domingo, agosto 03, 2025

Turismo com “algum abrandamento” em 2024 (e salários abaixo da média)

Peso do turismo no crescimento do PIB está a diminuir. Salários continuam abaixo da média e aumentaram menos em 2024 do que no ano anterior. O sector continua a ter, porém, um dinamismo “ligeiramente superior” ao do resto da economia. O turismo em Portugal contribuiu com 34 mil milhões de euros para a economia em 2024, o que equivale a 11,9% do Produto Interno Bruto (PIB), mas dados revelados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam também que o contributo do turismo para a evolução real do PIB da economia diminuiu em 2024, sendo que a remuneração média dos trabalhadores continua abaixo da remuneração média dos trabalhadores em geral.

“Em 2022, já em contexto de forte recuperação [pós-covid-19], o contributo do turismo para a evolução real do PIB da economia foi significativo (3,6 pontos percentuais em 7,0%), bem como em 2023 (1,2 pontos percentuais em 2,6%). Em 2024, em consequência de algum abrandamento da atividade turística, o respetivo contributo para a evolução real estimada do PIB (1,9%) diminuiu para 0,3 pontos percentuais”, descreve o INE.

Num outro estudo, “Estatísticas do Turismo 2024”, divulgado em julho, o INE disse que Portugal recebeu 26,5 milhões de turistas em 2023 e 28,9 milhões no ano passado. Quanto aos salários, o estudo agora revelado afirma que “a remuneração média por trabalhador nestas atividades correspondia a 91,1% da remuneração média nacional”, tendo-se verificado “um ligeiro acréscimo em 2022 face a 2021, graças a um aumento de 6,2%”.

Já nas “Estatísticas do Turismo 2024”, lê-se que “especificamente nas atividades de Alojamento [...], a remuneração bruta mensal por trabalhador situou-se em 1327 euros em 2024 (1249 euros em 2023), 277 euros abaixo do registado no total da economia (258 euros em 2023). Face ao ano anterior, a remuneração bruta mensal por trabalhador neste ramo de atividade aumentou 6,2% (+7,3% em 2023)” – sendo que a estas percentagens deve descontar-se o valor da inflação para se obter um aumento real.

Dentro das várias atividades do sector, revelam-se “perfis diferenciados” das remunerações: “Acima da média da economia nacional surgem apenas os transportes aéreos (127,3%), o desporto, recreação e lazer (33,2%) e o aluguer de equipamento de transporte (11,4%).”

Entre 2021 e 2022, o emprego nas atividades turísticas a tempo completo cresceu 14,2%, “acima do observado na economia nacional (5,7%) e representando 9,8% do emprego da economia nacional (9,0% em 2021)”. As remunerações no sector “representavam 8,4% do total das remunerações da economia nacional”.

Sobre o peso no PIB, a evolução de 2024 (11,9%) ficou “em linha” com os valores de 2023 (12%) e acima da percentagem de 2022 (11,2%). A atividade turística tinha atingido em 2023 máximos históricos. No entanto, se nesse ano foi responsável por quase metade do crescimento real da economia (48% do total), o peso baixou em 2024, com o turismo a explicar apenas 15% da variação do PIB.

O INE refere que, embora haja um abrandamento, o contributo para a evolução da economia “continua a ser positivo”. Mesmo com um peso relativo menor, o nível de crescimento do sector superou o da globalidade da economia.

Os dado mais recentes mostram que, em 2024, “o Valor Acrescentado Bruto direto gerado pelo Turismo (VABGT) e o Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) registaram aumentos nominais de 6,5%, revelando um dinamismo ligeiramente superior ao da economia nacional (o VAB e o PIB nacionais cresceram 6,2% e 6,4%, respetivamente)”.

O VABGT totalizou 20,1 mil milhões de euros, “mantendo a sua importância relativa no VAB da economia nacional (8,1% em 2023 e 2024)”. O consumo gerado pelo turismo “cifrou-se em 47,2 mil milhões de euros”, o que também significou que manteve “o peso relativo no PIB observado em 2023 (16,6%)”.

Nesta síntese, o INE faz uma análise à trajetória do turismo nos últimos quatro anos, notando que “as dormidas em estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal, de residentes e não residentes, entre 2021 e 2024, registaram taxas de variação positivas, tendo sido mais elevadas no caso dos não residentes”.

As estatísticas divulgadas esta sexta-feira permitem ainda ver como Portugal se posiciona comparativamente a outros países europeus quando se mede o peso do turismo no PIB. Os dados mais recentes são relativos a 2023, ano em que, aponta o INE, “Portugal manteve a segunda posição no que se refere à importância relativa da procura turística no PIB (16,6 %), atrás da Islândia, que manteve a primeira posição (18,9%)” (Expresso, texto do jornalista João Pedro Henriques)

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