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quinta-feira, dezembro 16, 2021

Poul Thomsen: programa de resgate português "foi um sucesso"


O primeiro chefe de missão da troika diz que Portugal soube aproveitar a crise para fazer reformas e mudar. Poul Thomsen esteve numa conferência em Lisboa e afirmou não ter dúvidas de que o programa de resgate português foi um sucesso.

quarta-feira, abril 07, 2021

Cronologia: Os dias que levaram ao pedido de resgate há 10 anos


Assinalam-se esta terça-feira dez anos do pedido de resgate português. Foi no dia 6 de abril de 2011 que José Sócrates, pressionado pelo seu ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, comunicou aos portugueses a decisão que há muito se temia. Recorde o filme desses dias e de como Portugal acabou por capitular por pressão dos mercados financeiros depois de mais de um ano no olho do furacão

Foram 13 meses de calvário no segundo governo chefiado por José Sócrates, desde que fez aprovar, com a abstenção do PSD, o orçamento para 2010, até que a 6 de abril de 2011, encostado à parede pelos bancos e pelo seu ministro das Finanças, veio à televisão anunciar o pedido de resgate.

Pelo meio, o governo apresentou quatro Programas de Estabilidade e Crescimento até que o último foi rejeitado por uma coligação negativa de todas as oposições no Parlamento. Sócrates pediu a demissão e o governo ficou em gestão.

O custo do endividamento disparou e ultrapassou a linha vermelha que o ministro das Finanças Teixeira dos Santos considerara o ponto de não retorno para um pedido de apoio à troika - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - que entretanto se formara para resgatar a Grécia e a Irlanda.

Dez anos depois da troika, FMI ainda pede reformas estruturais e no mercado de trabalho

 

A chefe da missão do FMI para Portugal, Laura Papi, falou com o ECO para assinalar os dez anos do resgate financeiro que ficou marcado pela política de austeridade e um "mea culpa" posterior. O Fundo Monetário Internacional (FMI) veio pela terceira vez em auxílio de Portugal em 2011 quando o então primeiro-ministro, José Sócrates, pediu ajuda financeira internacional perante a insustentabilidade da situação do país. Contudo, ao contrário das intervenções anteriores na década de 70 e 80, desta vez a economia portuguesa tinha uma moeda comum com outros países europeus, a qual não podia desvalorizar, e a receita vigente tanto em Washington como em Bruxelas era a temida austeridade. Mais tarde, o FMI fez o “mea culpa” e mudou a mensagem, mais depressa que alguns governos europeus, alinhando atualmente na mensagem de que é preciso investir para ultrapassar a crise pandémica, ainda que olhando para a sustentabilidade das contas públicas.

Esta terça-feira, 6 de abril, assinalam-se os dez anos do resgate financeiro da troika, a palavra que os portugueses mais ouviram entre 2011 e 2014, ano em que Portugal fez a “saída limpa” do programa de ajustamento. O ECO falou com Laura Papi — a sucessora de Poult Thomsen e Abebe Selassie, os chefes da missão do Fundo para Portugal — sobre este doloroso processo, cheio de polémicas, recuos, excessos e erros. Acabou por ser reconhecido que os multiplicadores (impacto das medidas) orçamentais na economia usados pelo FMI subestimaram o efeito dos cortes na despesa e dos aumentos de impostos.

Teixeira dos Santos: “Não foi fácil” defender o pedido de ajuda à troika “à revelia do primeiro-ministro”

 

Antigo ministro das Finanças conta como foi difícil contrariar primeiro-ministro sobre pedido de ajuda financeira. E destaca diferenças substanciais entre a crise da dívida e a crise da pandemia. Há exatamente 10 anos, José Sócrates anunciava nas televisões nacionais que Portugal ia pedir assistência financeira internacional. O antigo primeiro-ministro falou ao país pouco depois das 20h30, num anúncio que fora precipitado por declarações “à sua revelia” do então ministro das Finanças durante a tarde desse dia 6 de abril de 2011. “Não foi fácil ter de publicamente emitir a minha opinião quanto ao pedido de ajuda, sabendo da resistência do primeiro-ministro”, recorda Teixeira dos Santos.

