Pensava eu que estas coisas só aconteciam no "inferno", na Madeira! Afinal, segundo um texto de Manuel Moniz no Diário dos Açores, intituladio "Água da torneira com elementos cancerígenos" constata-se que "é normal que qualquer açoriano sinta que terá água de elevadíssima qualidade, especialmente se viver em ilhas como S. Miguel. E mesmo que possa achar estranho que as águas açorianas engarrafadas não tenham qualquer expressão no mercado – afinal de contas já fomos considerados uma das maiores hidrópoles do mundo, e no passado marcas como a “Serra do Trigo” ou as “Lombadas” chegaram a ter bastante sucesso –, terá como dado adquirido que a água que corre nas suas torneiras em casa seguirá esses parâmetros históricos. A realidade, no entanto, é bastante diferente.A começar pela alegada pureza da água açoriana. De acordo com os dados do último Relatório Anual do Sector de Águas e Resíduos em Portugal, relativo a 2008, da autoria do Instituto Regulador de Águas e Resíduos, os Açores têm um número de análises que não cumprem os valores exigidos bastante acima da média nacional – sim, parece que no continente a água é de melhor qualidade... Já não é uma questão dos municípios não realizarem as análises exigidas, uma vez que pelo 3º ano consecutivo essa exigência foi cumprida. E mesmo que alguns observadores achem que as entidades gestoras se esforçam por garantir uma melhor qualidade da água nas alturas da realização dessas análises – algo que não é comprovável – o facto é que a situação continua má: 4,57% do total as análises realizadas nos Açores não cumpriam os valores padrão, enquanto que no país esse valor desce para 2,48%, ou quase metade.A pior situação está no concelho da Calheta, onde quase 19% das análises realizadas não cumprem os valores-padrão. Há 4 concelhos com valores acima dos 10%: as Lajes das Flores, com 16,76%, a Povoação, com 12,73%, e a Vila Franca do Campo com 12,24%.A melhor situação encontra-se em S. Roque do Pico, com apenas 0,35%, mas há 4 concelhos com valores abaixo de 1%: Angra do Heroísmo com 0,38%, Ponta Delgada com 0,43% e Vila do Porto com 0,64%. O resultado é que 45% da população açoriana recebe água em que o número de análises com maus parámetros é inferior a 1% – e portanto com uma baixa probabilidade de má qualidade –, sendo que 86% são abrangidos por água com menos de 3% de análises negativas. Apenas 14% vivem em zonas onde as análises negativas são superiores a 7% – e aí o risco é claramente maior".
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