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segunda-feira, setembro 16, 2013

Analista alemão: Portugal não deve excluir saída do euro

Wolfgang Munchau, que é colunista e editor do Financial Times (veja aqui o vídeo da TVI)

quarta-feira, julho 24, 2013

terça-feira, julho 23, 2013

Portugueses estão mais fartos do euro do que os gregos

Diz o Dinheiro Vivo que os portugueses manifestam maior hostilidade em relação à zona euro do que os gregos. De acordo com o inquérito Eurobarómetro da primavera, hoje divulgado, Portugal é o segundo país do euro, a seguir ao Chipre, com pior opinião da moeda única, partilhando esse grau de descrença com Espanha. O estudo indica ainda que a hostilidade da Europa contra o projeto da moeda única está em máximos desde pelo menos 2005. O estudo, conduzido junto de 26.605 pessoas por toda a Europa entre 10 e 26 de maio (doas quais 1004 portugueses), indica que 37% dos inquiridos nacionais estão "contra" a União Económica e Monetária (UEM), valor igualado pelos espanhóis e apenas superado pelos cipriotas (47% estão contra o euro), refletindo ainda o trauma do ‘corralito’ (fecho forçado de bancos e interdição de levantamentos de dinheiro) e da intervenção caótica da Comissão Europeia no país, em março deste ano. Na Grécia, o país mais economica e socialmente 'sacrificado' com as políticas de saneamento e de austeridade da troika, gosta-se mais do euro do que em Portugal: 36% dos gregos estão contra a UEM. Da mesma forma, o Eurobarómetro faz a pergunta pela positiva e eis que 60% dos gregos continuam a favor do euro, ao passo que em Portugal apenas 52% conseguem dar nota positiva ao projeto da UEM. Segundo o estudo, os países mais hostis ao euro não têm a moeda (Suécia e Reino Unido, onde 79% estão contra a divisa). A Eslováquia e a Eslovénia, que integram a UEM, são os mais positivos em relação à moeda (77% dos inquiridos a favor). Dramático é o declínio na popularidade do projeto da moeda única a nível europeu, que está no pior momento dos últimos sete anos, pelo menos. Em média, apenas 51% dos europeus se mostram a favor do euro, um recorde (mínimo) no período em análise. E 42% estão contra, um máximo desde início de 2006.

segunda-feira, maio 06, 2013

Fundador do euro pede fim da moeda única...

Escreve o Económico que "o ex-ministro das Finanças alemão pede o fim da moeda única para que os países do sul da Europa possam encontrar o caminho para a recuperação. Num comunicado colocado no site do Partido de Esquerda do Parlamento alemão, Oskar Lafontaine considera que as políticas de austeridade estão a levar ao desastre: "a situação económica piora de mês para mês e o desemprego atingiu um nível que coloca as estruturas democráticas em questão", afirma Lafontaine, citado pela Associated Press. O responsável aponta o dedo a Merkel, acusando-a de ser uma das principais responsáveis da crise na Europa e considera que a chanceler alemã só "vai despertar do seu sono hipócrita" quando "os países europeus unirem esforços para forçar uma mudança de política", às custas da Alemanha. "Os alemães ainda não perceberam que o sul da Europa, incluindo a França, vai ser forçado pela sua miséria actual a lutar, mais cedo ou mais tarde, contra a hegemonia alemã", sublinha. Lafontaine propõe ainda uma reestruturação do sistema bancário da Europa, medidas de controlo mais estritas sobre os credores e um regresso ao sistema monetário europeu que antecedeu o euro, que permite fazer "desvalorizações e valorizações controladas" das moedas nacionais. Oskar Lafontaine é hoje um dos principais dirigentes do partido Die Linke (A Esquerda), que surgiu em 2007 de uma fusão entre a WASG, uma coligação eleitoral com influência na Alemanha Ocidental, e o PDS (Partido do Socialismo Democrático), a organização que surgiu do extinto partido único da Alemanha Oriental, o SED".

