terça-feira, setembro 15, 2015

Opinião: a facilidade de perceber as sondagens e os dilemas de Costa

Muito francamente é com este discurso (ver video num post imediatamente anterior a este nota) que até pode esconder o que realmente pretenderão fazer se voltarem a ganhar as eleições - o que não deixa de ser grave porque mais do que voltar a iludir e a mentir aos portugueses é evidenciar uma desonestidade intelectual inadmissível numa democracia séria e consolidada - que Passos consegue convencer as pessoas. Esta dialéctica associada à teoria insistente do medo, da repetição de tudo o que se passou com Sócrates, da falência do país, da vinda da troika e do  FMI para Portugal, impondo ordens ao governo democraticamente eleito pelo povo, numa descarada subversão dos mais elementares princípios da democracia eleitoral, ao medo de sermos obrigados a passar por toda a trampa que passamos estes anos todos, o medo de uma maior roubalheira  com salários e pensões, o medo da continuidade ou reforço da vergonhosa roubalheira feita por esta corja de bandalhos aos portugueses por via dos impostos - mas sem deixarem de arranjar sempre que preciso milhares de milhões de euros para o sistema capitalista e para a banca -  o medo do reforço deste combate ideológico às responsabilidades constitucionais do estado social, o medo pelo aumento da pobreza, o medo pela vergonha de mais e mais emigração dos nossos jovens, dividindo famílias e lançando a frustração e a desilusão em milhares de jovens e seus familiares mais directos, etc, que se justificam as sondagens. Os eleitores - e admito isso sem hesitação - olham para Costa e não o conseguem ver como  uma alternativa credível. Além de ter sido um dos braços-direitos de Sócrates, Costa entusiasma pouco, mobiliza quase nada, salvo quando a máquina de propaganda do PS se coloca no terreno, não passa de uma fabricação, tal como Passos, das jotas de outros tempos, do fundamentalismo ideológico que variava ora mais para a direita, quase a roçar o proto-fascismo liberal, ora mais para a esquerda, quase a roçar a linha de um extremismo envergonhado.
o quer é facto é que ao falar deste modo Passos pode cativar (?) eleitores indecisos e tramar uma esquerda dividida porque o PS de Costa deliberadamente será penalizado pelas divisões e pelas pressões políticas (e eleitorais) que tanto PCP, como o Bloco como os novos Livre,  Agir e PDR farão sobre o seu eleitorado.  Se Costa não conseguir conter esses ataques, se não for capaz de manter o eleitorado flutuante que vota no PS, o líder socialista confrontar-se-á com uma vergonhosa derrota a 4 de Outubro. E podem crer que este cenário provavelmente nunca foi tão provável como é hoje. Os indicadores do desemprego ou os indicadores económicos, mais do que os dados sobre a execução orçamental, manipulados ou não, etc, cada vez que são divulgados representam um soco no estômago em Costa e no PS, incapazes de apresentarem uma alternativa pensada e devidamente estruturada. A sensação que temos é que Costa e o PS querem o poder, têm fome de poder, precisam de chegar ao poder (estamos a falar de um partido quase falido) e tudo farão, incluindo prometer o impensável, para chegarem rapidamente ao poder (rapidamente é este ano), na expectativa de aproveitarem algum desgaste que a coligação PSD-CDS efectivamente tem e dele será inevitavelmente penalizada.

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