sexta-feira, maio 23, 2025

Três em cada cinco portugueses não têm dinheiro para as necessidades básicas, aponta estudo

Os portugueses não têm meios para suprir as despesas diárias, sendo que as restrições orçamentais são um dos principais obstáculos ao consumo, revelou esta terça-feira o estudo Barómetro Europeu 2025 do Observador Cetelem, publicado no ‘Diário de Notícias’: três em cada quatro cidadãos nacionais assume ter dificuldades financeiras e três em cada cinco diz mesmo não conseguir cobrir as suas necessidades básicas. Já 18% dos participantes em Portugal admitiu não só a incapacidade de pagar os encargos essenciais, como também a ausência de qualquer alternativa para enfrentar essa situação.

“59% dos inquiridos afirma que não consegue fazer face às suas necessidades básicas, mas desenvolve estratégias que lhes permite dar resposta a esse desafio. Em Portugal 18% dos inquiridos consideram que não têm dinheiro para satisfazer as suas necessidades básicas, o que quase equivale à percentagem de pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza”, indicou o estudo, conduzido em 10 países e perto de 11 mil inquiridos sobre o consumo na Europa.

Portugal lidera como o país onde mais cidadãos sentem falta de dinheiro (77%): 86% dos europeus afirmam que já ter sentido frustração por não conseguirem gastar como gostariam. Neste indicador, Portugal posiciona-se em segundo lugar, apenas atrás da Roménia, com 91% dos inquiridos a reconhecerem a frustração face à escassez de orçamento. “A Roménia, Portugal e a Polónia são os países em que a insatisfação é mais acentuada, enquanto na Bélgica, França e Reino Unido a frustração é menos percetível”, frisou o estudo.

se recebessem uma quantia inesperada de dinheiro, 84% dos portugueses afirma que optaria por poupar, enquanto apenas 16% manifestou a intenção de gastar. Neste contexto, Portugal tem a mais elevada taxa de intenção de poupança e a mais baixa de intenção de consumo entre os países europeus: apenas 39% dos inquiridos perspetiva gastar mais durante este ano, uma descida significativa em relação aos 48% registados em 2024.

“Este cenário de cautela manifesta-se num contexto de pessimismo generalizado, em que os portugueses, a par dos romenos, se revelam entre os mais apreensivos da Europa. Em Portugal, a inflação tem vindo a diminuir de forma assinalável, mas a perceção dos consumidores e os efeitos persistem: 61% dos portugueses ainda percecionam um aumento significativo dos preços, um valor elevado, embora inferior aos 81% registados no ano anterior. O impacto dos preços da alimentação e da energia ajudam a explicar esta perceção, sobretudo entre as famílias com rendimentos mais baixos”, apontou o diretor de marketing do Cetelem, Hugo Lousada.

Os portugueses, no entanto, pretendem poupar: 65% dos inquiridos afirmou que pretende poupar este ano – um valor 10% acima da média europeia – e tornou Portugal, ao lado da Roménia e do Reino Unido, como um dos países que mais pretende colocar dinheiro de lado. “Esta atitude cautelosa prevalece e pode ter origem na intenção de não comprometer o futuro e de manter uma certa margem de manobra financeira numa altura em que os défices públicos atingem valores recorde em alguns países, o que pode vir a provocar aumentos de impostos que terão um efeito negativo no poder de compra”, concluiu o estudo (Executive Digest)

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