Futuro do euro: “Espanha precisa de voltar à peseta”, diz Prémio Nobel


Li no Económico que "o Nobel da Economia, James Mirrlees, defendeu que Espanha devia sair do euro e imprimir dinheiro. "Voltar à peseta. Imprimir muito dinheiro e usá-lo em investimentos públicos em políticas de emprego". É a receita que o vencedor do Nobel da Economia em 1996, o escocês James Mirrlees, dá a Espanha, em declarações ao Expansión. O economista defende que até há sinais positivos para a União Europeia em termos de procura, mas teme que essa procura não chegue a Espanha. "Sou pessimista. Não vejo nada que tire Espanha da situação actual". Assim, Mirrlees considera que o melhor para Espanha é estimular a procura e que para conseguir esse objectivo o país deve sair do euro, reintroduzir a peseta, imprimir dinheiro e avançar com investimento público em infra-estruturas, por exemplo. Já em relação ao papel do BCE, Mirrlees diz que Frankfurt não está a fazer o suficiente, comparativamente às medidas de política monetária que estão a ser tomadas no Japão e nos EUA. E defendeu que o corte de juros, como o que foi feito no BCE na semana passada, não é eficaz.O escocês ganhou o Nobel em 1996 pelos estudos que realizou sobre o impacto de incentivos, noemadamente fiscais, em condições de informação assimétrica. Há economistas que defendem a mesma solução para Portugal. Um dos exemplos é João Ferreira do Amaral, que sugere uma saída ordenada do País da união monetária como uma condição para se regressar ao crescimento".

quarta-feira, abril 17, 2013

Soros: Saída da Alemanha do euro seria milagrosa para os devedores

Li no Dinheiro Vivo que "em entrevista ao jornal espanhol El País, o investidor norte-americano George Soros é bastante crítico das politicas alemãs no seio da União Europeia. Segundo Soros, “a Alemanha deve decidir se quer refazer a UE da forma que estava originalmente destinada a ser, o que pressupõe aceitar as responsabilidades e cargas necessárias para avançar nessa direção, ou deve considerar sair do euro e deixar ao resto dos países que creem nos eurobonds, possam combater a crise”. Para o investidor, uma saída da Alemanha da zona euro não seria dramática e até podia revelar-se proveitosa para os países devedores. Isto porque “os países devedores ainda teriam o euro e o Banco Central Europeu”, diz. “Os devedores ainda teriam que seguir uma política comum para manter o euro como uma moeda em funcionamento, mas não teriam que pagar um preço terrível”, refere Soros. Esta saída, julga o investidor internacional seria “ pouco menos que milagroso” para os países devedores, já que se tornariam em “ economias competitivas” e “o peso da dívida diminuiria com a desvalorização do euro”. “Toda a comida lhes chegaria de Espanha e Itália, e a maioria seria mais barata do que a que é feita na Alemanha. Teria talvez alguns problemas com o desemprego. E a Espanha recuperaria”, explica.Assim, Soros considera que a política que está a ser seguida deve ser invertida, dado que “o mundo inteiro sabe que você não pode reduzir o peso da dívida, diminuindo o orçamento sob as condições atuais”, dado que o PIB regride a carga da dívida aumenta. “Isto admite-se em todo o lado menos na zona euro”, lamenta. Esta crise, acredita George Soros, mudou a própria face da União Europeia, que mudou “de uma associação voluntária de Estados iguais para uma relação de credor e devedor”. “Em situações de crise, os credores ditam os términos da relação, que levam os devedores a uma pior situação”, o que “condena a UE a um futuro sombrio”. A solução passaria por “converter a velha dívida existente em eurobonds”, sendo que assim os custos de financiamento dos Estados diminuiriam e os orçamentos poderiam equilibrar-se e apresentar mesmo superávits. Ainda no que toca à União Bancária, lamenta que o acordo atual deixe de fora alguns pequenos bancos alemães, beneficiando este país em relação aos países devedores. “Os landesbanken são parecidos com as cajas espanholas, fonte de muita corrupção e má gestão”, lembra. Contudo, perguntado sobre se investiria em Espanha, Soros respondeu negativamente por não ser um “investido ativo”, ressalvando contundo que “se se mudarem as políticas a Espanha pode-se tornar num local muito atraente para os investidores”

