Li no site da RTP que "o primeiro-ministro da Hungria respondeu ontem às críticas e pressões europeias com uma forte salva de artilharia verbal apontada a Bruxelas. Dirigindo-se em Budapeste a milhares dos seus partidários, Viktor Orban, acusou a União Europeia de colonialismo e disse que os húngaros ser recusam a ser tratados como cidadãos de segunda classe. O discurso do primeiro-ministro conservador teve lugar um dia depois de a UE ter suspendido os fundos de coesão destinados à Hungria, por causa do elevado défice orçamental do país. O comício, que reuniu quase 250.000 pessoas, destinava-se a assinalar o aniversário da revolução de 1848 contra o domínio dos Habsburgos, mas acabou por se tornar num grito de revolta contra a União Europeia. Orban: "Não seremos uma colónia" Viktor Orban disse que a Hungria merece ser tratada de forma igual aos outros países da UE: “O programa e o desejo dos Húngaros em 2012 é o seguinte: Não seremos uma colónia” disse Orban, traçando um paralelo com os acontecimentos do século XIX. “Como nação europeia, exigimos tratamento igual. Não seremos cidadãos europeus de segunda classe. A nossa exigência legítima é que se apliquem a nós as mesmas regras e padrões que se aplicam aos outros”, disse.UE suspendeu fundos estruturais da Hungria
Por causa do elevado défice de Budapeste, Bruxelas suspendeu, na quarta-feira, 495 milhões em fundos estruturais que a Hungria devia receber no ano que vem. Esta foi a primeira vez que a União castigou financeiramente um país por causa do défice. Apesar disso, a penalização não é definitiva pois foi concedido ao governo Hungaro um prazo de três meses para colocar em ordem as suas finanças e evitar assim que a suspensão dos fundos estruturais vá por diante. O défice projetado para a Hungria é de 3 por cento este ano e de 3,6 por cento no ano que vem e a sua dívida total representa 82 por cento do PIB. As regras europeias do Procedimento por Défice Excessivo dizem que os países membros da UE têm de manter os seus défices abaixo dos 3 por cento do PIB e a dívida nacional abaixo ou próximo dos 60 por cento.
Dois pesos e duas medidas?
No entanto, a ação punitiva contra a Hungria foi anunciada na mesma altura em que a União Europeia permitiu à Espanha um défice mais elevado do que o previsto o que levou a Áustia a acusar Bruxelas de agir com “dois pesos e duas medidas”. Madrid terá de reduzir o seu défice para 5,3 por cento este ano, quando originalmente a meta estava nos 4,4 por cento. Alguns analistas dizem que Bruxelas se mostrou mais dura com a Hungria para fazer dos magiares um exemplo, depois de o primeiro ministro Orban ter ignorado as críticas e os avisos europeus quanto às novas leis do seu governo.
Olli Rehn recusa comparações entre Madrid e Budapeste
Mas o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários , Olli Rehn, desdramatizou o caso, afirmando que “diferentes prazos” significam que as comparações entre a Espanha e a Hungria não são válidas, uma vez que Budapeste já tinha anteriormente beneficiado de uma extensão de prazo. O governo de Orban está envolvido numa disputa com a União Europeia, por ter emitido leis que, segundo Bruxelas, põem em causa a independência do poder judicial e do Banco Central do país e limitam a liberdade de imprensa.
Orban: Viktor ou "Viktator"?
Desde que chegou ao poder em 2010, com larga maioria, o executivo liderado pelo partido de direita Fidesz já rescreveu cerca de 300 leis e a própria Constituição do País, de uma forma que, segundo os críticos, enfraqueceu os processos e os equilibrios democráticos no seio da antiga nação comunista. Vários líderes europeus acusaram o governo de Viktor Orban de recorrer a práticas ditatoriais. A oposição húngara apelida-o mesmo de “Viktator” e acusa o primeiro-ministro e o seu partido de estarem a utilizar o seu forte mandato que receberam nas urnas para cimentar o poder muito para além do final da atual legislatura que termina em 2014.
Empréstimo do FMI ilude Budapeste
A Hungria é atualmente a nação mais endividada da Europa Central e necessita de um novo empréstimo do FMI para reduzir os seus custos de financiamento. No entanto o braço de ferro entre Bruxelas e Budapeste levou a que, até agora, as negociações com os financiadores internacionais estejam a marcar passo”.
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