- Dubai: o paraíso perdido? Nada que não se soubesse - "Estava escrito nas estrelas ou, melhor, nos "credit default swaps". Os CDS são instrumentos financeiros derivados que permitem ao seu comprador proteger-se do incumprimento de crédito do emitente e são transaccionados, em geral, em OTC ("over the counter", mercado não regulamentado). A 26 de Novembro, os investidores que, apostando no incumprimento da dívida do Dubai, compraram CDS, com maturidade a 5 anos, pagaram um "spread" perto dos 6%. No dia anterior precisavam de pagar 3%, um valor já por si bastante elevado. Os CDS da Alemanha têm um "spread" de 0,22% nesta data. O país com os CDS mais baixos é a Noruega com uma taxa de 0,18%. Esta semana, os CDS do Dubai continuam a cotar perto dos 6%. O mercado de CDS foi criado em 1994 por um conjunto de bancos liderados pela JP Morgan. Estes instrumentos equiparam-se a "seguros" sobre obrigações ainda que com algumas diferenças. O risco de "default" é transferido para o vendedor do "swap". Bastava olhar para os números para adivinhar o que estava para acontecer. Como demonstra o quadro 1, no início de 2009, os CDS do estado do Dubai estiveram quase nos 10%. Ou seja, para alguém - leia-se mercado - segurar a dívida deste estado dos Emirados Árabes Unidos (EAU) pedia-se um "spread" (uma taxa) de 10%. A bolha do imobiliário já era aqui bem visível e os bancos que concederam créditos, como os do Reino Unido e do Benelux, já sabiam que tinham um problema em mãos. Desfecho inevitável: os imóveis, no Dubai, valem hoje metade do que valiam no final de 2008 e vários fundos estão descapitalizados, sobretudo, os mais alavancados. Em suma, os mercados bolsistas a nível mundial já tinham este problema descontado, não é nada de novo. Estava escrito nas estrelas ou melhor nos CDS" (texto de Paulo Rosa, no Jornal de Negócios);
- Empresas do Dubai estão misturadas "como esparguete" - "As obrigações emitidas pelas empresas públicas do Dubai estão em queda livre, com os investidores a recearem que os problemas da Dubai World impliquem todas as firmas deste emirado. “Tememos que não seja apenas a Dubai World que tem problemas. A saúde das outras empresas públicas do Dubai está em questão”, disse à Bloomberg Oliver Bell, director da Pictet Asset Management para o Médio Oriente e África. Assim, as obrigações islâmicas emitidas pela Nakheel, subsidiária da Dubai World para o sector imobiliário, caíram ontem mais de 10%, enquanto as das empresas DIFC Investments e da Dubai Holdings Commercial afundaram para mínimos históricos nos 44,5 cêntimos por dólar. O custo de protecção contra o incumprimento da dívida da Dubai World implica agora 33% de hipóteses desta não pagar o que deve". (texto de Pedro Duarte no Diário Económico);
- Credores do Dubai arriscam-se a ficar donos de um deserto - "Os credores da 'holding' imobiliária do Dubai poderão ficar com o direito de se apossar de uma grande quantidade de deserto, caso a empresa não consiga pagar as suas dívidas. Os investidores vão ter a capacidade de executar judicialmente as hipotecas da imobiliária Nakheel, caso a sua casa-mãe, a Dubai World, não consiga pagar os empréstimos que lhe foram concedidos, indica o prospecto das obrigações emitidas pela empresa, citado pela Bloomberg. O pagamento da dívida deverá ser efectuado até ao próximo dia 14, prazo depois do qual a Nakheel terá duas semanas para solucionar o problema ou então perderá a propriedade que integra a Dubai Waterfront, um projecto onde a empresa tencionava construir uma cidade duas vezes maior do que Hong Kong. O problema é que o local de construção é apenas um deserto de areia e essa grande quantidade de areia será tudo aquilo a que os credores da empresa terão direito a ter. “O projecto [da Nakheel] não deverá acontecer. Ficarei muito surpreendido se alguma coisa lá for construída nos próximos cinco anos”, disse à Bloomberg Saud Masud, analista imobiliário do UBS para a região" (texto de Pedro Duarte no Diário Económico);
- Dubai pode vender 'Queen Elizabeth 2' para pagar dívida - "A holding estatal Dubai World admitiu que poderá ter que vender activos no estrangeiro para pagar as suas dívidas, o que inclui o transatlântico 'Queen Elizabeth 2' e o circo ‘Cirque du Soleil’. “Não existe nada que impeça a venda destes activos”, afirmou ontem o responsável pelas finanças do Dubai e encarregado da reestruturação da dívida da Dubai World, Abdulrahman al-Saleh, em entrevista à cadeia de televisão al-Jazeera. Este responsável precisou, no entanto, que o Estado do Dubai em si não irá vender activos para ajudar a pagar a dívida da ‘holding’ estatal Dubai World, devendo esta alienar os seus próprios activos para obter os 26 mil milhões de dólares em dívida que está a sentir dificuldades em pagar. “Existem muitos activos que podem ser liquidados pela Dubai World para obter o dinheiro de que necessita desesperadamente. A prioridade será a venda de activos no estrangeiro”, explicou à Bloomberg Fahd Iqbal analista do banco egípcio EFG-Hermes Holding.Entre os activos detidos de modo directo e indirecto pela Dubai World conta-se também a cadeia de lojas de artigos de luxo nova-iorquina Barneys e uma participação na empresa de casinos norte-americana MGM Mirage" (texto de Pedro Duarte no Diário Económico).

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