segunda-feira, novembro 24, 2014

Os advogados-comentadores das televisões

Há uma coisa que me faz uma confusão. Porque razão as televisões, nos espaços de informação e/ou de opinião, sempre que abordam questões relacionadas com a justiça e, mais em concreto, casos como este que envolve Sócrates, ou que envolveu o caso dos vistos gold, ou o escândalo da roubalheira no BES, apenas são convidados a comentar os temas alguns jornalistas mas muitos advogados.
É sabido que, com o devido respeito por eles, os advogados que exercem actividade profissional e que têm por isso um contacto regular com a estrutura de Justiça em Lisboa, nunca serão suficientemente isentos para abordar temas mais polémicos ainda por cima se eles estiverem em segredo de justiça. Não passam de banalidades, diria mesmo de vulgaridade que em nada esclarecem o assunto perante as dúvidas dos espectadores.
Será que alguém acredita que um respeitável advogado, mais ou menos conhecido - e muitos deles têm beneficiado, até em termos profissionais, do mediatismo que a comunicação social tem propiciado a alguns deles, ao longo dos anos, levando-os repetidamente, só a alguns deles, a passarem com regularidade pelos écrans televisivos - que lida com os tribunais em Lisboa, no âmbito da sua actividade profissional, alguma vez ousará, repito, ousará, criticar as decisões do Ministério Público, sejam elas quais forem  e caso sejam criticáveis? Alguma vez os esses advogados-comentadores se pronunciarão contra o mediatismo que parece rodear a justiça e que, pior do que isso, parece ser tão do agrado de alguns magistrados, muitas vezes deixando a dúvida sobre se pretendem abafar os políticos ou disputar o protagonismo mediático por exemplo com o Tribunal Constitucional? Por que razão as televisões não passam a recorrer aos jornalistas, sobretudo aos imensos licenciados em direito que existem nas redacções, para abordarem as banalidades que os advogados-comentadores tantas vezes abordam, sem trazerem rigorosamente nada de novo devido ao calculismo que compeensivelmente condiciona a emissão de opinião? Uma coisa é recorrer à colaboração desses advogados-comentadores, outra é recorrer a eles em situações mais complexas e sobre casos mais complicados e polémicos, como é o caso presente (Sócrates)