segunda-feira, abril 15, 2013

Estudo recomenda fim das notas de 500 euros

Li no site da RTP que "o debate sobre as notas de 500 euros voltou a reacender-se, num momento em que a Europa investe no combate à evasão fiscal. Conhecidas por ‘Bin Ladens” em Espanha, por raramente serem vistas por pessoas comuns, estas notas são muito utilizadas em atividades criminosas e na economia paralela, sendo um instrumento perfeito para quem quer armazenar dinheiro escamoteado aos impostos. A firma americana de investimento Merrill Lynch recomenda mesmo ao BCE que retire de circulação as notas e utilize os lucros da operação na recapitalização da economia europeia.“Embora o Banco Central Europeu não tenha previsto suprimir as notas de 500 euros, pensamos que o deveria fazer” escreve o analista da Merrill Lynch, Athanasios Vamvakidis, num estudo divulgado pela firma na semana passada. Segundo este analista, a nota de 500 euros representa agora 33 por cento do valor de euros em circulação, quando representava apenas 13,7 por cento quando foi introduzida em 2002. Em fevereiro de 2013 eram 290.000 milhões de euros, dois terços dos quais se calcula estarem em cofres particulares ou debaixo de colchões. Poucas pessoas os vêem passar à sua frente no dia a dia.“O que propomos é abolir a nota. Se fizerem isso vão enfraquecer o euro, já que um terço dos euros estão nesta denominação, o que seria bom para a economia”, diz o coautor do relatório da Merrill Lynch, referindo-se à consequente baixa do preço das exportações europeias.
Taxa de 100 por cento sobre as atividades ilegais
Segundo o analista da Merrill Lynch, a abolição da nota pode ser feita de forma a taxar as atividades ilegais.“A forma de fazer isso é dar um período de tempo curto para as pessoas depositarem estas notas num banco e transformá-las noutras denominações, e logo a seguir, abolir totalmente a nota” , explica Vamvakidis, “se fizerem isso e derem um tempo suficientemente curto, os criminosos não vão conseguir branquear esse dinheiro”. O estudo recomenda que, para além de um certo valor, os depositantes fossem obrigados a justificar a proveniência do capital de modo a garantir que era legal.
"Plano só teria vantagens" diz Merryl Lynch
O facto de haver maiores depósitos de dinheiro contribuiria para recapitalizar os conturbados bancos da Zona Euro. Além disso, todas as notas que não fossem depositadas no prazo de um mês ou que não pudessem ser justificadas por fontes de rendimento legais, passariam a figurar como lucros do Banco Central Europeu.“Isso equivale a aplicar uma taxa de 100 por cento sobre as notas de 500 euros que forem provenientes de lucros ilegais", diz Vamvakidis, que propõe que esse dinheiro poderia ser usado para recapitalizar os bancos da Zona Euro e para aumentar a capital do Mecanismo Europeu de Estabilidade [o fundo permanente de resgate da Zona Euro].“Não vimos nenhum indício que sugira que o BCE e as autoridades da Zona Euro estejam a considerar um esquema desses, mas acreditamos que a ideia só teria vantagens”, pode ler-se no estudo da Merrill Lynch.
Retiradas no Reino Unido
Não é a primeira vez que as notas de 500 euros estão debaixo de fogo. Em maio de 2011, foram retiradas de circulação no Reino Unido, depois de a polícia ter relacionado 90 por cento das notas a atividades criminosas desde a evasão fiscal até ao terrorismo.No ano anterior, as autoridades britânicas tinham apanhado em flagrante um gangue criminoso que branqueava capitais, enchendo caixas de cereais com notas de 500 euros até perfazer 300.000 euros em cada uma. A fraude ascendia a 24 milhões de libras esterlinas, quase 29 milhões de euros.
Uma das últimas "grandes notas" a nível mundial
Por causa do seu alto valor, estas notas são utilizadas para guardar dinheiro e não para o gastar, já que milhões de euros podem ser guardados num cofre de reduzidas dimensões. Outra desvantagem é a fraude. Em maio de 2012 as autoridades da União Europeia confiscaram cerca de 250.000 notas falsas de 500 euros. A nota de 500 euros é uma das últimas de grande valor ainda existentes a nível mundial. Nos Estados Unidos todas as notas acima de 100 dólares saíram do circuito monetário em 1969 na sequência de uma ordem executiva do então presidente Richard Nixon. Em 2000 o Canadá retirou da circulação a sua nota de 1000 dólares canadianos. Também nesses casos a utilização ilegal das notas esteve na origem da decisão"

