quarta-feira, maio 23, 2007

Desilusão

Se há coisa que me repugna é a desilusão, onde julgávamos haver camaradagem e amizade. O tempo passa e muitas vezes pensamos que atingimos um determinado patamar que nos permite impormos limites e princípios a nós próprios, mesmo que isso implique, tantas vezes, divergências com outras pessoas, amigas ou correligionárias. Rapidamente percebemos que a intriga, a política, o partido, quer nele militemos declaradamente e sem segredos, que o façamos de forma discreta, acaba por ter um impacto negativo naquilo que julgávamos estar acima de toda essa fancaria. Eu aceito discutir ideias, respeito as ideias dos outros, posso rebatê-las, mesmo que às vezes cometendo erros de apreciação. Espero que respeitem as minhas, certo de que são contestáveis. Não entro, nunca entrei, no ataque pessoal, na ofensa baixa, quer fazendo-o discretamente, quer aceitando ser cúmplice, mesmo indirectamente, e seja em nome do que for, de comportamentos desse jaez. Mesmo quando me acusavam (acusam) de corporativista. A vida continua, porque tem que ser assim. Andamos por este mundo para cumprirmos uma caminhada. Confesso que já levei muito “coice” nesta minha caminhada, desde muito pequeno. Quando olho para trás, para as ténues recordações de um passado feito de sobressaltos, e me recordo aos 8 anos, sem pai nem mãe, concluo que, de certeza absoluta, não foi fácil continuar essa caminhada que me estava destinada. Mas tinha que ser. Com erros e virtudes, com mértityo ou demético, tinha que cumprir essa caminhada, dia após dia, ano após ano. Até que um dia tudo acaba, tal, como acaba para todos nós. E provavelmente nesse meu passado que eu encontro a razão para preservar, mais do que a política e de tudo o mais, a amizade que se constrói, dia após dia, com muitas cumplicidades, com princípios, com ética, e resguardando o respeito que preservo. O choque causado por determinadas situações inesperadas, a convicção de que a cumplicidade acaba por ser quase sempre, ela própria, também co-autoria, abala-me. Provavelmente nem deveria publicar este comentário. Mas este espaço é meu, quiçá o sítio adequado para desabafar, indiferente ao que possam pensar, relativamente a tudo o que sobre estas palavras possam pensar ou comentar.

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