Finanças da Madeira perdem dinheiro com o apoio ao futebol? As contas
dos maiores clubes mostram que o Governo Regional consegue lucrar.
A
dimensão dos apoios financeiros atribuídos ao futebol profissional na Madeira
são muitas vezes questionados, com a alegação de que os recursos financeiros
poderiam ser canalizados para outras prioridades sociais. Mas há também quem
sustente que qualquer decisão mais radical seria prejudicial para a Madeira, já
que, segundo o argumentário apresentado por quem assim se posiciona, os cofres
regionais acabariam por perder várias centenas de milhar de euros.
A
verdade é que esta discussão perdura no tempo sem que haja quem apresente, pelo
menos até hoje, dados oficiais convincentes suscetíveis de darem razão a
qualquer um dos lados em confronto.
Os
próprios clubes que, fruto de rivalidades históricas e enraizadas, não têm uma
grande relação institucional entre eles, unem-se em torno do tema, porque há a
consciência generalizada de que sem esse apoio oficial do Governo Regional
dificilmente o futebol madeirense teria condições para continuar ao mais alto
nível competitivo nacional.
Durante
anos, uma das justificações dadas para o apoio financeiro aos clubes tinha
também a ver com a dúvida sobre se essa opção renderia mais-valias eleitorais,
teoria que ao longo dos anos se foi esbatendo, já que várias medidas tomadas,
nomeadamente de redução dos montantes atribuídos ao futebol profissional, pouco
ou nenhum impacto tiveram em termos políticos e eleitorais.
Ao
apresentar recentemente os resultados do exercício da época desportiva
2015/2016, a SAD do Marítimo confirmou um resultado líquido positivo de 5,7
milhões de euros. Explica o clube que pagou ao erário público, naquele
exercício, 4,6 milhões de euros em impostos variados, tendo a região celebrado
com o clube um contrato-programa com um apoio financeiro de 1,6 milhões de
euros para toda a época.
Nuno
Teixeira, dirigente maritimista, realçou o facto de a Madeira ter lucrado três
milhões de euros com o Marítimo.
O
apoio financeiro aos clubes de futebol da Madeira foi instituído há cerca de
três décadas, pelo governo de Alberto João Jardim – conhecido adepto do futebol
e do Marítimo – que justificou a opção pelo facto dos clubes serem instituições
de utilidade pública, por promoverem a Madeira no exterior e constituírem, em
termos sociais, uma alternativa para a juventude madeirense, fomentando a
prática desportiva e impedindo deste modo que os jovens optem por outros
caminhos socialmente problemáticos.
Nos
indicadores facultados ao Económico Madeira, o Marítimo mostra que a Madeira
lucra com o apoio ao futebol profissional. Por exemplo, na época 2013/2014 o
clube recebeu 2 milhões de euros em subsídios oficiais mas pagou 2,4 milhões de
euros em impostos. Na época seguinte, foram atribuídos 1,995 milhões de euros
em subsídios e o clube pagou 2,5 milhões de euros em impostos. Na época
2015/2016, a SAD do Marítimo pagou quase 4,7 milhões de euros em impostos
diversos, tendo recebido apoio oficial de 1,6 milhões de euros.
Já
o Nacional refere que o futebol profissional do clube “dá 1 milhão de euros de
lucro ao Governo Regional”. De acordo com a informação oficial do clube
madeirense, estas “são contas que deviam merecer mais atenção, da opinião
pública, mas não só”. Refere que “entre 1 Janeiro de 2014 e 30 de Junho de 2016
o Nacional Futebol SAD pagou, em impostos 5.167496,63 euros, assim
distribuídos: IRC – 106.026,63 euros, IRS – 3.325.408,89 euros, IVA –
662.672,57 euros e Segurança Social – 1.073.388,64 euros”.
“Atendendo
a que durante esse período o contrato programa de desenvolvimento desportivo
assinado com o Governo Regional permitiu ao Nacional receber cerca de 4,1
milhões de euros, facilmente se constata que o lucro (sim LUCRO) do Governo
Regional com o Nacional Futebol SAD foi de cerca a 1 milhão de euros”.
“De
todas as atividades subsidiadas, apoiadas e promovidas pelo Governo Regional,
haverá mais alguma a gerar tanto lucro?”, questiona o Nacional.
No
caso do União, as contas indicam que na época 2015/2016 – em que foi
despromovido ao segundo escalão – recebeu em apoios financeiros oficiais um
total de 1,186 milhões de euros, tendo pago 1,786 milhões de euros (valores
reportados ao período entre Julho de 2015 e Junho de 2016, correspondente a uma
época desportiva), propiciando deste modo aos cofres da Região cerca de 600 mil
euros de lucro.
A
direção do União revelou ao Económico Madeira que entre os impostos pagos
naquela época desportiva o IRS e o IVA, com valores quase semelhantes, próximos
dos 740 mil euros, foram os mais significativos, seguidos da Segurança Social
com mais de 320 mil euros (Económico Madeira)
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