A troika tinha acabado de aterrar na Irlanda e na Grécia e, em 2011, foi Portugal a ser “cercado” pelos investidores internacionais, depois de a taxa de juro das obrigações a 10 anos ter ultrapassado a “linha vermelha” dos 7% no mercado secundário. Foi o que fez soar os alarmes no Terreiro do Paço, apesar de José Sócrates ter sempre defendido que o país não iria precisar de um resgate internacional.

“De facto, entendi que seria um elevado risco para o país se esse tal pedido não viesse a acontecer e daí que, ao fim e ao cabo, com sentido de dever e obrigação com o país, ter de emitir a minha opinião à revelia daquilo que era o entendimento do primeiro-ministro. Não foi fácil fazer isso”, conta o antigo ministro das Finanças.

A economia portuguesa antes, durante e depois da troika (e agora com a pandemia)

 

Há 10 anos o então Governo PS fazia um pedido de ajuda externa, culminando em quatro anos de troika em Portugal. Como evoluiu a economia portuguesa nesta década? A crise pandémica veio trocar as voltas às estatísticas sobre Portugal, mas durante os dez anos que se seguiram ao pedido de resgate financeiro a economia portuguesa não ficou igual. Este é um período marcado por duas recessões e um período intermédio de retoma económica, o que teve influência na dívida pública, no PIB ou noutros indicadores económicos. No dia em que se assinala uma década desde o pedido à troika, o ECO recorda a evolução da economia nacional desde então.

Em 2011, a economia portuguesa acabava de sofrer o choque da crise financeira de 2008/2009 e preparava-se para mais uma recessão, só que mais duradoura e intensa. Em 2011, 2012 e 2013, a economia portuguesa voltou a contrair por causa da crise das dívidas soberanas da Zona Euro, da qual fazia parte como país que tinha recorrido a ajuda externa. A retoma começou em 2014, ano da “saída limpa” da troika, mas foi lenta e só em 2018 é que a economia tinha superado definitivamente as duas crises consecutivas que enfrentou. Porém, o período de somar valor além da recuperação durou pouco tempo. Após o crescimento de 2019 (2,5%), a pandemia chegou e provou a maior queda da história democrática (7,6%). A parte boa é que, segundo as previsões, a retoma estará completa em dois anos.

Da “linha vermelha” aos juros abaixo de zero, mesmo com a dívida em recorde

 

Há 10 anos, José Sócrates anunciava o pedido de ajuda externa. Desde então, Portugal reconquistou os mercados e as agências de rating, mas não se livrou dos riscos da elevada dívida. Ex-primeiro-ministro José Sócrates dirigiu-se ao país a 6 de abril de 2011 para anunciar o pedido de ajuda externa.

“O país foi irresponsavelmente empurrado para uma situação muito difícil nos mercados financeiros“. O ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos já tinha dito, ao Jornal de Negócios, que a situação era difícil e que entendia ser “necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu”. A decisão de chamar a troika precipitou-se assim e, poucas horas depois, o primeiro-ministro José Sócrates falava ao país para o confirmar. Foi há 10 anos que Portugal pediu o resgate financeiro e, a braços com uma nova crise, agora provocada por uma pandemia, vive uma situação completamente diferente, mas não isenta de riscos.

