Sondagens
Não valorizo sondagens, elas interessam sobretudo aos partidos para ajustarem a campanha aos factos. Acresce que muitas sondagens, pelo logro que alimentam, acabam por ter um reverso perigoso, o de contribuírem para afastar as pessoas das urnas, prejudicando todos os partidos;
Contra a abstenção
O desafio a 23 de Março é uma afluência importante, as pessoas que façam um esforço para que a representatividade dos eleitos, que nada tem a ver com a sua legitimidade, seja fortalecida. Seria óptimo que regressássemos aos 42,5% de abstenção de 2011 já que não considero plausível que repitamos os 39,5% de 2007;
Independentemente
do partido no qual queiram votar, espero que os eleitores participem no
processo eleitoral para que as regionais - que desde 2015 estão a perder
afluência - voltem a ser as mais importantes para os cidadãos da Região. Votar
é um dever cívico que não demora nada e faz-nos ter a consciência tranquila
para depois criticarmos seja o que for. Se não votamos perdemos a autoridade
moral dessa crítica legítima;
Potenciais erros de prioridades
Nesta campanha
eleitoral o que todos percebemos é que, para além de um imenso rol de
promessas, o que a oposição regional pretende é afastar o líder do PSD-Madeira,
alguns deles recusando negociar com os social-democratas, mesmo que sejam os
mais votados nas eleições. Será que esta estratégia concertada não vai ter
efeitos contrários junto do eleitorado?;
Os partidos e as "alternativas"
O JPP acha que apenas eles conseguem derrotar o
PSD-M apelando por isso ao voto útil e desvalorizando claramente o PS. Resta
saber se os eleitores se "esqueceram" que a JPP correu aceleradamente
para os braços do PS, depois das regionais de Maio de 2023, para um
"casamento" que não chegou sequer ao altar porque nunca teve
condições para ser formalizado por falta de seriedade. Os eleitores vão querer
saber quem é a cópia e quem é o original? Sobretudo quando está em disputa
eleitorado comum (ao PS) que precisa ser convencido das virtudes deste negócio
casamenteiro...por conveniência!
Cafofo, um homem sortudo
Já o PS de Cafofo sustenta que só com os socialistas haverá mudança - não se sabe bem qual - apelando ao voto útil e reclamando para si os louros de uma alternativa que só com ele pode acontecer. O problema reside na confiança que parece escassear e na certeza de que há uma enorme fome de poder que tem conduzido o PS para uma campanha assente nas promessas a pataco, muitas vezes a reboque de questões suscitadas pelo espaço mediático.
Cafofo é um homem de sorte. Por exemplo, foi um sortudo quando se livrou de ser acusado e julgado no caso da queda da árvore no Monte, em 2017, que matou 13 pessoas e fez dezenas de feridos, apesar de ter sido declarado inicialmente arguido no processo. Uma decisão que contrasta com o que se passou com um seu colega e antigo autarca do Porto Santo, em 2010, que foi acusado
O PS e as suas investigações...paradas!
Cafofo é um homem com sorte porque apesar da PJ
ter realizado em Outubro de 2020 buscas em três Câmaras Municipais lideradas
pelos socialistas - incluindo a do Funchal presidida por Cafofo - por suspeitas
de financiamento ilegal do PS-Madeira, viu o caso “adormecer” nas prateleiras
do Ministério Público sem que este tenha dado informações aos cidadãos sobre
essa investigação. É a tal balança desequilibrada da justiça quando se trata de
procedimentos ainda na fase de investigação e da instrução processual, que
pende sempre para o lado que eles escolhem... Isso não inibiu Cafofo de andar
nesta campanha eleitoral a promover julgamentos públicos de Albuquerque a
denunciar a sua culpabilidade, sem que a justiça, tal como na investigação
adormecida às autarquias PS, se tenha pronunciado ou formalizado acusação;
E o regionalismo do Chega?
Quanto à “delegação” do Chega na Madeira, que há
dias reclamou uma Região forte perante a República e Lisboa - algo que o
próprio Chega não consegue fazer estatutariamente a si próprio, pelo que não
passa de uma mera delegação local do partido de Ventura, e uma marionete às
ordens e imposições de Lisboa e das vontades, bem ou mal humoradas, da sua
liderança. Nem a lista de candidatos a deputados regionais pelos vistos consegue
aprovar localmente...
Alguém acredita na hipocrisia de Albuquerque?
O PSD-Madeira reclama, e bem, a necessidade de estabilidade que garante uma governação sem atropelos e com continuidade, pedindo aos eleitores, independentemente de tudo, um voto de confiança a roçar a maioria absoluta para reduzir a as necessidades de negociação com terceiros.
Alguém acredita que Albuquerque, a propósito dos processos judiciais que sobre ele impendem, e apesar de não se conhecer nenhuma decisão concreta da justiça, estaria brincar com o jogo e a arriscar concorrer a estas eleições regionais (inquestionavelmente as mais difíceis para o PSD-Madeira), para ganhá-las, ser eleito, continuar a reclamar inocência e daqui a uns meses ser confrontado com acusações já mais fundadas e concretas, situação que o afastaria de funções públicas e que destruiriam a sua carreira política e sobretudo a sua imagem publica em termos sociais? Acham mesmo que esse masoquismo é imaginável?
Julgamentos na praça pública por mero interesse partidária
Contudo, a oposição vaticinou concertadamente
nesta campanha eleitoral, na sua fobia de julgar antecipadamente os outros na
praça pública por mero oportunismo político e interesse partidário e eleitoral,
ao mesmo tempo que esconde habilmente processos em investigação ainda não
arquivados, que vários partidos enfrentam, incluindo negócios de financiamento
e relações com empresas com diversas ligações pessoais (LFM, 18.03.2025)
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