domingo, setembro 19, 2010

Portugal poderá ter de recorrer ao FMI?

Li no DN de Lisboa, num texto do jornalista João Cristovão Batista que "Portugal poderá ser obrigado a recorrer à ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) para resolver os problemas de financiamento externo. A convicção é de três ex-ministros das Finanças que, ouvidos pelo DN, dizem que o aumento dos juros e a descida da procura na emissão de bilhetes do tesouro (ver caixa) conduzirá "mais tarde ou mais cedo" a uma situação em que o Estado não conseguirá colocar dívida nos mercados. Eduardo Catroga, Medina Carreira e Miguel Beleza consideram que o facto de a última emissão de bilhetes do tesouro ter registado taxa média mais elevada de sempre é um "sinal" da possibilidade de este se tornar um cenário muito real para o País. Para Medina Carreira, o que está a acontecer em termos de endividamento público "é uma tragédia". "Este recurso descontrolado ao endividamento externo vai fazer com que, a prazo, haja uma restrição ao financiamento por parte dos mercados. Os investidores vão, simplesmente, deixar de nos emprestar dinheiro", alertou o antigo ministro das Finanças, sublinhando que, "quando isto acontecer, não nos restará outra solução a não ser recorrer ao FMI para estancar o problema". Visão semelhante tem Eduardo Catroga, para quem o modelo actual de financiamento do Estado, com recurso a sucessivas emissões de dívidas públicas, "é insustentável". Ao DN, o economista disse que "mais tarde ou mais cedo o FMI ou o EFSF [Fundo Europeu de Estabilidade Financeira] vão acabar por vir para Portugal para pôr ordem na situação", frisando que "o País não pode viver permanentemente do endividamento". Referindo-se ao aumento de 14,2 mil milhões de euros da dívida líquida pública portuguesa entre Janeiro e Agosto (um valor muito próximo do limite de 17,4 mil milhões imposto pelo Orçamento do Estado), Catroga sublinhou que "este é um reflexo do que tem sido o descontrolo das contas públicas nos últimos anos". O antigo ministro defende que a intervenção do FMI em Portugal será inevitável "se o Estado não adaptar rapidamente a despesa às receitas normais".

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