A crise financeira global já tinha levado dois países — Grécia e Irlanda — a pedirem ajuda externa, enquanto Portugal sofria um agravamento das taxas juro que à medida que os investidores perdiam a confiança no país. Ainda assim continuava a financiar-se, a custo. Teixeira dos Santos tinha delineado, no final de 2010, uma “linha vermelha”: juros da dívida a 10 anos acima de 7% significariam que o país teria de chamar a troika.

sexta-feira, março 29, 2019

Schäuble e a austeridade: “Hoje, penso como podíamos ter feito as coisas de forma diferente”


“Bem… sinto-me triste, porque tive um papel em tudo isso. E penso como podíamos ter feito as coisas de forma diferente“. Em tom confessional, o ex-ministro das Finanças da Alemanha, outrora o “todo-poderoso” Wolfgang Schäuble, deu uma entrevista ao Financial Times onde mostra algum arrependimento pela forma como a crise da dívida europeia foi gerida e pela pressão que foi colocada sobre os países mais endividados, sobretudo a Grécia. Diferente como? Schäuble não terá dito muito mais, mas assegurou continua a defender que “maior despesa pública não equivale automaticamente a um maior contentamento” entre as pessoas. Schäuble, ministro de Angela Merkel entre 2009 e 2017, reconhece esse sentimento de “tristeza” e essa dúvida sobre como os líderes europeus — entre os quais, o próprio — procuraram resolver a crise da dívida.

sexta-feira, setembro 11, 2015

Contra a memória curta em tempo de eleições: quando José Sócrates dizia que "Pagar a dívida é ideia de criança"...

Contra a memória curta em tempo de eleições: discurso de José Sócrates quando se demitiu depois do pedido de ajuda externa

Contra a memória curta em tempo de eleições: Discurso de Sócrates (5 de Maio de 2011) a anunciar acordo com troika...

