quinta-feira, junho 04, 2009

Presidente da TAP é o gestor público mais bem pago

Segundo o Jornal "I", num texto dos jornalistas Filipe Paiva Cardoso e Ana Suspiro, "o líder da TAP, Fernando Pinto, recebeu 420 mil euros brutos de salário base ao longo de 2008 - ou seja 30 mil euros por mês - não tendo recebido qualquer prémio de gestão, segundo dados da companhia aérea. Esta remuneração, apesar de ter sido substancialmente reduzida desde a chegada do gestor brasileiro, em 2000, ainda faz do administrador-delegado da TAP o gestor público mais bem pago de Portugal. E provavelmente o quadro do Estado com maior remuneração, com base nos salários que são públicos.No seu novo mandato - o quarto à frente da companhia aérea -, Fernando Pinto manterá as mesmas condições salariais, segundo fonte oficial do Ministério das Obras Públicas. Isto numa altura em que a TAP se prepara para avançar com um plano de redução e flexibilização dos custos. A transportadora fechou 2008 com prejuízos de 285 milhões de euros, mas espera já este ano voltar aos lucros. Apesar de estar à frente de outros gestores públicos, como o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, que ganhou cerca de 363 mil euros brutos no ano passado, o salário do presidente da TAP ficou bastante abaixo da remuneração recebida pelos líderes de outras companhias europeias (ver página do lado), sobretudo porque Fernando Pinto e a sua equipa não receberam qualquer prémio de gestão em 2008. O líder da transportadora também perde na comparação com os presidentes das empresas nacionais privadas cotadas em bolsa onde o Estado ainda é accionista com direitos especiais. É o caso da Portugal Telecom, da EDP e da Galp Energia. O líder da TAP já aceitou uma redução de quase metade no seu ordenado em 2003, quando Manuela Ferreira Leite era ministra das Finanças. Na altura, e após um longo processo negocial, a equipa de gestão concordou que a sua remuneração fosse equiparada à paga por outra empresa então tutelada pelo Estado, a Portucel, entretanto privatizada. Já em Maio do ano passado, o máximo responsável pela companhia aérea admitiu sofrer um novo corte, quando pediu aos sindicatos que aceitassem uma maior flexibilidade laboral na TAP, tendo para isso prometido que daria o primeiro sinal de que era preciso sacrifícios para enfrentar 2008: ofereceu-se para baixar 10% o ordenado. Os sindicatos fecharam a porta à flexibilidade laboral e Fernando Pinto manteve o vencimento.Quanto à restante equipa que compõe o conselho de administração executivo da TAP Portugal - Michael Connoly, Luiz Mor, Jorge Sobral, Manoel Torres e Luís Vaz (substituído esta semana por Luís Rodrigues) - , cada um dos gestores recebeu no ano passado 280 mil euros brutos, ou 20 mil euros mensais. também sem direito a qualquer prémio de gestão.SALÁRIO PODE IR ATÉ 735 MIL EUROS No ano passado, e só contando com o vencimento-base, a TAP gastou 1,82 milhões de euros com o conselho de administração executivo. Segundo o estatuto remuneratório da companhia aérea, o vencimento variável de curto e longo prazo depende do "cumprimento de objectivos mensuráveis" anual ou plurianualmente, "tendo como limite máximo anual 75% do valor total da compensação fixa anual". Ou seja, no limite e em caso de cumprimento total dos objectivos contratualizados com o accionista, Fernando Pinto poderia receber 735 mil euros num ano. Este valor já é comparável com os montantes auferidos pelos presidentes de outras transportadoras europeias, sobretudo as de dimensão mais semelhante, como a transportadora austríaca Austrian Airlines.Esta foi a primeira vez que a TAP Portugal divulgou publicamente os salários dos seus gestores. Estes valores nunca tinham vindo reflectidos nos relatórios e contas da transportadora, uma vez que sempre foram pagos pela TAP SGPS. Agora são processados pela TAP SA. Além da remuneração-base, Fernando Pinto e a sua equipa têm direito, como outros gestores públicos, a telemóveis, combustíveis e carros pagos, e ainda quase 55 mil euros para o pagamento das despesas de alojamento em Portugal, rubrica esta a que Jorge Sobral e então Luís Vaz não tiveram direito durante 2008".

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