso da patética
demissão de Portas no Verão passado) para lá continuarem, nem que tenham que
"vender a mãe", como diz o povo.
Ando nisto há anos, para ter a
obrigação de distinguir entre um elefante e uma ratazana de esgoto, e a minha
experiência profissional nestes domínios determina que tenha sempre presente
que há uma diferença entre um "caso" pré-fabricado, com cumplicidades
na comunicação social (porque elas existem sempre), devidamente ponderado,
discutido, pensado e executado (com conhecimento de um restrito número de
pessoas), e uma situação surgida por acaso, devido a um qualquer erro ou a
incompetência de algum governante ou político na gestão de um procedimento
(passar informação controlada à comunicação social, cirurgicamente selecionada
para o efeito) que não está ao alcance de todos. Há que que saber gerir
situações destas, por vezes complexas, em que as "fontes" são não
apenas a origem da notícia, como ainda por cima definem as regras do jogo -
leia-se o "timing" da divulgação, refugiada sob a velha expressão de
"uma fonte do governo" - e depois aparecem a criticar o que é
publicado, caso não lhe convenha.
Estou absolutamente convencido
que alguém de entre esta corja que nos governa foi o mentor desta farsa e que o
secretário de estado em causa funcionou como a "lebre" de um governo
de patifes que não têm a integridade moral para de assumirem as suas
responsabilidades e culpas. Não me espanta nada que, quando a poeira assentar -
e mesmo sabendo que Cavaco alegadamente avisou Passos que recusa qualquer outra
remodelação - vai ser obrigado a demitir-se
tal como Cavaco exigiu que fizessem os dois conselheiros que assinaram o
Manifesto dos 70.
O que se passou, e tenho uma
enorme convicção de que assim foi, é que esta medida está estudada, já foi
pensada e abordada pelo governo de coligação. Que não o quer fazer sozinho. Tem
de recorrer à farsa do diálogo com parceiros sociais (que vale zero e não
passas de uma fantochada graças à cumplicidade subserviente de sindicatos
e patronato) e quer fazer com que o PS
concorde com tal roubalheira. Porque é disso que falamos, de mais roubos, de
mais ladroagem imposta por decreto. O governo de coligação pretende implementar
estas medidas, apesar de mantê-las em banho-maria por mais algum tempo para que
a coligação não seja mais penalizada eleitoralmente, com todos os problemas
políticos internos daí resultantes. Por estarmos em período eleitoral, com tudo
o que isso acarreta, a ideia foi lançar "inocentemente" a notícia
para a opinião pública, usando para o efeito uma "fonte" e alguns
meios de comunicação social selecionados. A ideia, depois, era a de
estabelecer, em função da dimensão da polémica e da agressividade das reações
sociais e políticas, uma contra-resposta, estratégia que foi igualmente
estudada e definida previamente, dado que se colocam sempre várias alternativas
em situações como estas.
Dado que aparentemente os grupos
parlamentares do PSD e CDS voltaram a ser apanhados de surpresa - confirmando a
existência de uma grande distância entre o governo de coligação, constituído
por pirosos "enviados divinos" e "salvadores" da pátria
despesista comprados numa qualquer loja dos 300, e os deputados na Assembleia
da República olhados pela corja como meros "sopeiros" e instrumentos
que se comportam como paus-mandados, dispostos a se levantarem as vezes que
forem necessárias para salvarem a pele do governo e os tachos - e porque a zelosa ministra das finanças,
sorrateira, se manteve em silêncio, como se nada fosse com ela, foi Passos quem
entrou primeiro no baile, desde Maputo,
tal como estava previsto, não para negar as medidas anunciadas, porque não o
fez convictamente, mas para fazer um trocadilho e tentar distanciar-se e ao
governo de coligação de qualquer cenário traçado e apresentado como adquirido.
A dada altura, curiosamente, a notícia não era o conteúdo dela e o impacto
social que dela decorreria, mas o procedimento da divulgação e a intencionalidade
subjacente a tudo isto.
É mais do
que evidente que estando o governo obrigado a anunciar até finais de Abril as
medidas de mais austeridade e de mais cortes para 2015, e sabendo-se que essas
medidas podem afetar a votação na coligação (daí a insistente pressão da
oposição de esquerda para que o governo de coligação diga que medidas vão ser
implementadas ou não, exigência que tem mais a ver com os votos nas europeias do que com o
impacto das medidas em si mesmo) - alguma coisa tinha que ser feita. E foi essa
a decisão tomada, da qual ninguém tem agora a dignidade nem a coragem de assumir.
