Ainda sobre o trabalho do Diário Económico, mais alguns textos:
- "Pessimismo acentuado domina as respostas sobre a economia: 80% dos inquiridos acha que vai estar pior em 2009 (jornalista Mário Baptista): "Não é por acaso que Portugal é considerado um país de pessimistas. Na sondagem que a Marktest fez para o Diário Económico, os inquiridos não deixam margem para dúvidas: mais de metade acha que o seu agregado familiar, dentro de um ano, vai estar pior do que hoje. E se juntarmos a estes 53% os 26% que acham que vamos estar na mesma, então conclui-se que os optimistas são 12% (9% não sabem ou não respondem).No inquérito realizado este mês, constata-se também que é nas classes mais baixas que o pessimismo é maior: 54% dos inquiridos considera que vai estar pior, e 24% diz que vai estar na mesma. A subida das taxas de juro para níveis históricos tem uma enorme influência na perspectiva sobre a situação de cada agregado familiar, e é um dos principais factores a estrangular o orçamento disponível das famílias, a par com a subida dos preços. Não admira, por isso, que nos últimos doze meses, o indicador de expectativa positiva tenha passado de 35 pontos para 24, mas é curioso notar que nos meses de Verão a expectativa tem vindo a melhorar (em Maio estava nos 20 pontos, em Setembro está nos 24).Questionados sobre o país (e não necessariamente sobre a sua situação familiar), os portugueses são ainda mais pessimistas: 62% acha que a situação económica vai piorar. Separando por classes, dá-se um fenómeno curioso: as pessoas com maior rendimento disponível são as mais pessimistas (65%). Ao contrário, nas pessoas mais atingidas pela crise financeira e económica, a percentagem de pessoas que acha que o país vai estar pior daqui a um ano não chega aos 60%";
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- "Ferreira Leite está ao nível de Menezes- A estratégia do silêncio seguida pela líder da oposição pode ter prejudicado a popularidade da líder. É já a última da lista" (texto de Rita Tavares com Hugo Real): "Não é muito diferente a ideia que os portugueses fazem hoje de Manuela Ferreira Leite e a que faziam de Luís Filipe Menezes, no mês anterior à sua saída da liderança do PSD. Depois de um Verão silencioso, a actual presidente social-democrata vê descer de 21,9% para 17,6% a sua apreciação positiva. Um valor próximo do pior de Luís Filipe Menezes, em seis meses de liderança: 17,1%. Já na intenção de voto, nunca o PSD de Menezes pesou tão pouco como o de Ferreira Leite.Estes são os primeiros números que possibilitam a avaliação da ‘rentrée’ e das consequências do Verão político, uma época em que a líder social-democrata escolheu reservar-se. António Costa Pinto considera que para “quem está na oposição, dar uma imagem de Estado não chega. Tem de se estar presente. Ou Manuela Ferreira Leite ou figuras relevantes da sua direcção política”. Já Rui Ramos questiona: “Se se vive um momento de incerteza e desconfiança, é mais importante ouvir uma palavra da pessoa de quem se espera, ou não ouvir nada?”. “O grande problema de uma liderança silenciosa é dar a ideia de que é um sintoma da doença e não a sua cura”, remata o historiador. Um dado mantém-se desde o início do ano: tenha quem tiver no comando, o PSD não descola do último lugar da tabela de popularidade, entre todos os líderes políticos. Em Julho, Ferreira Leite atingiu o seu pico de popularidade, com uma imagem positiva para 26,2% dos portugueses, mas nos dois meses seguintes caiu abruptamente. Em quatro meses, Menezes (que acolheu uma estratégia de presença frequente nos media) não tinha um nível tão baixo - 24,2% consideravam que o então líder tinha uma imagem positiva.Equilíbrio é a chave para uma boa imagemO equilíbrio entre a forma de ser de um político e aquilo que as pessoas esperam dele é o segredo para obter uma boa imagem pública. Para o criador de marcas Carlos Coelho, os políticos têm de demonstrar sinceridade e carisma, algo conseguido pela primeira geração de políticos pós 25 Abril, como Mário Soares, Sá Carneiro e Álvaro Cunhal. Carlos Coelho diz que se a “imagem for construída sem alicerces verdadeiros vai ruir”, da mesma maneira que se for construída fora daquilo que se espera também não vai ter sucesso. “A imagem de um político não está sob o seu controlo”, relembra Carlos Coelho, por isso, os políticos não podem cair no erro de praticar actos contrários aos que defendem, o que resulta numa perda de credibilidade. A capacidade de comunicação, de colo-cação de voz, a postura e a própria imagem visual são outros dos elementos que afectam a percepção que as pessoas têm de cada político";
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- Presidente no topo, mas em perda desde Abril - Em tempos de crise económica são os líderes partidários do PCP, CDS e do Bloco que mais sobem" (pelos jornalistas Mário Baptista com Rita Tavares): "Se tivermos em conta as opiniões positivas que os portugueses têm dos líderes políticos, Cavaco Silva é o mais popular (56%), seguido por Francisco Louçã (41%), Jerónimo de Sousa (37%), José Sócrates (29%), Paulo Portas (25%) e, por fim, Manuela Ferreira Leite (18%). A tendência geral é clara: em tempos de crise financeira e económica e com as famílias portuguesas a sentirem na carteira o efeito do vendaval de Wall Street, são os líderes dos partidos políticos da esquerda os que mais beneficiam, enquanto o Verão parece ter sido um mau conselheiro tanto para o Presidente da República (perdeu 5% de opiniões positivas desde Junho) como para a líder do PSD (menos 9% de opiniões positivas).Mas nem sempre é fácil encontrar uma correspondência directa entre os acontecimentos que marcam a actualidade do país e a imagem que os portugueses têm dos seus líderes. Um exemplo: a popularidade do primeiro-ministro, José Sócrates (medida pela percentagem de inquiridos que o avaliam de forma positiva), desceu nos dois meses seguintes ao anúncio da descida de um ponto percentual no IVA (de 33% em Março para 25%, em Junho), só voltando a subir em Julho, para 29,1%.Os dados da sondagem da Marktest para o Diário Económico, de resto, mostram que o chefe do Governo sofreu uma enorme quebra nos últimos 12 meses – o número de portugueses que fazem uma avaliação positiva de Sócrates passou de 37.6%, em Setembro do ano passado, para 29,2%, este mês. Curiosamente, os últimos meses mostram uma recuperação do líder do PS, que passou todo o Verão a ver a sua popularidade subir (em Junho estava nos 25,1% e este mês está nos 29,2%). Os valores, ainda assim, não podem deixar Sócrates tranquilo, porque a maioria absoluta nas eleições é, sobretudo com a intenção de voto no PS, uma miragem distante (ver texto nas páginas anteriores). Há, no entanto, uma consolação: à sua direita política só há líderes políticos mais impopulares. Manuela Ferreira Leite está com apenas 17,6% e Paulo Portas está nos 25% de opiniões positivas.A provar que são os partidos das franjas políticas que mais beneficiam com o discurso reivindicativo anti-sistema, principalmente depois de um ano marcado pela incerteza financeira e, nos últimos meses, pelas tensões entre o Presidente da República e o Governo, e ainda pelo aumento das notícias sobre a criminalidade e a insegurança, estão os números. Francisco Louçã passa de 39,1% para 41,2% e Jerónimo de Sousa sobe de 34,2% para 36,7%.Os líderes à esquerda têm, no entanto, um comportamento diferente do de Sócrates: nos últimos meses, Jerónimo e Louçã têm visto a sua popularidade diminuir, mas ainda assim estão bem melhores do que o primeiro-ministro, com valores na casa dos 30 e 40% (Jerónimo nos 36,7% e Louçã está nos 41,2%).O Presidente é que tem ainda, feitas as contas, razões para sorrir: a sua popularidade continua positiva, acima dos 56%, mas desde Abril que os valores estão a descer (o máximo dos últimos 12 meses foi em Novembro do ano passado, com 70% de opiniões positivas).Rui Costa Pinto, politólogo, diz que “tudo dependerá da campanha e, até, da posição de algumas das figuras de proa do PS”, como Manuel Alegre. Prognóstico, portanto, só no fim do jogo".
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