domingo, setembro 19, 2010

SNS já perdeu este ano 459 médicos...

Garante o Expresso que "consultou as listas de reformados da CGA desde janeiro até agora — a mais recente de 7 de setembro e com efeitos em outubro — e apurou que 374 médicos já saíram das unidades públicas de saúde e que mais 42 saem no próximo mês. As listas permitem ainda perceber que os especialistas hospitalares estão em maior número do que os médicos de família e que são, sobretudo, médicos com cargos de chefia. “Está-se a decapitar o topo de gama e isto terá consequências na formação dos novos médicos e na qualidade do SNS”, diz Carlos Arroz. E o responsável sindical admite que a situação vai piorar: “As próximas duas listas da CGA vão estar mais cheias e no fim do ano iremos ultrapassar os 600 médicos reformados, número que é muito significativo”. Com a agravante de que “muitas serão aposentações antecipadas num contexto de falta de médicos”, acrescenta Mário Jorge Neves. As mudanças no acesso a Medicina poderão minimizar o impacte, mas não para já. Por ano estão a sair das faculdades cerca de mil médicos; no entanto, em 2009 formaram-se 853 especialistas, mas só 240 em medicina geral e familiar — a área onde as carências são maiores.Mesmo sem dados concretos, o MS está confiante de que conseguirá atrair clínicos aposentados e, assim, minimizar as crescentes carências do SNS, sobretudo de médicos de família. “Numa primeira volta das Administrações Regionais de Saúde pelos centros de saúde e hospitais, ficou-se com a expectativa de que um terço (200) dos 600 clínicos (a maioria dos quais médicos de família) que entregaram pedidos de reforma antecipada querem ficar”, afirma a assessoria do ministério. O passo seguinte ainda não tem data marcada, mas será “iniciar uma segunda volta, na qual mantemos a expectativa de que mais médicos possam querer ficar”. Os próximos meses vão ser decisivos. “Sabemos que os médicos estão a ser muito pressionados pela CGA e pelos próprios serviços para se manterem e não avançarem com os pedidos de reforma”, revela Carlos Arroz. A tarefa não é fácil, porque não há pagamentos extraordinários. Por outras palavras, “a reforma antecipada é uma janela de fuga legal do SNS”, ironiza o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Mário Jorge Neves".

Sem comentários: