Li no Jornal I que “o candidato à presidência do conselho evoca uma saída do seu país da zona euro caso o BCE não baixe a taxa de juro “Se a Alemanha continuar a rejeitar que o Banco Central Europeu seja um verdadeiro banco central, e se as taxas de juro não baixarem, seremos forçados a abandonar o euro e a voltar à nossa própria moeda para conseguirmos ser competitivos.” A frase de Silvio Berlusconi, pronunciada numa entrevista à televisão italiana, na qual acentuou as suas diferenças em relação à política seguida por Mario Monti, ilustra o actual dilema dos países do Sul da Europa. O antigo chefe de governo italiano é candidato a um sexto mandato à presidência do conselho nas próximas eleições gerais, previstas para Fevereiro. Nesta altura desconhece-se se o actual primeiro-ministro, Mario Monti, se apresentará a essas eleições, apesar das pressões europeias, dos empresários e da Igreja. Monti deverá apresentar a sua demissão do cargo no fim desta semana, logo que o orçamento do estado seja promulgado. O Nobel da Economia J. Stiglitz escreveu em Janeiro deste ano que se “torna absolutamente vital [para os países do Sul da Europa] sair do euro a fim de restaurarem a competitividade. Esta moeda não funciona porque as regras de uma zona monetária óptima não são aplicadas na zona euro”. Visão dourada do euro é a que parece ter o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, que ontem disse que “as opiniões públicas europeias estão demasiado concentradas no que correu mal na moeda única e ignoram o muito que foi alcançado pelo projecto europeu”. “Hoje, em plena crise do euro, tendemos a focar a nossa atenção apenas naquilo que está a correr mal”, disse Moedas durante um almoço com empresários. O governante português conclui que a concentração “no que correu mal” omite “o extraordinário esforço colectivo que levou ao euro”. Moedas parafraseou o discurso de posse do antigo presidente dos EUA Bill Clinton, que em 1993 disse que “não há nada de mal com a América que não possa ser curado pelo que há de bom na América”. “Da mesma forma, não há nada de errado no euro que não possa ser resolvido com o que a Europa tem de bom”, sublinhou.
O modelo social alemão é um desastre porque actualmente uma pessoa que caia na pobreza neste país tem cada vez menos hipóteses de se livrar dessa situação. Esta a principal conclusão de um relatório realizado pelas Conferência Nacional sobre a Pobreza (NAK), que reúne as principais associações de auxílio aos necessitados alemães, e ontem divulgado. A NAK resolveu trazer este assunto para o debate nacional antes do início da campanha eleitoral e dias antes de o governo federal aprovar um relatório sobre a repartição da riqueza. O relatório é muito alarmista, considerando que a “taxa de pobreza” evolui há anos entre os 14% e os 16% da população. “É um escândalo que estes números se mantenham nestes níveis”, sublinha. A Conferência Nacional sobre a Pobreza inquieta-se particularmente com a evolução da pobreza entre os idosos e pede que sejam adoptadas duas medidas. Primeiro, o estabelecimento de um salário mínimo nacional. “Os part-times de hoje em dia são as reformas de amanhã”, recorda a associação. A Alemanha questiona-se cada vez mais sobre o seu modelo social. Um estudo esta semana da Fundação Bertelsmann mostra uma redução crescente da classe média, ao mesmo tempo que ontem o diário “Süddeutsche Zeitung” afirmava, em editorial, que, se “no plano económico a Alemanha parece um modelo, em matéria social é um verdadeiro desastre”. O motivo desta nova leitura negativa da situação social fica a dever-se também a um relatório da OCDE que coloca a Alemanha na sétima pior posição relativamente às diferenças de salários auferidos por homens e mulheres com filhos. Afinal o paraíso social europeu tem pés de barro”.