Sócrates anunciou esta noite que o Governo chegou a acordo com a troika para as medidas a implementar em Portugal. Leia aqui o discurso, em que o primeiro-ministro anunciou várias das medidas que não vão ser feitas e poucas das que serão implementadas.
Senhoras e senhores jornalistas 
Gostaria de anunciar aos portugueses que o Governo chegou hoje a acordo com as delegações das instituições internacionais quanto ao programa de assistência financeira a Portugal. O Governo conseguiu um bom acordo. Este é um acordo que defende Portugal. Naturalmente, não há programas de assistência financeira que não sejam exigentes e que não impliquem muito trabalho. Isso não existe. Os tempos que vivemos continuam em implicar esforços e muito trabalho. Ninguém duvide. Mas conhecendo outros programas de ajuda externa e depois de tantas notícias especulativas publicadas pela imprensa, o meu primeiro dever é tranquilizar os portugueses. 
O acordo que o Governo conseguiu: 
· Não mexe no 13º mês, nem no 14º mês, nem os substitui por nenhum título de poupança;· 
Não mexe no 13º mês, nem no 14º mês dos reformados;· 
Não tem mais cortes nos salários da função pública;· 
Não prevê a redução do salário mínimo;· 
E, ao contrário do que ainda hoje diz um jornal, não corta nas pensões acima dos 600 euros - mas apenas nas pensões mais altas, acima dos 1500 euros, como se fez este ano nos salários e como estava previsto no PEC. Mais: está expressamente admitido o aumento das pensões mínimas, tal como o Governo sempre pretendeu. 
Com este acordo o Governo garante também que:
· Não terá de haver nenhuma revisão constitucional;
· Não haverá despedimentos na função pública;
· Não haverá despedimentos sem justa causa;
· Não haverá privatização da Caixa Geral de Depósitos;
· Mantém-se a tendencial gratuitidade do Serviço Nacional de Saúde;
· Mantém-se a escola pública;
· E não haverá privatização da Segurança Social, nem plafonamento das contribuições, nem alterações à idade legal de reforma, graças à reforma da Segurança Social que fizemos em 2007. 
As instituições internacionais reconhecem, portanto, que a situação portuguesa está longe de ser como a de outros países e muito longe de ser como alguns internamente a pretenderam descrever. 
Não posso entrar, ainda, em muitos detalhes sob o conteúdo do programa – segue-se ainda a consulta final aos partidos políticos - mas, em acordo com a “Troika”, posso adiantar cinco informações: 
Primeiro, as medidas previstas são essencialmente as do PEC IV. É certo que nalguns casos com maior aprofundamento, com maior detalhe das medidas para 2012 e 2013, algumas – poucas – medidas novas e ainda uma série de procedimentos de análise e monitorização que são habituais neste tipo de programas. 
Segundo, este é um programa para três anos que define metas para uma redução mais gradual do défice: 5,9% do PIB este ano, 4,5% em 2012 e 3% em 2013; 
Terceiro, a fixação de uma meta orçamental de valor superior para este ano resulta, exclusivamente, das alterações no perímetro orçamental recentemente adoptadas pelas autoridades estatísticas e dos efeitos negativos que a rejeição do PEC, a crise política e o próprio pedido de ajuda externa terão no crescimento da nossa economia; 
Quarto, não são necessárias mais medidas orçamentais para 2011. Repito: não são necessárias mais medidas orçamentais para 2011. São suficientes as medidas previstas no Orçamento e as anunciadas no âmbito do PEC IV; 
Quinto, as medidas para o mercado de trabalho baseiam-se, essencialmente, no Acordo Tripartido que celebrámos em Março com os parceiros sociais, com alguns desenvolvimentos sobretudo em áreas já sinalizadas no próprio Acordo e sempre de modo a preservar integralmente o equilíbrio nas relações laborais. 
Com este acordo, o País obtém pela segunda vez - agora em termos diferentes – o apoio e a confiança das instituições internacionais, e de novo com base, no essencial, no programa de orientações e medidas que o Governo apresentou em Março. 
Segue-se, como referi, o procedimento de consulta dos partidos da oposição. O que certamente o País espera é que, desta vez, prevaleça o sentido das responsabilidades e do superior interesse nacional. 
O Governo manteve ao longo deste processo os deveres de reserva e o sentido institucional que a situação impunha. Estabelecemos, para isso, um sistema de informação e acompanhamento com os partidos da oposição e o Senhor Presidente da República, a quem transmiti hoje mesmo os termos da proposta de acordo. 
Quero prestar reconhecimento ao excelente trabalho desenvolvido nestas negociações pelo senhor Ministro de Estado e das Finanças e por todos os membros do Governo e técnicos portugueses envolvidos no processo. 
Dirijo, finalmente, aos portugueses uma palavra de confiança. Nenhuma Nação vence sem confiança em si própria. Esse sentimento de confiança deve prevalecer sobre o negativismo e sobre o pessimismo, atitudes que só conduzem à descrença, à paralisia e à desistência do futuro. Pela minha parte, o que tenho a dizer aos portugueses é isto: nós vamos vencer esta crise (fonte: Jornal de Negócios)


Contra a memória curta em tempo de eleições: declaração de José Sócrates no dia (6 de Abril de 2011) em que Portugal pediu apoio externo

"Sempre disse aos portugueses que a rejeição do PEC na Assembleia da República, no dia 23 de Março, agravou de forma dramática a situação do nosso País. A rejeição do PEC do nosso Governo foi o sinal mais errado que o País podia ter dado aos mercados e às instituições internacionais. Foi o sinal errado no momento errado.
O 'rating' do País baixou como nunca antes tinha acontecido. Os bancos portugueses e as empresas viram os seus ''ratings baixar para níveis nunca antes vistos. Esta situação é particularmente grave para o nosso País.
Depois de todos os contactos que fiz, em especial no dia de hoje, conclui que a situação tenderá a agravar-se. A verdade é que tínhamos uma solução e ela foi deitada fora. A rejeição do PEC e a abertura de uma crise política vieram fragilizar o País.
Sempre considerei uma ajuda externa um cenário de último recurso. Tudo tentei, mas julgo que chegámos ao momento em que não tomar essa decisão acarretaria riscos que o País não deve correr. Por isso o Governo dirigiu hoje mesmo à Comissão Europeia um pedido de ajuda financeira.
É o momento para todos assumirmos as nossas responsabilidades perante o País. É também em nome do interesse nacional que hoje digo aos portugueses que é preciso dar agora este passo".