domingo, abril 07, 2013

O novo livro de Ferreira do Amaral: Porque devemos sair do euro

Escreve o Dinheiro Vivo: “Felizmente a questão de uma eventual saída do euro deixou de ser um tema tabu. Há já hoje, em Portugal e no exterior, muita reflexão sobre essa matéria. Para quem, como eu, não tem a religião do euro - ficou provado que a participação no euro foi um desastre de grandes proporções, que põe em causa a própria sobrevivência do nosso País -, é prioritário para Portugal sair do euro, uma vez que não temos qualquer possibilidade de crescer rapidamente dentro de uma zona monetária com uma moeda tão forte como é a moeda europeia.  Acho espantoso que os defensores da nossa participação no euro, depois de terem sido completamente desmentidos nas suas afirmações que aconselhavam a nossa participação na moeda única, façam agora o seguinte raciocínio: "Como a participação no euro foi um desastre, a partir de agora é que vai ser um êxito."  O argumento é obviamente pouco inteligente e revela uma incapacidade de análise crítica confrangedora, própria - como já tive oportunidade de dizer - das nossas elites. E a afirmação é tanto mais descabida quanto é certo que a nossa estrutura produtiva está hoje ainda muito mais débil do que estava em 1992. Logo, mais alguns anos de moeda forte terão um efeito muito mais devastador ainda do que tiveram nos quinze que decorreram entre o início da caminhada para a moeda única e a crise actual. Quem considera que temos possibilidade de estar no euro com a economia no estado de debilidade em que actualmente se encontra, a meu ver, não sabe o que diz. Mas quando as questões monetárias entram no domínio religioso, é impossível debater as coisas de forma minimamente racional. Por isso, é confrangedora a incapacidade desses dogmáticos do euro para refletirem sobre o desastre: não o da nossa saída, como costumam ameaçar, mas daquele que resultará da nossa permanência na moeda única.
A prioridade das prioridades deve ser repor o equilíbrio na nossa estrutura produtiva entre produção de bens transaccionáveis e não transaccionáveis. Um país como o nosso, quando tem apenas - como na actualidade - 13% do PIB originado na indústria e 2% gerado no sector primário, não vai longe. Precisa de uma reindustrialização urgente (incluindo neste termo o sector primário). Para tal é necessário um grande golpe de rins, um intenso choque competitivo que, para ser susceptível de ser suportado pela população, tem de provir necessariamente da desvalorização cambial. De outra forma, o choque competitivo será de tal forma doloroso do ponto de vista social que a população não o suportará.  O País precisa também da emissão monetária própria para permitir ao Estado evitar a bancarrota interna. E não só: a emissão monetária própria é também necessária para amenizar os efeitos negativos da desvalorização cambial, em particular sobre os mais endividados e os de menores rendimentos. Mas a saída da zona euro não deve ser feita de qualquer maneira. Deve ser controlada. Existiria aí, sim, um desastre se fôssemos empurrados para fora do euro - situação que considero inevitável, se persistirmos em manter-nos lá a todo o custo. Também não me parece viável nem desejável, do ponto de vista político, a solução que alguns autores propõem de uma saída de um dia para outro, que apanhe os cidadãos desprevenidos, após uma preparação secreta. Tal seria politicamente inaceitável, exigiria certamente a declaração de um estado de excepção e é mais do que duvidoso que se pudesse manter o sigilo na preparação da saída. Por isso, a saída deve ser anunciada simultaneamente pelas autoridades nacionais e comunitárias.
Para sairmos de forma controlada, para além de só se dever encarar a questão quando a zona euro estiver minimamente estabilizada, há pelo menos cinco condições que deverão ser asseguradas:
a) Anunciar-se-ia amplamente (e cumprir-se-ia, claro) que as aplicações financeiras em instituições portuguesas manteriam o seu valor em euros, de modo a não se gerar um pânico na transição para a nova moeda; quanto ao Estado, continuaria a honrar a sua dívida em euros. Esta garantia deveria ser prestada pelas autoridades nacionais e comunitárias em conjunto.
