A greve geral
desta semana (escrevo este texto na véspera da iniciativa político-sindical,
sem conhecer o impacto e as habituais manipulações e distorções informativas
das partes envolvidas na acção), mesmo que o neguem, foi mais uma iniciativa da
central sindical do PCP - a CGTP - à qual aderiu a UGT, supostamente por
oportunismo partidário, pessoal (no caso da sua liderança) e sindical - a
central terá eleições no início do próximo ano e precisa de distanciar-se do
executivo de Montenegro – por ser controlada pela ala sindicalista socialista.
Confesso que não li a versão original da proposta de alteração da legislação laboral do governo de Montenegro - que precisa ser mais claro, abandonando truques políticos no discurso e deixando de lado alguma arrogância e uma certa lógica de rei-na-pança a par de atitudes próprias de quem se julga único dono da verdade e das propostas válidas - nem isso sequer é importante. Ainda. E porquê? Porque há um processo negocial aberto, que obviamente vai dar origem a uma ou mais novas versões dessa proposta, as quais podem inclusivamente tornar os pretensos "fundamentos" da greve geral absolutamente obsoletos. Não acredito que muitas das propostas constantes da versão original montenegrista venham a constar de uma eventual versão futura da nova legislação laboral que venha a ser negociada séria e eficazmente, e aprovada de forma consensualizada. E nessa altura sim, o mundo sindical, se encontrar motivos suficientemente fortes de contestação, deve mobilizar-se abertamente, sem hesitações, sem subterfúgios e sem truques e chamar as pessoas para um combate pelo qual vale a pena lutar. Portugal não pode continuar a crescer economicamente, segundo dizem, mas a ter também cada vez mais precariedade, salários baixos, abusos empresariais, despedimentos em crescendo, jovens sem emprego ou, se trabalham, sem os rendimentos compatíveis com a sua formação, pobreza acelerada, etc. Mas esta legislação laboral, que vai continuar a ser negociada mesmo depois da tal greve geral, tenha tido ela o impacto e a dimensão que tenha tido - só pode ser assim! - não é a versão final, sobre a qual tudo se decidirá e com base na qual o mundo laboral e as relações entre empregadores e empregados vão funcionar e ser reguladas. Nada disso.








































