terça-feira, dezembro 15, 2009

Imagine..

Imagine-se por exemplo em Braga e a ter que ir a uma grande superfície - por exemplo a AKI - onde se "perde" na localização de um determinado produto eléctrico recorrendo à informação de um funcionário. Imagine que depois de lhe terem dado os esclarecimentos, surge um quase inevitável "você é da Madeira?" com um sotaque que você percebe que não é do norte...carago! Imagine que descobre, numa curta conversa, que está perante um madeirense, 30 anos, da Camacha, licenciado em administração autárquica na Universidade do Minho ("há três ou quatro anos era um excelente curso") que participou em diversos estágios curriculares ou profissionais em várias instituições do Minho, nalguns deles sem receber fosse o que fosse, e não consegue regressar à Madeira, acabando por retornar a Braga e aceitar o emprego - o único que lhe ofereceram - de arrumador de loja! Acha que aquele rapaz, seu, nosso conterrâneo, que você nunca conheceu antes, se sente realizado (e que dizer da sua família?) principalmente quando percebe que só faltou chorar à medida que lhe conta a sua história. E imagine que dele não ouve uma palavra de crítica seja contra quem for, aceitando como uma fatalidade as dificuldades que segundo ele, resultaram do facto da Universidade do Minho ter visto inviabilizados acordos de estágios que tinha celebrado com autarquias, tudo por causa da crise e do facto do sector público não admitir ninguém. Imagine ainda que este "dr. arrumador de loja", que não tem complexos nenhuns por causa disso, continua a viver junto à Universidade do Minho, a deslocar-se de bicicleta para a AKI e a gastar pouco mais de 150 euros mensais com a casa. Acha que esta história é ficção ou é realidade? Decida.

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