quarta-feira, agosto 29, 2007

Relatório: Armas no mundo

Três quartos das armas de fogo em todo o mundo estão na posse de civis, revela um relatório do Instituto Universitário de Altos Estudos Internacionais (IUHEI) de Genebra, que salienta a relação entre a urbanização galopante e a violência armada.Dos 875 milhões de armas em circulação no mundo, 650 milhões (75 por cento) estão nas mãos de civis, revelam os responsáveis pelo estudo. Com 270 milhões de armas, os Estados Unidos estão no topo da lista, seguidos da Índia (46 milhões de armas), China (40 milhões), Alemanha (25 milhões) e França (19 milhões). Os Estados Unidos têm também a maior concentração de armas em relação à sua população, com 90 armas por cada cem pessoas. A seguir surgem o Iémen, a Finlândia e a Suíça. Deixo-lhe seguidamente vários textos sobre este assunto (textos em brasileiro):

O estudo Small Arms Survey 2007: a cidade e as armas traz dados novos e atualizados sobre a produção, os estoques, as transferências e as resoluções de armas pequenas, e coloca um foco especial sobre o controle das transferências de armas. À luz da declaração de que mais da metade da população mundial mora nas cidades, a edição deste ano explora a complexa questão da violência urbana analisando os casos do Burundi e do Brasil e traz um ensaio do premiado fotógrafo Lucian Read, especialista em conflitos. Esta edição traz também as informações obtidas a partir do rastreamento de munição desviada no norte de Uganda e no Rio de Janeiro, a relação existente entre o preço das armas e a probabilidade da ocorrência de conflitos, e o papel das armas pequenas na situação de pós-conflito no sul do Sudão. O Small Arms Survey é publicado anualmente por uma equipe de pesquisadores baseados em Genebra, na Suíça, junto com uma rede global de pesquisadores. Desenvolvedores de políticas, doplomatas e organizações não governamentais têm sido fontes de vital importância para a identificação de questões relacionadas às armas pequenas, bem como estratégias de redução da violência. Aqui.
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A urbanização descontrolada e em larga escala está com freqüência acompanhada da diminuição nos níveis de segurança pública e parece estar associada com o aumento dos índices de violência armada, conclui a edição de 2007 do Small Arms Survey. O tráfi co de drogas, a disponibilidade de armas de fogo, os lucros com atividades criminosas, o deslocamento social e a impessoalidade das grandes cidades contribuem para a violência armada. A falta de oportunidades de emprego e de recursos em algumas cidades são fatores capazes de despertar confl itos urbanos, do Brasil e Guatemala à África do Sul e Índia. “A maior parte da população mundial vive hoje nas cidades, que apresentam grandes desafi os para o combate à violência armada”, afi rmou Keith Krause, diretor de programas do Small Arms Survey, baseado em Genebra, na Suíça. “A urbanização costumava estar associada à industrialização e ao crescimento econômico, mas essa ligação foi rompida. O alastramento urbano leva 25 milhões de pessoas todos os anos a se unirem aos cerca de um bilhão de moradores das favelas – com freqüência locais de violência e coerção –, enquanto os mais ricos se recolhem em condomínios fechados”, disse Krause. Aqui.
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O Brasil, um país com praticamente nenhum registro de conflitos violentos em sua história, se destaca hoje pelos seus altos índices de violência armada. A vitimização pelas armas de fogo aumentou consideravelmente entre 1970 e 2004, quando foram divulgados os primeiros sinais de queda. O índice de mortes por armas de fogo aumentou de sete para 21 mortes por 100 mil habitantes no período que vai de 1982 a 2002. O noticiário cobriu a escalada da violência armada no país exaustivamente, mas de forma simplista. As notícias têm o foco voltado para ataques violentos e espetaculares perpetrados por organizações criminosas nas principais cidades brasileiras, mas fecha os olhos para os efeitos letais da violência rotineira e comum das armas de fogo, um fenômeno tão rural quanto urbano no país. Aqui.
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A violência armada urbana nos força a repensar nossa geografia mental do Estado, sociedade e governo – incluindo os fatores que levam a esta violência e à proliferação e mau uso das armas pequenas e leves. As edições anteriores do Small Arms Survey tiveram seu foco voltado para o papel da armas nos conflitos e nos crimes, bem como seu impacto no desenvolvimento e na atividade humanitária. O tema deste capítulo – As armas na cidade – se concentra nas características específicas da violência armada urbana e da insegurança, introduzindo novas evidências vindas de diversos centros urbanos na América Latina e Caribe, América do Norte, Europa, África e sul e oeste da Ásia. A maior parte da população mundial vive hoje nas cidades. Mais de um bilhão desses habitantes urbanos moram em favelas e guetos. O crescimento populacional tende a se concentrar nas áreas urbanas: o ritmo e a escala de urbanização serão especialmente dramáticos na África, na América Latina e no sul e oeste da Ásia. Consequentemente, as cidades estão se tornando rapidamente o ponto focal de políticas de prevenção e programas de redução da violência. O Small Arms Survey está se unindo e fazendo coro com governos e agências internacionais – como o Habitat da ONU e o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento ao analisar a violência urbana e propor formas de fazer das cidades um local mais seguro. Aqui.

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