b) O balanço dos bancos não seria prejudicado, pelo que os créditos a famílias, empresas e Estado aumentariam na nova moeda em função da desvalorização desta.
c) Para evitar um incumprimento generalizado por parte dos devedores à Banca, o Estado substituir-se-ia a estes no montante do aumento da dívida em moeda nacional que resultasse da desvalorização. O Estado financiaria este acréscimo de dívida (que é interno) através de empréstimos contraídos junto do Banco de Portugal expressos na nova moeda.
d) Entraríamos no Mecanismo de Taxas de Câmbio II, que regula as relações dos países do euro com as dos estados membros que não adoptaram a moeda europeia. Tal significa que, ajudados pelo BCE, teríamos de manter a nova moeda numa banda de flutuação de 15% em relação a uma taxa de referência da nova moeda relativamente ao euro; esta taxa de referência seria desvalorizada todos os meses em regime crawling peg (desvalorização deslizante), de modo a que a desvalorização da nova moeda se fizesse de forma progressiva.
e) Seria obtida a cooperação das autoridades europeias em dois pilares: governos e BCE. Os governos autorizariam um novo empréstimo (empréstimo que, em qualquer dos casos, vai ser necessário) que será fundamental para honrar a dívida do Estado e sustentar a balança de pagamentos durante o período de um ano, um ano e meio que a desvalorização da moeda demorará até ter efeitos positivos no reequilíbrio das contas externas; o BCE comprometer-se-ia a renovar durante algum tempo a dívida dos bancos portugueses e também - como, aliás, é seu dever - a ajudar a nova moeda a manter-se na banda de flutuação. Abriria ainda uma facilidade especial, temporária, de crédito aos bancos portugueses durante a fase de transição para a nova moeda, a utilizar, se necessário, de modo a reagir imediatamente a qualquer sintoma de pânico.
Não me parece inviável obter o apoio das instituições comunitárias e dos estados-membros para uma saída controlada do euro, pois a saída da zona euro será benéfica para Portugal e sê-lo-á também para os outros parceiros da moeda única.  Queiramos ou não, a verdade é que a débil situação estrutural da nossa economia será sempre e cada vez mais um factor potencial de instabilização da zona euro e, por isso, os nossos parceiros receberão certamente, com alívio, essa saída (se for controlada) e tomarão uma atitude cooperante.  Há, pois, condições para um divórcio de mútuo consentimento. Mais: arrisco-me a afirmar que os mercados também a encararão com optimismo, se forem prestadas as garantias suficientes que acima referi.
Com efeito, a confiança que nos atribuíam por pertencermos ao euro, perdeu-se há muito tempo. Estava assente no pressuposto de que, em caso de dificuldades de um país, os outros ou as instituições europeias o apoiariam incondicionalmente. Esse pressuposto - no qual nunca acreditei - esfumou-se completamente. Então, só há uma possibilidade de cumprirmos os nossos compromissos: é recomeçarmos a crescer rapidamente com base na produção de bens transaccionáveis, gerando saldos positivos na balança de pagamentos. Objectivos que os mercados sabem muito bem que não conseguiremos alcançar continuando a fazer parte do euro. A saída é uma condição essencial para evitar a estagnação durante décadas e para manter um mínimo de autonomia em termos políticos, mas não nego que tem riscos. A verdade é que também o tem qualquer operação cirúrgica que infelizmente precisemos de fazer. Sofrer uma intervenção cirúrgica é arriscado e doloroso. Mas, muitas vezes, é a única forma de salvar o doente. Para Portugal poder ganhar de novo esperança no futuro, a primeira ruptura a fazer é - volto a repetir - a saída do euro. Mas não será a única. É importante também fazer um corte relativamente ao que tem sido o essencial da política externa.
Reforço de novas alianças não europeias