Contra a memória curta em tempo de eleições: declaração de Passos Coelho no dia (6 de Abril de 2011) em que Portugal pediu apoio externo

"Tomei conhecimento através dos meios de comunicação social da decisão do Governo solicitar ajuda externa. Há muito que venho defendendo que o caminho trilhado em Portugal nos acabaria por conduzir à necessidade de fazer este pedido de ajuda externa.
O pedido de ajuda tardio que o Governo hoje anunciou destina-se a dar garantias de que o financiamento à economia portuguesa e até mesmo aos bancos e ao Estado se possa vir a processar em condições de maior segurança.
É importante que os portugueses sintam que esta decisão só pode ser tomada como uma medida de apoio à segurança nacional e para preservação da reputação externa de Portugal.
Este pedido de ajuda faz-se para que os portugueses vivam com menos incerteza e angústia e possam ter maiores garantias de que as suas escolhas possam propiciar um caminho diferente com mais esperança para Portugal.
O PSD não deixará de apoiar este pedido que o Governo hoje endereçou à Comissão Europeia, disso já informei o senhor Presidente da República. Agora o que importa é tranquilizar Portugal.
É indispensável que o Governo em funções possa negociar um quadro mínimo de condições que não deixará de contar com o apoio do PSD.
O pedido de ajuda que foi hoje realizado pelo Governo não deve ser encarado pelo País como fim de linha ou acto de desespero, mas como o primeiro passo para não mascarar a realidade e poder encontrar pela via das eleições aqueles em quem confiaremos no futuro para poder, com os portugueses e as instâncias internacionais, encontrar um contrato de futuro".

