sábado, agosto 30, 2008

Aviação: "Poupar em tudo menos na segurança"

Num trabalho do jornalista Alexandre Coutinho e com Infografia de Jaime Figueiredo, intitulado "Poupar em tudo menos na segurança", o Expresso publica hoje um interessante trabalho sobre a segurança aérea, que recomenda pela actualidade: "Os trabalhadores da área de manutenção e engenharia da TAP garantem nunca terem sofrido pressões da companhia para colocar aviões no ar, não subscrevendo as acusações formuladas por alguns sindicatos espanhóis, no rescaldo do acidente com um avião da Spanair, em Madrid. Segundo fontes da Iberia citadas pelo jornal ‘El Mundo’, “a manutenção dos aviões reduziu-se de uma forma preocupante. O avião tem de sair, aconteça o que acontecer. A única coisa que conta é a pontualidade e o enchimento dos aviões. Não se limpa, não se fazem revisões e saem com avarias menores, como portas de emergência que não abrem. Tudo se resolve com adesivo e silicone”.
“Podemos estar tranquilos. Os critérios são rigorosíssimos na TAP e se um avião tiver de se atrasar na manutenção, atrasa, e só é entregue ao cliente depois de efectuadas todas as inspecções”, afirma José Simão, dirigente do Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos). “A TAP tem-se pautado, desde sempre, por uma ordem rígida de princípios: segurança, regularidade e pontualidade”, acrescenta o mesmo sindicalista. O cenário é de crise e o sector da aviação está cada vez mais competitivo, levando as companhias aéreas a reduções drásticas nos seus custos operacionais, mas a actividade de manutenção mantém-se imune aos cortes. “Há 30 anos que estou ligado à manutenção e em nenhuma circunstância as contenções de custos se reflectiram nas operações de manutenção dos aviões”, afirma categoricamente Jorge Sobral, vice-presidente da transportadora aérea nacional e responsável pela unidade de negócio de Manutenção e Engenharia. Esta unidade de negócio da TAP é uma organização de manutenção aprovada pelas Joint Aviation Authorities europeias e uma «repair station» certificada pela Federal Aviation Administration norte-americana, o que lhe permite dar assistência aos aviões de clientes como a FedEx. A empresa detém, também, uma aprovação de qualidade ISO 9001 e certificações por autoridades aeronáuticas de diversos países, nomeadamente do INAC (Instituto Nacional de Aviação Civil), que efectua inspecções periódicas à TAP, no mínimo, uma vez por ano. “Todas as organizações de manutenção e de controlo de manutenção portuguesas têm de cumprir o Regulamento CE 2042/2003, de 20 de Novembro. A TAP tem uma área de controlo de qualidade que é, também, auditada pelo INAC”, revela uma fonte da autoridade aeronáutica nacional.

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«Low costs» iguais às outras na manutenção

O modelo de gestão das principais companhias de baixo custo («low cost») não foi criado à custa de cortes nos orçamentos de manutenção. Os aviões da Southwest (pioneira deste novo conceito de aviação nos Estados Unidos), da Ryanair ou da Easyjet têm de obedecer rigorosamente às mesmas certificações de operação que os aparelhos das transportadoras aéreas convencionais. A diferença está na subcontratação dos serviços de manutenção a empresas especializadas, como a TAP Manutenção e Engenharia que, além dos aviões da própria TAP, conta com a Air France, a Lufthansa, a Federal Express e as portuguesas SATA, White e Euroatlantic, na sua carteira de clientes. Em Portugal, as companhias «low cost» Easyjet, Air Berlin e SN Brussels confiam a sua manutenção de trânsito ao grupo LAS (Louro Aeronaves e Serviços). “Esta inspecção de trânsito, na rotação de uma aeronave, é fundamentalmente visual. O técnico segue uma «checklist» com os itens a verificar e leva cerca de 15 minutos a ser realizada”, explica Eduardo Borges, director de qualidade da LAS. “Numa inspecção de trânsito dá-se particular atenção às superfícies móveis da aeronave, área dos motores e trem de aterragem. Temos uma lista MEL («Minimum Equipment List»), que indica todos os sistemas que são críticos numa aeronave. Os sistemas críticos encontram-se integrados de forma a assegurar redundância (duplicados ou triplicados). O sistema MEL permite ou não a operação da aeronave”, sublinha. “Após efectuar a sua acção de manutenção, o técnico faz o que nós chamamos de «release» da aeronave. Significa que está apta para o voo. Se o técnico não efectuar o «release» da aeronave a mesma legalmente não pode voar”, acrescenta Eduardo Borges".

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