domingo, março 22, 2020

Emigrantes de volta a Portugal estão a furar quarentena

O presidente da Câmara de Bragança adverte que os emigrantes que estão a regressar para se juntarem às suas famílias não estão a cumprir a quarentena de confinamento em casa, determinada pela Autoridade Regional de Saúde a partir de quinta-feira. “Chegam às aldeias, andam na rua e cumprimentam a população toda”, afirma Hernâni Dias. O autarca decidiu, por isso, proceder a “avisos sonoros” nas zonas rurais do município, onde residem muitos idosos vulneráveis. Para evitar cadeias de contágio de covid-19 sem controlo, a autarquia já fechou com barreiras físicas, “que pesam toneladas”, as vias municipais de ligação a Espanha, mantendo-se apenas aberto o posto de passagem de Quintanilha, um dos nove Centros de Cooperação Policial e Aduaneira autorizadas pelo Governo, após o encerramento das fronteiras terrestres.
A ligação ao país vizinho é feita pela A4 e antiga Estrada Nacional, após paragem obrigatória no antigo posto fronteiriço, controlado do lado de cá pelo SEF e GNR. Hernâni Dias diz que os camiões de carga estavam a circular livremente até quinta-feira, tendo pedido ao comando da GNR a fiscalização “de alguns, já que não se sabe o que vai lá dentro”. As viaturas ligeiras são sujeitas a identificação, tendo autorização de entrada emigrantes, vindos sobretudo de Espanha, França e Bélgica, com residência em Portugal.
O presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil de Bragança também já pediu o recurso ao Exército para reforçar a fiscalização na fronteira. À Lusa, Francisco Guimarães apelou a que se faça despistagem de quem chega a Quintanilha, dado estarem “a receber gente de todo o lado”. Na passagem Valença-Tui, outra das autorizadas, a livre circulação também está reservada a transporte de mercadorias. Quem entra em carros particulares tem de apresentar comprovativo escrito de residência. No município de Chaves, o autarca Nuno Vaz também colocou trancas à porta, vedando oito acessos secundários fronteiriços com estruturas de betão. A circulação é apenas autorizada através do posto de Vila Verde de Raia, sob vigilância das forças policiais.
Fintar a polícia
Fontes do SEF revelam ao Expresso que nos últimos dias tem chegado às nove zonas fronteiriças “um número elevado” de emigrantes sobretudo provenientes de França, mas também imigrantes que há alguns anos se tinham legalizado em Portugal e que já não se encontravam por cá. “Estes imigrantes estavam a trabalhar noutros países da Europa e com medo de serem infetados decidiram voltar para o nosso país”, conta um operacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
As autoridades suspeitam que alguns terão mostrado contratos de trabalho falsificados para justificarem o regresso. Mas não houve maneira de comprovar em tempo útil que os documentos eram fraudulentos. “Nenhum deles foi impedido de entrar, pois reúnem todas as condições de entrada”, justifica a mesma fonte. Também houve casos de turistas a tentar fintar a GNR e o SEF. Foi o caso de um alemão barrado na fronteira de Vilar Formoso. Inconformado com o bloqueio de que foi alvo, resolveu entrar numa fronteira que se encontrava encerrada. Só que acabou por ser apanhado (Isabel Paulo e Hugo Franco, Expresso)

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