domingo, novembro 15, 2009

Dengue: Cabo Verde deve ser um sinal de alerta para a Madeira

Escreve a jornalista Marta Reis do Jornal I que "chama-se Aedes aegypti e está instalado na Madeira. O mosquito responsável por fazer circular o vírus da dengue está em expansão na ilha (só foi detectado na zona do Funchal e arredores), depois de ter sido detectado pela primeira vez em 2005. Perante a primeira epidemia da doença em Cabo Verde, que nos últimos três anos teve alertas sucessivos para o aumento da densidade de mosquitos, os especialistas pensam que o agravamento da situação deve ser um sinal de alerta para Portugal. A autoridade regional de saúde garante estar a acompanhar a situação. "A situação de Cabo Verde é diferente, até pela proximidade com o continente africano e pela organização social", diz ao i Maurício Melim, do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM. O facto de haver pouca proximidade entre a Madeira e o país africano também diminui o risco de haver um surto na região: "Não temos muita proveniência, nem voos directos", adianta o director regional de Saúde Pública. Se se conjugarem variáveis, pode desencadear-se a doença, diz ao i Paulo Gouveia de Almeida, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa. A deslocação de uma pessoa infectada, mesmo com sintomas ligeiros - mas no período de viremia activa - pode infectar os mosquitos que transmitem a doença da dengue e iniciar a cadeia de transmissão. "A partir do momento em que existam mosquitos infectados, a progressão é geométrica se os mosquitos não forem controlados." Os investigadores do Instituto de Higiene e Medicina Tropical fizeram rastreios em 1977 e 2006 em Cabo Verde, onde foi detectada a presença do mosquito, e até Outubro não havia registo da doença. A expansão de mosquitos na Madeira deve servir de exemplo às autoridades portuguesas. Controlo Há registos de actividade do Aedes aegypti no Funchal e arredores, mas a Autoridade Regional de Saúde não vê motivo para preocupação, apesar de referir que "o risco não deva ser descurado". Segundo o IP-RAM, este ano a densidade de mosquitos foi inferior à dos últimos registos. Contudo, factores como o aumento de temperatura global, que provoca uma deslocação de mosquitos transmissores das doenças tropicais do hemisfério sul para norte, e a própria reprodução de mosquitos, podem agravar o problema. "Temos um sistema de vigilância para perceber como os mosquitos se expandem; fazemos a monitorização com armadilhas e destruímos criadouros com químicos recomendados", explica Maurício Melim. A principal chave do combate é a prevenção. "As pessoas têm tomado paulatinamente consciência, mas é difícil mudar comportamentos", reconhece o responsável. Em causa estão medidas de protecção que passam pela redução das fontes de mosquitos, despejando recipientes com água ou cobrindo reservatórios para consumo doméstico”.

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