Os números não deixam margem para dúvida sobre o forte aumento da procura turística em Portugal nos últimos anos. Entre 2015 e 2024, o número de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico no país aumentou 51%, atingindo os 80,4 milhões, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). E mostram um grande domínio dos turistas vindos do estrangeiro: no ano passado os não residentes em Portugal representaram 70% das dormidas nos alojamentos turísticos nacionais. Que regiões do país mais procuram os turistas? A resposta passa, na sua maioria, pelo Algarve e pela Área Metropolitana de Lisboa (AML). Seguindo a classificação NUTS II (nomenclatura de unidades territoriais para fins estatísticos), do INE, em 2015, esses dois destinos representavam em conjunto 58% das dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal. Em 2024, o seu peso tinha baixado ligeiramente, para 52%. Mas com evoluções distintas nas duas regiões. O Algarve perdeu peso: passou de 32,5% do total de dormidas em 2015 para 25,8% em 2024. E a AML cresceu ligeiramente, subindo de 25,4% do total de dormidas para 26,2%. Foi o suficiente para ascender ao primeiro lugar da tabela. Se considerarmos apenas os turistas vindos do estrangeiro (não residentes em Portugal), os dados do INE mostram um peso ainda maior do Algarve e da AML nas dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal. Mas a tendência é semelhante: as duas regiões, em conjunto, passaram de 63% do total em 2015 para 58% em 2024, com o Algarve a perder peso e a AML a ganhar, passando a liderar o ranking.
Diversificação regional aumenta, mas pouco
Os dados do INE indicam, assim, que a forte subida da procura turística em Portugal na última década foi acompanhada por algum aumento da sua diversificação regional, mas lento e modesto. Entre as regiões que ganharam quota no total de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal destaca-se o Norte, com um incremento de quatro pontos percentuais (p.p.), para 18% em 2024, ultrapassando a Região Autónoma da Madeira e ficando no terceiro lugar da tabela das regiões com maior procura. Também a AML, o Centro, o Alentejo, e a Região Autónoma dos Açores ganharam peso no total das dormidas. Em sentido contrário o Algarve viu o seu peso no total baixar (foi a maior quebra), tendo também a Madeira registado um recuo no seu contributo, mas mais ligeiro.
Algarve e Lisboa dominavam dormidas turísticas em
2015…
Olhando apenas para os turistas oriundos do
estrangeiro, o Norte foi a região com maior aumento de quota nas dormidas em
Portugal no período analisado, com mais seis pontos percentuais (p.p.) entre
2015 e 2024, atingindo 16% do total. A AML ganhou dois pontos (para 30% do
total), e os Açores reforçaram um ponto, para 3%. Já o Algarve perdeu sete
p.p., para 28%, e a quota da Madeira diminuiu 3 p.p., para 14%. Por fim, Centro
e Alentejo mantiveram inalterado o seu peso no total, nos 6% e nos 2%,
respetivamente.
De janeiro a maio de 2025, as dormidas turísticas
recuaram 1% no Oeste e Vale do Tejo e no Algarve
Considerando uma desagregação mais fina das
regiões definidas pelo INE, por NUTS III, a análise confirma que houve um
aumento pouco relevante da diversificação regional da procura turística no país
entre 2015 e 2024. Em 2015, as cinco regiões que lideravam a tabela eram
Algarve, AML, Madeira, Área Metropolitana do Porto (AMP) e Açores. Em conjunto,
valeram 82% do total. Em 2024, eram precisamente as mesmas cinco regiões no
topo da tabela (apenas trocando a ordem de Algarve e AML), e representavam, em
conjunto, 79% do total das dormidas turísticas no país.
… E continuavam a dominar em 2024, mas Algarve
perdeu peso e Lisboa ganhou
Peso de cada região no total das dormidas nos
estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal, em percentagem
A concentração regional da procura turística no
país ainda é maior considerando apenas os turistas não residentes em Portugal.
Em 2015, as mesmas cinco regiões (Algarve, AML, Madeira, AMP, e Açores)
lideravam o ranking e atingiam, em conjunto, 90% do total das dormidas no país.
Em 2024, a composição desta lista não se tinha alterado (apenas com Algarve e
AML a trocarem de posições) e representavam 88% do total de dormidas.
Procura abranda em 2025 e há regiões em queda
Olhando já para 2025, os dados do INE (até maio)
mostram um abrandamento da procura turística em Portugal. De janeiro a maio, as
dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico atingiram 28,3 milhões,
mais 2% do que no mesmo período de 2024. Esse crescimento reflete uma
desaceleração face ao ano passado, já que no período de janeiro a maio de 2024
as dormidas tinham tido um crescimento homólogo de 5%. Este abrandamento no
corrente ano ficou a dever-se aos turistas vindos do estrangeiro, cujo número
de dormidas aumentou apenas 1%.
Os dados desagregados (considerando a nova nomenclatura de NUTS II do INE) mostram que nem todas as regiões do país aumentaram o número de dormidas turísticas nos primeiros cinco meses de 2025. Oeste e Vale do Tejo, bem como o Algarve, recuaram 1%, e a Grande Lisboa baixou 0,2%. Já os Açores tiveram a maior subida homóloga (8%), seguindo-se a Península de Setúbal (7%) e o Norte (6%). Ainda assim, os proveitos totais nos estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal aumentaram 8% em termos homólogos de janeiro a maio de 2025, para €2,24 mil milhões. E com subidas em todas as regiões do país, destacando-se os incrementos na Madeira (21%), nos Açores (15%) e no Centro (12%) (Expresso, texto da jornalista Sónia M. Lourenço)
Sem comentários:
Enviar um comentário