Desde que aderiu à então CEE, em 1986, Portugal optou pelo completo seguidismo em relação à Europa. Tudo em nome do princípio absurdo de que o que é bom para a Europa é bom para Portugal. Nenhuma autonomia de pensamento, nenhuma visão sólida dos interesses nacionais permanentes presidiu a esta antipolítica que foi o seguidismo europeu. Este comportamento é bem característico da qualidade das nossas elites, a que já me referi. Elites que, neste domínio, devem ter personificado um caso único em toda a História. Com efeito, tem sido relativamente frequente ao longo dos tempos que um estado emergente estabeleça como objectivo nacional dotar-se de moeda própria. Compreende-se porque é um instrumento importante para a sua autonomia. Mas que uma elite, como a portuguesa, estabeleça, como único projecto nacional consistentemente prosseguido, perder a autonomia monetária deve ser caso único da História e revela bem a qualidade dessa elite.  Este seguidismo europeu só recentemente tem vindo a ser corrigido (mas não no que se refere ao programa de ajustamento económico e financeiro) de forma ténue, devido, em primeiro lugar, à crise. A mudança começou ainda no tempo dos governos Sócrates e tem continuado no actual governo, o que, em minha opinião, constitui um aspecto positivo. Positivo mas insuficiente.
É preciso ir muito mais além e ter noção de que os nossos aliados de futuro não se podem encontrar numa Europa dominada pela Alemanha, que já provou ser implacável para com os mais débeis. Seria um desastre embarcarmos numa estratégia de "orgulhosamente sós"19. Pelo contrário, existem felizmente muitas alternativas: toda a América (do Norte e do Sul), Angola, China e outras nações do Extremo Oriente são parceiros que podem e devem ter muito mais entrada no nosso futuro. Vou dar um exemplo. Temos já hoje uma enorme riqueza ainda por explorar, que é a nossa plataforma continental - e espera-se que venha até a alargar os seus limites. A Europa já olha gulosa para essa oportunidade (ver a recente Declaração de Limassol sobre o assunto, de Outubro de 2012, em que se acena com fundos para uma política marítima europeia). Já inventou uma política marítima europeia e, sabendo o que a casa gasta, já promete fundos às nossas elites para que estas abram mão dos recursos. Não devemos deixar a Europa, enquanto tal, imiscuir-se no aproveitamento da nossa plataforma continental (o que não quer dizer que não acolhamos países europeus individualmente considerados). Mas as grandes parcerias que devemos estabelecer para aproveitarmos essa riqueza devem estar na América, em particular, nos Estados Unidos e Brasil.
Conclusão: O ressurgimento nacional
Quando aderimos à moeda única, entrámos no projecto errado. Errado para nós e, quase certamente, errado também para a Europa. Temos de mudar de projecto. Persistir naquilo que visivelmente não funciona, além de obtuso, é desastroso. Esta mudança é uma condição essencial para permitir um ressurgimento nacional, que passa necessariamente pela adopção de novas estratégias e por novos posicionamentos no mundo. Não se trata de cortar com a Europa. Mas precisamos de ter consciência de que a Europa de 2013 pouco já tem que ver com a de 1986. É hoje um espaço de domínio alemão. Por isso, temos toda a vantagem em adoptar um posicionamento na cena europeia semelhante aos Ingleses que, como sempre, viram muito melhor do que os outros o que verdadeiramente significava a moeda única.
Trata-se de ganhar de novo autonomia monetária, que permita libertar o Estado da bancarrota interna e que possibilite a inadiável reindustrialização através de um choque competitivo que só pode vir de uma significativa desvalorização cambial.
Trata-se também de avançar para projectos verdadeiramente nacionais, como a exploração das riquezas marítimas (e não nos enganemos: elas são, de facto, muitas) em parcerias com países de outros continentes.
Temos um futuro à nossa frente, que pode ser aliciante e digno. Mas para isso é preciso cortar com a asfixia europeia. Persistirmos numa atitude seguidista face à Europa, atitude que era já inadequada quando a Europa funcionava bem, mas que se torna agora incompreensível quando a União se transformou num espaço de exercício do poder alemão, é não só inadequado mas positivamente tolo.
Portugal merece melhor(fonte: novo livro de João Ferreira do Amaral, "Porque devemos sair do euro: O divórcio necessário para tirar Portugal da crise". O autor argumenta que podemos e devemos sair do euro, permanecendo na União Europeia. Explica como e quando e aponta os caminhos para um Portugal pós-euro)

