terça-feira, abril 10, 2012

Desespero: Bancos espanhóis vendem casas ao desbarato e financiam hipotecas a 100%...

Li aqui num texto da jornalista Sonya Dowsett, da Reuters, que "com o preço das casas em Espanha a cair 22% desde o boom, em 2007, os bancos livram-se das que têm entre mãos e recusam-se a financiar aquelas que as construtoras desesperam a tentar vender. Em Fevereiro, quando Jose Morales partiu de Granada, no Sul de Espanha, para visitar um novo apartamento numa cidade satélite de Madrid, Sesena, esperavam-no longas filas de pessoas, sobretudo jovens, no exterior da agência imobiliária. “Quando a porta se abriu as pessoas atropelaram-se para entrar, como nos saldos das grandes lojas, e alguns até ficaram feridos na confusão”, conta Morales. Os apartamentos estavam a ser vendidos com tanta rapidez, muitas vezes sem os compradores sequer os verem, que Morales perdeu aquele que queria. Cenas tão extraordinárias como esta são, paradoxalmente, prova do desespero a que chegou o mercado imobiliário espanhol desde o crash de 2008. Os bancos, na tentativa de se livrarem de milhares de milhões de euros de propriedade imobiliária deixada nas suas mãos por construtores na bancarrota, estão a vender apartamentos novos a preços baixíssimos e com descontos nos contratos de hipoteca. O Santander, o maior banco da zona euro, foi o responsável pelo frenesim em Sesena. Oferecia apartamentos de três assoalhadas, em volta de uma piscina comum, por 65 mil euros, com hipotecas de 100% a 40 anos, o que dá cerca de 242 euros por mês, cerca de um sexto do salário médio mensal em Espanha. No pico do boom imobiliário, que durou uma década antes do crash, um apartamento semelhante seria vendido pelo dobro desse preço, pelo menos, e para as propriedades que não fossem vendidas pelo banco uma hipoteca do Santander só cobriria 80% do preço a 25 anos. A NovaCaixaGalicia e a Caja de Ahorros del Mediterraneo (CAM), dois pequenos bancos não cotados em bolsa que receberam fundos públicos, também têm propriedades para venda em Sesena. A CAM oferece “descontos celestiais” no seu website de imobiliário, anunciando uma opção de arrendamento para compra posterior com um pagamento de 370 euros mensais para um apartamento T2 que custa 107 900 euros. “O que está a levar a vender não é tanto o preço, mas o custo mensal da hipoteca”, diz Carlos Ferrer-Bonsoms, da agência imobiliária Jones Lang LaSalle. “Muitas promoções que vemos anunciam o preço mensal da hipoteca, não o preço da propriedade.” Os bancos transformaram-se nos verdadeiros agentes imobiliários de Espanha, enquanto os vendedores privados, incapazes de competir, praticamente desistiram. Os empréstimos para hipotecas são hoje um quarto do que eram em 2007 porque os bancos estão a contrair drasticamente os empréstimos de habitação que não são vendidas por eles, determinados a reduzir a sua exposição ao mercado do imobiliário. Como o Santander, a maior parte dos bancos oferece 100% de financiamento ao longo de 40 anos, a taxas de juro muito abaixo da taxa de mercado, para se livrarem de casas inscritas nos seus balanços financeiros, que consomem capital em provisões e custam dinheiro em impostos e manutenção. “Poupa despesas e ajuda a recuperar algum dinheiro”, diz o director de capital de risco de um banco espanhol que pediu para não ser identificado"

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