Segundo o jornal Sol, “a sessão
legislativa pode abrir com novas divisões entre os socialistas. Na questão do
aumento da idade da reforma para os 66 anos – justificada pelo Governo pela
insustentabilidade da Segurança Social – o deputado Pedro Marques não aceita os
argumentos que aparentemente convencem a direcção do PS. "Não acompanho
esta medida. É um aumento artificial, uma habilidade que não se sabe onde pode
acabar e destrói a confiança básica das pessoas". Em sentido oposto, Óscar
Gaspar – negociador pelo PS no gorado acordo de salvação nacional e conselheiro
económico de Seguro – não previa objecções de princípio. "Se se conclui
neste momento que há parâmetros desse factor que devem ser actualizados, o PS
obviamente que é favorável a esse ajustamento, ainda que daí decorra que a
idade da reforma passe para os 66 anos", afirmou em entrevista ao SOL,
antes da entrega da proposta do Governo aos sindicatos. Desde aí, o PS nada
disse sobre o documento. Pedro Marques, que enquanto secretário de Estado da
Segurança Social do último governo do PS negociou a reforma da Segurança
Social, rejeita a necessidade alterar os factores de sustentabilidade: "O
Ageing Report de 2012 [da Comissão Europeia] diz que o sistema é
sustentável". Acresce que, em seu entender, o Governo vai com esta medida
provocar efeitos recessivos na economia. "Não serão só as pessoas à beira
da reforma as afectadas, os jovens que podiam substituir os idosos perdem essa expectativa".
Desconfiança quanto aos custos
Outra reforma do Governo – a prometida baixa do IRC para 17% até 2018 –
tem bases para convencer a direcção do PS. António José Seguro, no debate da
moção de confiança do Governo, prometeu "diálogo", numa "reforma
estrutural" para o país. Mas a ala esquerda desconfia dos custos.
"Sou frontalmente contra a descida de taxas de IRC, sobretudo se esta
descida for financiada por cortes na despesa pública. E também não concordo com
a descida do IRC sem que haja uma descida do IRS e do IVA", diz ao SOL
João Galamba. Há mais quem se oponha. Pedro Nuno Santos, logo a seguir a Passos
Coelho ter defendido a medida na AR, veio opor-se a uma "redução cega e
transversal" que pode levar a perdas orçamentais de 1.600 milhões de
euros. "Dá-se um bónus aos sectores protegidos da concorrência
internacional". Esse dinheiro poderia ser usado para "uma estratégia
de desenvolvimento industrial e agrícola do país", escreveu em artigo de opinião
no jornal i”.