domingo, março 20, 2022

Sondagem: Portugueses confiam mais na União Europeia e na NATO do que nas Forças Armadas



Marcelo (74%) e Costa (73%) com taxas de aprovação elevadas na gestão da guerra. Investimento público na Saúde é prioritário para 69%. Defesa só convence 30%. Em tempo de guerra na Europa, os portugueses depositam maior confiança na União Europeia (65%) e na NATO (63%) do que nas suas próprias Forças Armadas (57%), de acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. E estão satisfeitos com a atuação do presidente da República (74%) e do primeiro-ministro (73%) em relação ao conflito. Ainda a guerra não tinha começado e já o Governo português se mostrava alinhado com a União Europeia e a NATO. Iniciada a invasão, essa união entre os diferentes estados ficou ainda mais fortalecida. Na condenação e na imposição de sanções aos russos, mas também na recusa de envolvimento militar no terreno. E os portugueses estão, por sua vez, alinhados, de forma massiva, com o rumo do Governo: 82% concordam (53% sem sombra de dúvida).

Isso explicará, pelo menos em parte, que avaliem de forma tão positiva, quer Marcelo Rebelo de Sousa, quer António Costa, quando se pergunta pelo seu papel na guerra entre a Rússia e a Ucrânia: três quartos dos inquiridos concordam com o que têm dito e feito e, também em ambos os casos, a maior satisfação percebe-se entre os portugueses com 65 ou mais anos (oito em cada dez aprovam o presidente e o chefe do Governo).



Ameaça global

Numa guerra que se apresenta como uma ameaça global e, em particular, à estabilidade da Europa, os portugueses valorizam a pertença a instituições políticas e militares internacionais.

Destaca-se a União Europeia, que tem estado na vanguarda da reação política e económica comum, impondo sucessivas vagas de sanções aos agressores russos. Dois terços dos inquiridos dizem ter grande confiança na UE (65%), uns escassos 9% apontam para uma imagem negativa.

Quase o mesmo resultado no que diz respeito à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN), a organização militar que junta os EUA e a maioria dos países europeus: 63% têm grande confiança no seu papel de defesa coletiva, com apenas 9% a darem conta da sua desconfiança.

Um resultado que contrasta com o grau de confiança nas Forças Armadas portuguesas. O resultado é positivo (57%), mas fica, ainda assim, alguns pontos abaixo de quem tem maior poder de fogo, em sentido literal ou figurado. Também a percentagem dos que apresentam mais desconfiança é um pouco mais elevada: 13%.

Primeiro a saúde

Aos portugueses foi, também, perguntado sobre quais devem ser as prioridades de investimento público, agora que se volta a falar na necessidade de apostar na Defesa. Recorde-se que há um objetivo de chegar aos 2% do PIB (Produto Interno Bruto) e que Portugal terá gasto "apenas" 1,54% no ano passado (cerca de 2222 milhões de euros).

Já depois do início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o atual ministro da Defesa defendeu ajustamentos ao Orçamento do Estado para este ano (relativamente ao que chegou a estar previsto, antes de ser chumbado) e um reforço para 2023, lembrando que o objetivo já era chegar aos 1,68% do PIB em 2024. A progressão é contida e isso parece ir de encontro às expectativas dos portugueses, que colocam o investimento público em Defesa (30%) no quinto lugar, bem atrás da Saúde (69%), Energias Renováveis (50%) e Educação (44%) e quase a par da Justiça (31%).

Dois terços discordam de voto do PCP sobre a guerra

As posições do PCP sobre a invasão da Rússia à Ucrânia têm provocado polémica. E dois terços dos portugueses (67%) manifestam uma discordância parcial (13%) ou total (54%) com essas posições. Recorde-se que os comunistas começaram por recusar a condenação expressa do conflito na Assembleia da República. Depois, no Parlamento Europeu, fizeram parte de um grupo minoritário de 13 eurodeputados que votaram contra uma resolução de condenação à Rússia (637 votos a favor e 26 abstenções). E foram os únicos portugueses a fazê-lo. O eurodeputado João Pimenta Lopes explicaria, depois, que o voto foi contra, porque, no enquadramento da resolução, se apelava ao aprofundamento das sanções, à militarização da EU e à mobilização das forças da NATO. Mas, há uma maioria clara de inquiridos que discorda do PCP, há pelo menos 15% que concordam, mesmo que só parcialmente (bastante mais do que o valor eleitoral do partido nas últimas eleições, onde conseguiu 4,4% dos votos, o seu pior resultado de sempre). E vale a pena notar ainda que há 12% que não concordam nem discordam.

Números

75%

As mulheres distanciam-se dos homens no que diz respeito à prioridade do investimento público na Saúde (mais 12 pontos do que eles), mas também na Educação (48%, mais nove pontos do que os homens).

57%

Os homens dão maior importância ao investimento público nas energias renováveis do que as mulheres (mais nove pontos do que elas) e igualmente na prioridade às novas tecnologias (33%, mais 15 pontos do que elas) (Jornal de Notícias. texto do jornalista Rafael Barbosa)

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