quarta-feira, outubro 17, 2012

Estudo revela que saída de Portugal do euro pode ser mais grave do que a da Grécia

Garante o Jornal I que "
um estudo alemão, da Prognos AG, considera que a saída de Portugal do euro pode ter efeitos graves, sobretudo para a França, que sofreria uma travagem no seu crescimento económico equivalente a 1%, além de perdas de 17,6% do PIB. O estudo refere ainda que a saída de Espanha ou de Itália seria também preocupante, mas relativamente fácil de controlar. Uma eventual saída da Espanha e da Itália do euro desencadearia "erupções económicas sem precedente na Europa e no mundo", numa dimensão que "não se poderia medir com critérios e conceitos actuais como o de crise", sublinha o estudo. O colapso do euro custaria à economia mundial 17 mil milhões de euros. A simulação foi feita para os efeitos que teria o colapso do euro sobre 42 países, entre as grandes potências industriais e os chamados países emergentes, que totalizam cerca de 90% da economia mundial". Aceda ao site da Pognos aqui nas só em lingua alemã

terça-feira, janeiro 06, 2009

Euro: Amado reconhece que nos adaptamos mal

Li aqui que "Portugal «adaptou-se mal» à integração na moeda única europeia, sobressaindo problemas estruturais como a existência de um «Estado pouco eficiente, uma economia pouco competitiva e uma sociedade com pouca autonomia», afirmou Luís Amado. «Sabemos todos que a forma como a economia portuguesa reagiu à integração na União Económica e Monetária penaliza-nos e temos assistido a um processo de divergência paulatino com a União Europeia nos últimos tempos. Esse é um processo que nos aflige a todos», disse o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, na abertura do Seminário Diplomático, citado pela Lusa. «E aí, os aspectos estruturais mais difíceis com que temos de lidar vieram ao de cima e estamos a vivê-los no dia a dia: um Estado pouco eficiente, uma economia pouco competitiva e uma sociedade com pouca autonomia, excessivamente dependente do Estado», disse. Segundo Amado, «o Governo procurou reagir» através de um programa de reformas nos sectores fundamentais e de um esforço de contenção que permitiu «durante dois anos ter o défice mais baixo dos últimos 30 anos», mas a grave crise internacional «veio evidenciar com toda a crueldade» esses problemas estruturais e «interromper um processo de recuperação que o país vinha seguindo".
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Escudos ainda têm adeptos

sábado, setembro 27, 2008

Euro provocou perda de competitividade da Europa...

O curioso desta notícia do Publico, do autoria da jornalista João Ramos de Almeida reside na afirmação de que "desde a sua criação em 1999 até 2008, a moeda única europeia foi responsável por uma perda de competitividade do preço das mercadorias da zona euro em cerca de dez por cento, contrastando com os ganhos dos Estados Unidos, do Japão e do Reino Unido. A conclusão é de dois economistas do Banco Central Europeu num artigo sobre os efeitos da globalização na competitividade da zona euro. Filippo di Mauro e Kristin Forster partem do factor preço como elemento base da competitividade, mas sublinham não ter sido esse factor transversal a motivar as diferentes situações em cada dum dos países da zona euro, que registaram efeitos bastante heterogéneos. Usando um indicador harmonizado, a repercussão nos preços das exportações variou entre valores quase nulos (Áustria, Alemanha ou França) até quebras assinaláveis - Espanha (acima dos 15 por cento) ou da Irlanda (a rondar os 28 por cento). Essas perdas parecem, contudo, ter sido mais homogéneas desde 2006. Apesar disso, Di Mauro e Forster desvalorizam o papel do euro, uma vez que não se registam alterações significativas na ordenação dos países quando se considera os preços dentro e fora da zona euro. "A principal mensagem, portanto, é a de que a evolução dos custos e preços internos de cada país da zona euro representa o factor principal das alterações nas posições relativas na competitividade", concluem. Os autores referem, todavia, que mais recentemente têm vindo a esbater-se as diferenças de custos salariais entre a zona euro e os Estados Unidos. A explicação para os diferentes impactos encontra-se - sublinham - na progressiva presença da China nos mercados internacionais e, consequentemente, nos efeitos sectoriais em cada um dos países. Com a entrada de capitais na China - ampliando a parte da produção em "outsourcing" -, "a China tem-se especializado apenas marginalmente nos sectores em que a área euro se especializou" (exportações de média-elevada tecnologia) e posicionou-se, antes, na produção de equipamento de rádio, televisão e telecomunicações ou em serviços de contabilidade e de computadores. Outro facto "interessante" é o de a China estar a especializar-se em indústrias de elevado conteúdo tecnológico e a retirar-se dos sectores tradicionais (têxteis, vestuário e calçado). Globalmente, a zona euro não parece ter sido afectada. Mas o mesmo não se passa em cada um dos países. Enquanto a Irlanda e a Holanda parecem ter beneficiado da procura mundial em bens de elevada tecnologia, países como Grécia, Portugal e até Itália parecem estar mais expostos à concorrência chinesa nos sectores tradicionais, o que é "consistente com as perdas de mercado" desses países desde 1999".