Contra a memória curta em tempo de eleições: cronologia do resgate de Portugal

No espaço de um ano foram três os países do euro que pediram ajuda externa. Recorde aqui os principais acontecimentos e notícias que levaram Portugal, Irlanda e Grécia à inevitabilidade de solicitarem apoio dos seus parceiros europeus e FMI.
PORTUGAL
16 de Maio de 2011 Ministros das Finanças da Zona Euro e da União Europeia aprovam plano de ajuda a Portugal. A primeira tranche, no valor de 18 mil milhões de euros, deverá chegar antes das eleições de 5 de Junho
3 de Maio de 2011 Valor total do apoio é de 78 mil milhões de euros. O plano de ajuda a Portugal consagra um valor total ligeiramente inferior ao referido na reuniao do Ecofin em que a assistência financeira foi aprovada e que apontava para 80 mil milhões de euros.
3 de Maio de 2011 Discurso de Sócrates a anunciar acordo com troika (ler discurso na íntegra)
23 de Abril de 2011O Instituto Nacional de Estatística (INE) reviu hoje em alta o défice de 2010 para 9,1% do Produto Interno Bruto (PBI), resultado do impacto de três contratos de parcerias públicas privadas (PPP) (ler notícia na íntegra)
11 de Abril de 2011 Missão técnica da Comissão Europeia começa a chegar a Lisboa 
11 de Abril de 2011 Poul Thomsen, dinamarquês, e funcionário do FMI há mais de 20 anos, lidera a equipa do Fundo Monetário Internacional nas negociações com Portugal
6 de Abril de 2011 José Sócrates confirma que o Governo já dirigiu à Comissão Europeia um pedido de ajuda financeira de forma a garantir as condições de financiamento do País (ler notícia na íntegra)
6 de Abril de 2011 Primeiro-ministro convoca Governo para uma reunião em São Bento
6 de Abril de 2011 Portugal pede ajuda externa. O ministro das Finanças entende que Portugal tem de pedir ajuda já. Em resposta por escrito a perguntas colocadas pelo Negócios Fernando Teixeira dos Santos afirma que "é necessário recorrer aos mecanismos de financiamento disponíveis no quadro europeu".
5 de Abril de 2011 Moody’s reduz "rating" das obrigações de Portugal de A3 para Baa1 e diz que poderá efectuar mais cortes 
1 de Abril de 2011 Fitch corta "rating" de Portugal em três níveis para próximo de "lixo", de "A-" para "BBB-"
31 de Março de 2011 Presidente da República dissolve Parlamento e anuncia eleições legislativas para 5 de Junho. 
29 de Março de 2011 Standard & Poor’s volta a cortar o "rating" de Portugal, desta vez para BBB-, um nível acima de "junk" (ler notícia na íntegra)
25 de Março de 2011 Depois da Fitch, a Standard & Poor’s a corta o “rating” de Portugal para BBB. A dimensão do corte foi a mesma, bem como a explicação para a revisão em baixa: a queda do Governo
24 de Março de 2011 Fitch corta "rating" de Portugal em dois níveis, apesar de ter afirmado que a crise política não teria implicações do país (ler notícia na íntegra) 
23 de Março de 2011 O primeiro-ministro faz uma declaração ao País, onde anuncia a sua demissão e critica duramente os partidos da oposição. "Todos os partidos rejeitaram as medidas que o Governo propôs para evitar que Portugal tivesse de recorrer a uma ajuda externa, recusando qualquer negociação, qualquer compromisso, qualquer espaço para o debate político."
23 de Março de 2011 José Sócrates reúne-se com Cavaco Silva em Belém, onde apresenta a sua demissão
23 de Março de 2011 Partidos da oposição chumbam PEC IV (ler notícia na íntegra) 
15 de Março de 2011 Moody’s baixa "rating" da dívida portuguesa em dois níveis de A1 para A3. A perspectiva para a economia portuguesa é "negativa"
14 de Março de 2011 Sócrates faz comunicação ao País onde afirma que "uma crise política só agravaria a situação de Portugal" (ler notícia na íntegra)
14 de Março de 2011 Sócrates convoca Conselho de Ministros extraordinário, após PSD anunciar que não apoia as novas medidas de austeridade
11 de Março de 2011 Governo apresenta PEC IV. O ministro das Finanças anuncia reforço das medidas de consolidação orçamental ainda em 2011, como "medida de precaução" (ler notícia na íntegra) (fonte: Jornal de Negócios)

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Num cinema de Berlim jornalistas alemães fazem a autópsia da troika



