domingo, janeiro 29, 2017

Numa análise muito simplista: Clubes madeirenses dão 4,6 milhões de euros às Finanças

Finanças da Madeira perdem dinheiro com o apoio ao futebol? As contas dos maiores clubes mostram que o Governo Regional consegue lucrar.

A dimensão dos apoios financeiros atribuídos ao futebol profissional na Madeira são muitas vezes questionados, com a alegação de que os recursos financeiros poderiam ser canalizados para outras prioridades sociais. Mas há também quem sustente que qualquer decisão mais radical seria prejudicial para a Madeira, já que, segundo o argumentário apresentado por quem assim se posiciona, os cofres regionais acabariam por perder várias centenas de milhar de euros.
A verdade é que esta discussão perdura no tempo sem que haja quem apresente, pelo menos até hoje, dados oficiais convincentes suscetíveis de darem razão a qualquer um dos lados em confronto.

Os próprios clubes que, fruto de rivalidades históricas e enraizadas, não têm uma grande relação institucional entre eles, unem-se em torno do tema, porque há a consciência generalizada de que sem esse apoio oficial do Governo Regional dificilmente o futebol madeirense teria condições para continuar ao mais alto nível competitivo nacional.
Durante anos, uma das justificações dadas para o apoio financeiro aos clubes tinha também a ver com a dúvida sobre se essa opção renderia mais-valias eleitorais, teoria que ao longo dos anos se foi esbatendo, já que várias medidas tomadas, nomeadamente de redução dos montantes atribuídos ao futebol profissional, pouco ou nenhum impacto tiveram em termos políticos e eleitorais.
Ao apresentar recentemente os resultados do exercício da época desportiva 2015/2016, a SAD do Marítimo confirmou um resultado líquido positivo de 5,7 milhões de euros. Explica o clube que pagou ao erário público, naquele exercício, 4,6 milhões de euros em impostos variados, tendo a região celebrado com o clube um contrato-programa com um apoio financeiro de 1,6 milhões de euros para toda a época.
Nuno Teixeira, dirigente maritimista, realçou o facto de a Madeira ter lucrado três milhões de euros com o Marítimo.
O apoio financeiro aos clubes de futebol da Madeira foi instituído há cerca de três décadas, pelo governo de Alberto João Jardim – conhecido adepto do futebol e do Marítimo – que justificou a opção pelo facto dos clubes serem instituições de utilidade pública, por promoverem a Madeira no exterior e constituírem, em termos sociais, uma alternativa para a juventude madeirense, fomentando a prática desportiva e impedindo deste modo que os jovens optem por outros caminhos socialmente problemáticos.
Nos indicadores facultados ao Económico Madeira, o Marítimo mostra que a Madeira lucra com o apoio ao futebol profissional. Por exemplo, na época 2013/2014 o clube recebeu 2 milhões de euros em subsídios oficiais mas pagou 2,4 milhões de euros em impostos. Na época seguinte, foram atribuídos 1,995 milhões de euros em subsídios e o clube pagou 2,5 milhões de euros em impostos. Na época 2015/2016, a SAD do Marítimo pagou quase 4,7 milhões de euros em impostos diversos, tendo recebido apoio oficial de 1,6 milhões de euros.
Já o Nacional refere que o futebol profissional do clube “dá 1 milhão de euros de lucro ao Governo Regional”. De acordo com a informação oficial do clube madeirense, estas “são contas que deviam merecer mais atenção, da opinião pública, mas não só”. Refere que “entre 1 Janeiro de 2014 e 30 de Junho de 2016 o Nacional Futebol SAD pagou, em impostos 5.167496,63 euros, assim distribuídos: IRC – 106.026,63 euros, IRS – 3.325.408,89 euros, IVA – 662.672,57 euros e Segurança Social – 1.073.388,64 euros”.
“Atendendo a que durante esse período o contrato programa de desenvolvimento desportivo assinado com o Governo Regional permitiu ao Nacional receber cerca de 4,1 milhões de euros, facilmente se constata que o lucro (sim LUCRO) do Governo Regional com o Nacional Futebol SAD foi de cerca a 1 milhão de euros”.
“De todas as atividades subsidiadas, apoiadas e promovidas pelo Governo Regional, haverá mais alguma a gerar tanto lucro?”, questiona o Nacional.
No caso do União, as contas indicam que na época 2015/2016 – em que foi despromovido ao segundo escalão – recebeu em apoios financeiros oficiais um total de 1,186 milhões de euros, tendo pago 1,786 milhões de euros (valores reportados ao período entre Julho de 2015 e Junho de 2016, correspondente a uma época desportiva), propiciando deste modo aos cofres da Região cerca de 600 mil euros de lucro.

A direção do União revelou ao Económico Madeira que entre os impostos pagos naquela época desportiva o IRS e o IVA, com valores quase semelhantes, próximos dos 740 mil euros, foram os mais significativos, seguidos da Segurança Social com mais de 320 mil euros (Económico Madeira)

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