quinta-feira, maio 30, 2013

Opinião: "Coisas que as jotas não ensinaram a Passos e Seguro"



"Pela primeira vez, desde que a troika aportou, Passos Coelho admitiu estar a negociar um alívio da pressão exercida pelos credores. O primeiro-ministro quer passar o objetivo do défice para 2014 de 4% do PIB para 4,5%. Este alívio, como fica claro, permitira deitar fora a célebre 'TSU dos reformados', como lhe chamou Paulo Portas, e aliviar as tensões na coligação.
Ou seja, Passos está a fazer o que muita gente lhe recomendava que fizesse. Porém a reação da troika não está a ser tão fácil como quase todos previam. BCE, UE e FMI, sobretudo estes últimos, apesar dos bons alunos que temos sido, não veem razões concretas para nos amenizar o caminho.
No âmbito da oitava avaliação, que vai começar em julho, o Governo português vai assestar baterias neste objetivo. É possível que o obtenha, mas não deixa de ser significativo que já na sétima avaliação tenha tentado este alívio sem o conseguir.
Curiosamente, isto prova duas coisas distintas. A primeira, é que ao contrário do que Passos dizia, não é impossível fazer frente ou discordar da troika tentando obter prazos e condições mais razoáveis e dos quais resultem um pequeno alívio para os já muito sacrificados contribuintes portugueses. A segunda, é que ao contrário do que dizia António José Seguro, isso não é tão simples como pedir. É preciso muito trabalho para convencer os credores internacionais (a presença hoje em Lisboa do líder do Eurogrupo, o socialista holandês Jeroen Dijsselbloem é uma boa oportunidade).
Daqui se conclui que, acaso houvesse menos gritaria e mais construção em conjunto de uma estratégia para o país - não a bem de Passos ou de Seguro, do PSD ou do PS, mas daqueles que ambos devem servir, os cidadãos - talvez tudo fosse menos penoso. Um país que fala a uma voz aos credores tem mais hipóteses de sucesso do que um onde a confusão política é geral. Portugal pode ter condições menos gravosas, mas para isso é preciso ter mais inteligência e menos barafunda.
Mas será que eles aprendem? Não me parece... A escola das jotas não é uma boa escola. Ensina-se muita intriga mas pouca política.
ATUALIZAÇÃO - De acordo com notícias chegadas de Bruxelas, a UE rejeita, para já, a a flexibilização do défice, como se pode ler aqui . Mais uma prova de que isto não é simples" (texto de Henrique Monteiro, Expresso com a devida vénia)