“A sala do cinema Arsenal, em Potsdamer Platz, está cheia. Esta não é a estreia oficial do filme A Troika: Poder sem controlo, do jornalista Harald Schumann, realizado por Árpád Bondy. Essa será, oficialmente, na terça-feira, quando o canal Arte, que co-produziu o trabalho com a estação pública alemã ARD, transmitir o resultado de mais de um ano de investigação e entrevistas. Sábado, 21, foi apenas o dia do primeiro visionamento para “amigos e família”.
Ali, a dois passos do moderno edifício de cinemas – um gigantesco e envidraçado Sony Center –, erguia-se o muro de Berlim. Ainda restam algumas placas de cimento na praça, que já era uma das mais movimentadas do mundo no início do século XX. O muro agora é apenas uma cicatriz no alcatrão, duas linhas paralelas que serpenteiam pelas ruas, mais ou menos despercebidas, até que o betão irrompe, descontinuado, aqui ou acolá, como cenário para as fotos dos turistas. O resto das pedras foram levadas, como recordação. Berlim virou a página. E é isso que os cerca de duzentos convidados de Harald e Árpád estão aqui a fazer.
Ao longo do último ano, Harald, que é um dos mais reconhecidos jornalistas de investigação alemães, com livros que vendem mais de um milhão de exemplares, e um outro documentário, sobre bancos, no curriculum, viajou de Lisboa para Atenas, de Nicosia para Dublin, de Frankfurt para Washington. Entrevistou mais de trinta pessoas, de Yannis Varoufakis a obscuros burocratas da troika. Quando começou, a troika não era, como o muro, uma recordação ou uma cicatriz. Estava em plena actividade.
Quando, na última semana, terminou a montagem definitiva do documentário, o Eurogrupo parecia ter declarado o óbito desta associação informal da Comissão Europeia com o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, destinada a intervir nos países que deixaram de poder refinanciar as suas dívidas depois do pânico gerado pela crise financeira de 2008. Na sexta-feira à noite, Harald deu por terminado o trabalho. E o Eurogrupo chegou a acordo para uma extensão dos empréstimos à Grécia, pela primeira vez sem a chancela da troika.
Timing perfeito para a estreia, sublinhado pela grande ovação no final. Harald subiu, timidamente, ao palco para agradecer, com Bondy. E explicou o que leva um alemão a querer saber o que maioria das instituições europeias ignoraram durante quase quatro anos: Como foi possível que “um pequeno grupo de funcionários não-eleitos recebesse o poder de mudar radicalmente alguns países?” “Só no final de 2013, em véspera de eleições, o Parlamento Europeu decidiu investigar. Durante três anos ninguém quis saber…”
As respostas que Schumann encontrou são surpreendentes. Thomas Wieser, Presidente do Grupo de Trabalho do Eurogrupo, é um desses funcionários que poucos conhecem. Austríaco com gosto por gravatas pouco convencionais, é ele quem coordena os dossiês que, nas cimeiras dos ministros das Finanças da zona Euro, acabam por redundar em decisões políticas.
Wiesel olha com um ar desconfiado para a câmara de Schumann, mas ensaia uma resposta: “Todas as acções que foram tomadas nos países sob assistência não tiveram lugar dentro do quadro legislativo normal da União Europeia.” Este reconhecimento não é um sinal de arrependimento, contudo. Wieser acredita que esse “estado de excepção” legal se justificou.
Mesmo se isso levou a situações tão impensáveis como a que é descrita no filme pelo ex-ministro grego da Reforma Administrativa. Antonis Manitakis era o responsável da pasta no último Governo da Nova Democracia, de Antonis Samaras. Certa noite, “às 11 horas”, recebe uma chamada do chefe do FMI em Atenas (que também esteve em Portugal), o dinamarquês Paul Thomson. Ouviu uma voz ríspida do outro lado: “Depende de si se a Grécia recebe o próximo empréstimo de 8 mil milhões de euros:” Manitakis afirma, indignado: “Fui chantageado. Ele queria medo e submissão. Deu-me a sensação, nas reuniões que tivemos, que eu representava um país não apenas em dificuldades, financeiras, mas basicamente corrupto.”
Não se julgue que isto é uma questão de choque político ou ideológico. A ex-ministra do Trabalho, que agora é a presidente não-executiva do Banco da Grécia, conta uma história semelhante. Loika Katseli mostra um e-mail, que recebeu da troika, onde se lê, a propósito de uma proposta de lei que o Governo grego pretendia aprovar: “Cara ministra, pedimos desculpa, mas a sua proposta é inaceitável. A lei deve ser escrita do modo que se segue…” E lá aparecia uma nova redacção, minuciosa da lei. Com um pequeno problema: não era no sentido que o Governo, eleito, pretendia…
O pior que pode acontecer a um país é cair mãos de burocratas internacionais”, lamenta Paulo Nogueira Baptista, director-executivo do FMI, em Washington. Este brasileiro tem assento no “conselho dos 24” que comanda os destinos do Fundo, e reconhece que a participação da instituição no processo grego “foi um momento mau do FMI”. Não só porque tudo foi “pouco transparente”, mas também porque “nos ambientes protegidos de Washington e de Bruxelas” ninguém consegue “sentir os problemas dos países” sob intervenção.
Uma das entrevistas mais curiosas, e que despertou gargalhadas na assistência no cinema Arsenal, foi dada por um desses “burocratas”, Albert Jaeger, também austríaco, representante do FMI na troika portuguesa. O clímax aconteceu com uma pergunta simples de Schumann: “Porque está escrito no memorando português que o BPN tem de ser vendido no prazo máximo de um mês?” Resposta, sorridente: “Sobre esse assunto eu preferia não comentar casos específicos.”
Jaeger tem o papel de redimir a seriedade do documentário com momentos cómicos. Schumann pergunta-lhe por que razão insiste a troika em mexer na legislação laboral portuguesa e em baixar os salários. “Na situação em que Portugal se encontra, tem de aumentar a competitividade. Muitas das reformas laborais foram muito úteis para a competitividade da economia.”
Porém, os maiores beneficiários dessas medidas, os empresários portugueses, desmentem Jaeger no minuto seguinte. António Saraiva, da CIP, explica a Schumann que “os salários em Portugal não são elevados. Os salários baixos fazem parte de um modelo de desenvolvimento ultrapassado. Num inquérito aos nossos empresários, a reforma laboral aparece em sétimo lugar das suas prioridades. A troika limitou-se a ouvir-nos, mas pouco fez. Acho que deveria ter a nossa opinião em consideração.”
Paul Krugman, economista, resume o problema a Schumann: “Se nós somos Angela Merkel, tomamos decisões que afectam gregos e portugueses, mas só respondemos aos eleitores alemães…”
Estes eleitores alemães, aqui presentes em Potsdamer Platz, sorriem. E os eleitores dos países sob intervenção, quando tiverem a tentação de tomar a parte pelo todo também podem sorrir, quando descobrirem que Harald Schumann, que é grande-repórter do diário Der Tagesspiegel, tem como editora a filha do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Shauble” (texto do jornalista do Publico, Paulo Pena, com a devida vénia)