Alguém
acredita que um secretário de estado que ninguém conhece, sem carreira política
conhecida, mas com um currículo construído com base num carreira de funcionário
público, de um momento para outro seja o espertalhão desta história mal
contada, capaz de provocar uma tempestade destas?
Alguém
acredita que os reformados que voltam a ser o alvo e que correm o risco de
sofrer mais cortes nas suas reformas e pensões ou os funcionários públicos que são o ódio de
estimação destes bandalhos, e que voltam a ser o alvo de mais uma onda de
despedimentos forçados e de mais roubos nos salários e outras patifarias do
género votarão na coligação para as europeias?Só por masoquismo puro. Este é o
problema subjacente a esta polémica.
Gerindo
mal, mas outra coisa não seria de esperar, o que o mais simplista de entre
todos os manuais de marketing político e comunicação confirmará, e gerindo
ainda pior a "crise" causada na opinião pública por uma estratégia de
"apalpanço" cauteloso do "mercado", o governo de coligação
revelou-se depois incapaz, não só de apanhar os cacos, como também de assumir
culpas próprias - porque tudo foi urdido propositadamente no seio do governo,
resta saber se Passos e Portas foram ou não os mentores deste embuste e sobre
ele foram mantidos informados. Depois da bronca, houve necessidade de
rapidamente reagir e conter o ricochete. Mas cometeu de novo erros,
provavelmente de quem (Marques Guedes)
não se estaria à espera
O
secretário de estado, a "lebre" desta história de analfabetos e
mentecaptos, manteve-se no cargo porque a história vai demonstar que ele é o
menos dos culpados, Foi a lebre sobre quem recaiu a responsabilidade por
espalhar uma "notícia" e difundi-la só para que o governo de
coligação pudesse identificar o impacto e as reações.
O
problema foi que o ministro Marques Guedes, que costuma ser ponderado e
cauteloso em casos como este, optou por um discurso mais agressivo e de capote
em riste saltou para a arena para enfrentar um touro que lhe disseram ser bravo
mas que ele depois percebeu que não passava da mais mansa de todas as vacas.
Insinuou e acusou a comunicação social envolvida no caso (5 meios de
comunicação) que reagiu em força, de forma corporativista, não só rejeitando
qualquer acusação de uso indevido de conversas em "off" mas contestando a insinuação de manipulação dos dados cedidos por uma fonte até
então não identificada. Percebeu-se que, a partir desse momento, não demoraria
muito tempo, como se confirmou, até que se conhecesse a fonte desta embrulhada
toda. Pior a emenda que o soneto para o governo de coligação entalado e
ridicularizado.
A
oposição pressionou, exigiu e insistiu na demissão de um secretário de estado.
Um aproveitamento político rafeiro e oportunista de uma situação complexa, muito
mal contada mas ter a gravidade de originar uma demissão
Como a
história vai demonstrar - porque entretanto surgiram notícias dando conta que o
secretário de estado envolvido nesta cabala vai manter-se em funções por ter
entre mãos processos complexos e exigentes - a notícia divulgada tem muito de
verdade, E no goevrno de coligação muitos são os que sabem disso. Num país de
gente seria, e não governado por uma corja de bandalhos, este "caso"
determinaria uma intervenção mais enérgica do Presidente da República. Mas
como temos uma espécie de "rainha de Inglaterra" comodamente à espera
do final do mandato, sem interesse em gerar confusões para que não o incomodem,
nada disso acontecerá e a impunidade continuará à solta por aí.
Convém referir que estas patifarias, em torno da
gestão do marketing e da comunicação política, nos exatos termos em que esta
situação agora aconteceu, são situações frequentes no poder, já aconteceram em
Portugal com governos anteriores e com outros protagonistas. Portanto não venham
os "pecadores" do passado armados agora em "anjolas" de
pacotilha, que isso não pega.
A verdade é que vivemos num pais que tem mais
ricos e estes são cada vez mais ricos, país esse que em finais de 2012 - e que
dizer da realidade em 2013!... - tinha quase 2 milhões de pobres. Um selo de
"qualidade" desta corja e uma "imagem de marca"
relativamente ao "sucesso" desta governação bandalha (foto da imprensa e cartoon da Henricartoon, com a devida vénia)