O União tem razão nos seus protestos. Já todos perceberam isso.
E portanto, se tem razão, tem que ir até ao fim do mundo defender os seus
direitos e a sua razão, doa a quem doer. O problema é que o futebol e a
política nos passam rasteiras. Neste caso é sabido que nem o facto de este
processo envolver Académico de Viseu e Sporting B (que entretanto decidiu
acabar com a sua equipa B pelo que ficou de fora de tudo) poderá ajudar essa
treta da chamada verdade desportiva quando valores mais altos e mais estranhos
se levantam.
Dizia-me ontem pessoa amiga - clubisticamente nada neutral mas
séria e amiga - que o União tinha dois problemas contra si, suficientemente
fortes para condicionarem ou manipularem qualquer decisão final sobre este
processo apesar das decisões contraditórias já conhecidas.
Segundo ele o primeiro grande obstáculo teve a ver com a subida
do Nacional - e ainda bem - à I Liga que deu à Madeira uma representação
reforçada, já que antes tinha apenas o Marítimo, mas que poderá ter enterrado o
União.
Isso, segundo esse meu amigo e conhecedor destes meandros,
poderia retirar espaço de manobra ao União na sua "guerra" pela
verdade desportiva a partir do momento em que o Santa Clara dos Açores cometeu
diversas ilegalidades, já comprovadas, mas que estão a ser rapidamente raladas
na Liga e noutros organismos, segundo parece.
O segundo aspecto, de acordo com esse meu amigo, não menos
importante tem a ver com a política versus futebol. Diz ele que depois da
Madeira ter duas equipas na I Liga dificilmente haverá quem - com o PS no poder
em Lisboa e Carlos César a “mandar” em São Bento - se meta com os Açores.
Lembram-se daquela célebre frase de Sócrates proferida há uns anos - "quem
se mete com o PS leva" – mas que parece ter todo o cabimento neste caso? Ou
seja, o problema reside em saber se haverá, mesmo que a verdade desportiva saia
manchada, a ousadia, diria antes a coragem e a dignidade, de beneficiarem a
legalidade e a verdade desportiva em detrimento da ilegalidade, da falsidade e
da manipulação e compadrio no futebol, o que não é de novidade, diga-se em
abono da verdade. Privar os Açores de uma equipa na I Liga, depois de anos de
ausência, será plausível?
De facto, reconheço que a conjugação destes dois factos atrás
descritos, a que se junta outro não menos importante, o de sabermos se Viseu
tem a força suficiente, desportiva e política, para lutar pelos seus direitos -
já que seria o Académico a subir de divisão em detrimento dos açorianos - serão
determinantes para o desfecho de um caso que poderá transformar-se num
escândalo, mais um, de ilegalidades...legalizadas porque o lobbismo
desportivo-político e outros interesses mais altos, entretanto falaram mais
alto que a teimosia e a razão de uma equipa insular despromovida ao Campeonato
de Portugal - antiga III Divisão - e uma cidade (Viseu) que é a capital de uma
região do interior e que durante décadas foi chamada de "cavaquistão"
por razões facilmente perceptíveis...
Sublinhe-se que em consequência deste processo o União já foi
prejudicado pois perdeu o patrocínio do museu CR7 -nas suas camisolas com tudo
o que isso implicava - algo que provavelmente o Nacional se prepara para tentar
chamar a si, e bem (LFM)
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