Os quatro maiores bancos – BCP, BPI, Caixa Geral de
Depósitos e Santander Totta – só no ano passado lucraram juntos mais de 1,9 mil
milhões de euros. Dividindo o valor total pelos 365 dias por ano chega-se à
conclusão de que, em média, as quatro instituições financeiras lucraram mais de
5,2 milhões de euros por dia. Estes resultados mantém a trajetória que já tinha
sido alcançada em 2018, altura em que os lucros rondaram os 1,7 mil milhões de
euros e bem longe do cenário de 2017, cujos lucros tinham-se fixado em apenas
684,5 milhões de euros, no total do ano. Com a exceção do BPI, que viu os seus
resultados a cair, todos os outros falam de melhor resultados dos últimos anos.
O campeão dos resultados foi a Caixa
Geral de Depósitos (CGD) ao apresentar um lucro de 776 milhões de euros, no ano
passado. Este valor representa um aumento de 280 milhões de euros face a 2018.
Trata-se do melhor resultado em 12 anos, altura em que a instituição financeira
atingiu um resultado líquido de 856 milhões de euros. No entanto, o banco
liderado por Paulo Macedo lembra que «o resultado extraordinário de 144 milhões
de euros está relacionado com o processo de venda das subsidiárias internacionais
sendo, maioritariamente, decorrente da reversão de imparidades constituídas em
2017». Em causa estão as vendas do Banco Caixa Geral (Espanha) e do Mercantile
(África do Sul).
Há mais dois processos em curso: no Brasil, cujo vencedor
entre o Banco Luso-Brasileiro, do grupo Amorim, o Banco ABC Brasil e o fundo
Artesia será conhecido até final de fevereiro; e em Cabo Verde, nomeadamente o
Banco Comercial do Atlântico. O impacto destas vendas só deverá ter reflexos
nas contas de 2020. A atividade em Portugal foi a que mais contribuiu para
este resultado ao apresentar um lucro de 449 milhões de euros, o que
representou uma subida de 108 milhões de euros (+48%) face a 2018, enquanto os
restantes 183 milhões de euros dizem respeito à atividade internacional (+19%).
A carteira de crédito a clientes
totalizou 47.974 milhões de euros em termos líquidos, o que correspondeu a uma
redução de 6,2% face ao final de 2018. Relativamente à nova produção de
crédito, merece particular destaque o aumento na produção de crédito à
habitação em Portugal que no final de 2019 totalizou 2.073 milhões de euros,
mais 514 milhões de euros que em dezembro de 2018, (+33%).
Mais de 500 milhões
Logo a seguir surgiu o Santander Totta ao registar
lucros de 527,3 milhões de euros em 2019. Este valor representa um aumento de
5,5% face aos 500 milhões de euros registados no ano passado. «Terminámos o
exercício de 2019 com o melhor resultado de sempre gerado em Portugal. Este
crescimento é fruto da estratégia definida de sermos o melhor banco a atuar no
país», disse a instituição financeira liderada por Pedro Castro e Almeida. Os recursos de clientes totalizaram 42,5 mil
milhões de euros, representando um crescimento de 6,1% face ao mesmo período do
ano passado, decorrendo dos acréscimos de 5,2% em depósitos e de 10,6% em
recursos fora de balanço. Já em termos de crédito a clientes, ascendeu a 40 mil
milhões de euros em 2019, uma redução de 1% face a 2018, uma mudança que o
banco atribui à «gestão das carteiras não produtivas», já que «excluindo este
efeito, a carteira de crédito teria ficado praticamente inalterada». A margem
financeira totalizou 855,8 milhões de euros, o que representa uma redução de
1,2% em termos homólogos, «refletindo o atual contexto económico e competitivo,
caracterizado por uma elevada pressão concorrencial sobre os preços num quadro
de baixas taxas de juro e de procura moderada de crédito». Mais de 300 milhões
O BCP
apresentou lucros de 302 milhões de euros em 2019, «impulsionado pela expansão
dos proveitos core em 6,9% e pela redução das imparidades e provisões em 9,9%
face ao ano anterior», revelou a instituição financeira liderada por Miguel
Maya. Trata-se dos melhores resultados desde 2007. O resultado inclui o impacto
negativo de 66,4 milhões de euros considerados itens específicos, referentes a
custos de reestruturação e compensação pelo ajuste temporário dos salários
reconhecidos na atividade em Portugal e os custos suportados com a aquisição,
fusão e integração do Euro Bank S.A., reconhecidos pela subsidiária polaca. No
entanto, o banco lembra que, em 2018, o impacto, também negativo, dos itens
específicos, totalizou 29,4 milhões de euros, referentes a custos de
reestruturação e ao projeto de transformação digital em curso, ambos na
atividade em Portugal. Na atividade em Portugal, o resultado líquido de 2019
alcançou os 144,8 milhões de euros, evidenciando um crescimento de 25,4% face
aos 115,5 milhões de euros apurados em 2018, fortemente influenciado pela diminuição
significativa das necessidades de provisionamento, sobretudo do crédito,
beneficiando também, embora de forma menos expressiva, do aumento dos
resultados em operações financeiras. Esta evolução favorável do resultado
líquido da atividade em Portugal foi atenuada pelo acréscimo dos custos
operacionais e pelo impacto fiscal associado essencialmente ao cenário de taxas
de juro.
Na atividade internacional, o resultado líquido
totalizou 143,8 milhões de euros em 2019. «Excluindo os itens específicos, relacionados
com os custos suportados com a aquisição, fusão e integração do Euro Bank S.A.
anteriormente referidos, o resultado core da atividade internacional cresceu
15,3%, de 443,1 milhões de euros em 2018 para 510,8 milhões de euros em 2019,
beneficiando de uma evolução muito positiva dos proveitos core, em especial da
margem financeira, que superou em larga medida o aumento verificado nos custos
operacionais», acrescentando que «o desempenho da atividade internacional, em
2019, foi determinado pelo menor contributo da operação polaca, condicionado
pelo impacto resultante dos custos associados à integração do Euro Bank S.A».
Contraciclo
A contrariar esta tendência está o BPI ao registar um
lucro de 328 milhões em 2019, uma quebra de 33% face ao lucro de 490,6 milhões
de euros obtido em 2018. No entanto, a atividade em Portugal gerou um resultado
de 231 milhões de euros, o que representou uma subida de 13 milhões de euros
«suportado pela melhoria no produto bancário comercial e pelo impacto positivo
da nova produção de crédito habitação e para empresas», explicou a instituição
financeira liderada por Pablo Forero, lembrando que, no ano passado, foram
vendidos 221 milhões de euros de créditos não produtivos e ativos imobiliários
no 4º trimestre, com um impacto positivo de 24 milhões de euros no resultado
antes de impostos. O contributo do Banco Fomento Angola – detido em 48,1% pelo
BPI e controlado maioritariamente pela Unitel – para o lucro consolidado de
2019 ascendeu a 78,9 milhões de euros, enquanto o BCI, em Moçambique,
contribuiu com 18,7 milhões de euros. Os
depósitos de clientes que aumentam 1.599 milhões de euros (+7,6% face a
dezembro de 2018) e os seguros de capitalização registaram um crescimento de
10,8%. Já a carteira de crédito total aumenta 1033 milhões de euros, atingindo
uma quota de mercado de 10,2% em outubro de 2019. Por seu lado, a carteira de
crédito a empresas cresce 433 milhões de euros no ano, enquanto a produção de
crédito hipotecário registou um aumento de 13% para 1 453 milhões de euros em
2019 (Sol)
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