terça-feira, janeiro 27, 2015

Portugal pagou à 'troika' mais de 2.000 milhões de euros em juros e comissões

Li aqui que "Portugal pagou à 'troika' em 2014 mais de 2.000 milhões de euros em juros e comissões relativos ao empréstimo no âmbito do resgate internacional, um aumento de cerca de 240 milhões face a 2013, segundo números oficiais ontem divulgados. Segundo a síntese da execução orçamental ontem publicada pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), Portugal pagou aos credores internacionais 2.009,5 milhões de euros em juros e mais 18,6 milhões de euros em comissões. Em 2013, o Estado pagou um total de 1.759,3 milhões de euros em juros e comissões relativos ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), sendo que desse total apenas 55,6 milhões dizem respeito a comissões com o empréstimo. No conjunto do ano passado, contabilizando todos os instrumentos de dívida direta do Estado, Portugal gastou 7.098,4 milhões de euros com encargos com a dívida, um aumento de 1,3% face ao período homólogo, quando estes encargos se situaram nos 7.010,4 milhões de euros.

domingo, janeiro 25, 2015

Portugal pagou à 'troika' mais de 2.000 milhões de euros em juros e comissões

Li aqui que "Portugal pagou aos credores internacionais 2.009,5 milhões de euros em juros e mais 18,6 milhões de euros em comissões. Por Lusa Portugal pagou à 'troika' em 2014 mais de 2.000 milhões de euros em juros e comissões relativos ao empréstimo no âmbito do resgate internacional, um aumento de cerca de 240 milhões face a 2013, segundo números oficiais esta sexta-feira divulgados. Segundo a síntese da execução orçamental esta sexta-feira publicada pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), Portugal pagou aos credores internacionais 2.009,5 milhões de euros em juros e mais 18,6 milhões de euros em comissões. Em 2013, o Estado pagou um total de 1.759,3 milhões de euros em juros e comissões relativos ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), sendo que desse total apenas 55,6 milhões dizem respeito a comissões com o empréstimo"