Parece-me excessivo - porque caso contrário o primeiro-ministro teria que ser imediatamente demitido, investigado e julgado - que José Sócrates, pelo simples facto de ter falado ao telefone com quem ele designa de "amigo de longa data", Armando Vara, tenha necessariamente que estar envolvido num processo de alegada corrupção sob investigação judicial. Mas uma coisa é essa percepção, assente em perspectivas de avaliação que podem muito bem estar erradas, outra coisa é destruir gravações que pelos vistos estavam relacionadas com a investigação a Armando Vara e não de Sócrates, que a ela nunca esteve sujeito. Mas facilmente as pessoas chegam à conclusão de que para o primeiro-ministro, perante a especulação gerada e a forma desastrosa como alguns "penduras" do governo (leia-se ministros) se envolveram no assunto, com um desfilar de asneiradas, é essencial que o assunto fosse esclarecido e que o teor dessas conversas, caso não abordem nada de especial, fosse divulgado pelas autoridades judiciais. Repito, a forma desastrosa como o PS, o governo e o próprio Sócrates têm gerido, inesperadamente mal, este processo, em meu entender, apenas tem servido para alimentar a suspeição e a dúvida sobre o teor das tais conversas entre os dois amigos. É o que me parece.
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