terça-feira, maio 12, 2015

Programa do Governo Regional da Madeira: AUTONOMIA E REFORMA DO SISTEMA POLÍTICO



A Reforma do Sistema Político Regional é uma das prioridades do atual governo, assente num claro compromisso perante a população durante o período eleitoral, onde ficou assumido que seria urgente: (1) aproximar a política dos cidadãos, (2) tornar os procedimentos e processos políticos mais transparentes, (3) dignificar as instituições autonómicas e os agentes políticos, (4) assegurar um efetivo equilíbrio que garanta os direitos e os deveres das representações político-partidárias legitimadas democraticamente pelos madeirenses e porto-santenses, (5) promover a estabilidade da governação, (6) melhorar a fiscalização legislativa e política efetivas da ação do Governo, (7) tornar o financiamento político menos oneroso para os contribuintes e (8) gerar soluções capazes de construir verdadeiros compromissos que beneficiem os interesses futuros da nossa população.

Nesta Reforma do Sistema Político daremos primazia à ação, contando, como diariamente temos demonstrado desde que se iniciou este ciclo político, com a participação de todos: cidadãos, partidos políticos, instituições e organismos representativos da sociedade civil.

O Governo Regional procura, portanto, afirmar uma nova forma de fazer política, como também de estar na política.

Queremos estabelecer uma nova etapa assente numa equação de equilíbrio entre partidos e movimentos políticos, no respeito pelas instituições democráticas e na separação efetiva de poderes.

Sabemos que esta Reforma do Sistema Político requere alterações substanciais aos documentos condutores da nossa Autonomia como o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira, a Lei Eleitoral para a Região Autónoma da Madeira, a Lei Orgânica e o Regimento da Assembleia Legislativa da Madeira.

Estamos prontos para esse debate transversal, decisivo para o nosso futuro coletivo enquanto povo insular.

Demos provas aos madeirenses e porto-santenses que a nossa atitude é diferente. Uma atitude determinada que assenta no respeito pelas instituições democráticas e autonómicas, no compromisso alargado com os partidos da oposição e na envolvência de todos os interessados nestas matérias. Para nós os interesses partidários nunca poderão estar acima dos interesses da Região.

O nosso empenho e a nossa forma de agir politicamente passam por alguns exemplos objetivos já concretizados, como são a redução do financiamento partidário em 40%, a  pluralidade da Mesa da Assembleia, a distribuição equilibrada dos lugares nas comissões especializadas e dos tempos de intervenção.

Estes são apenas pequenos passos que traduzem a nossa determinação em querer levar a política na Madeira para um patamar superior, uma imposição natural de cidadãos cada vez mais informados e exigentes.

Mas, como é natural, a nossa vontade é consagrar normativamente esta Reforma do Sistema Político para que estes objetivos não dependam da boa vontade dos agentes e dos movimentos políticos.

Neste enquadramento, desejamos uma reforma política que se adapte à sociedade, às pessoas e às instituições; uma reforma política que se adapte ao espírito do tempo; uma reforma política que traga soluções e não mais problemas; uma reforma política que alargue as capacidades autonómicas e que transmita aos cidadãos maior confiança nas suas instituições.

Todos nós sentimos as mudanças aceleradas que diariamente são projetadas nas sociedades contemporâneas, fruto da globalização no seu sentido mais amplo e lato, e de um mundo onde as ideias e as oportunidades se propagam a velocidades prodigiosas.

É para isto que temos de estar preparados. Ou, por outra, é a esta dinâmica social, económica, ambiental, cultural e política que temos de estar melhor adaptados.

A nossa missão, enquanto Governo da Região Autónoma da Madeira, é procurar as melhores soluções para os problemas e desafios que uma Região Ultraperiférica como a nossa enfrenta, sejam eles de natureza sistémica e permanente, sejam eles produto da conjuntura ou da ocasião.

É um compromisso que todos os políticos devem assumir com os seus eleitores e com todas as gerações que compõem o tecido social. A nossa população está, e estará sempre, acima de tudo. Só neste pressuposto faz sentido a reforma a que nos propomos.

No âmbito do Parlamento já foi constituída uma comissão eventual para a Reforma do Sistema Político, que servirá como o local privilegiado para uma discussão e negociação saudáveis entre todas as forças parlamentares, na busca das mudanças necessárias para o reforço da nossa Democracia e da nossa Autonomia.

Se por um lado não nos afastamos dos pontos essenciais que entendemos como fulcrais e que resumem os compromissos que apresentamos na nossa campanha eleitoral e que receberam apoio inequívoco dos madeirenses no passado dia 29 de Março.

Nesta ótica, este Programa de Governo defende como linhas principais da Reforma do Sistema Político:
- O estreito relacionamento entre o Governo Regional e a Assembleia Legislativa com a presença dos membros do Governo nas reuniões plenárias e das comissões;

- A instituição de um debate anual na Assembleia Legislativa sobre o Estado da Região com a presença do Presidente do Governo;
- A fixação de um debate mensal na Assembleia Legislativa com o Governo Regional e com a presença do Presidente do Governo;
- O estabelecimento de condições adequadas a uma efetiva fiscalização pelo Parlamento da ação governativa;
- O aprofundamento do regime das incompatibilidades e impedimentos e a criação de um registo público de interesses dos deputados na Assembleia Legislativa da Madeira;
- A limitação do número de mandatos do Cargo de Presidente do Governo, em três mandatos consecutivos;
- A proibição de acumulação de vencimentos públicos com pensões e reformas;
- A comemoração do Dia da Região com a intervenção de todas as forças políticas representadas no Parlamento;
- A institucionalização da pluralidade da Mesa da Assembleia Legislativa;
- A redução do número de Vice-Presidentes da Assembleia Legislativa DA Madeira, que deverá passar de três para dois;
- A revisão da lei eleitoral, assegurando uma melhor representatividade parlamentar e a redução do número de deputados;
- O reforço do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira, consolidando a estabilidade legislativa e institucional necessária para a nossa Autonomia política.
Queremos, e desejamos, o contributo de todos para o enriquecimento deste debate, para a natural melhoria destas propostas e para a introdução de outras visões e ideias que acrescentem credibilidade, abrangência e qualidade à nossa Autonomia.
Estamos plenamente determinados em melhorar o funcionamento da nossa ainda jovem Autonomia, responsabilizando mais as instituições de poder democráticas e os seus representantes, conferindo-lhe justeza e transparência, e envolvendo cada vez mais os cidadãos nos processos de decisão.
Não podemos negar que é responsabilidade maior, dos políticos regionais, saber interpretar muito bem os sinais de descontentamento apresentados pela população e  que se refletem no aumento da abstenção e na diminuição do interesse pela política, sinais mais do que preocupantes.
Esta Reforma do Sistema Político é, sem qualquer dúvida, fundamental para o futuro. É este o momento certo, o tempo ideal, para encetar a transformação política que todos exigem.
A Autonomia Política tem de continuar a ser um Desígnio dos madeirenses e porto-santenses.
Um instrumento para o nosso desenvolvimento, potenciador da nossa identidade insular numa permanente dialética entre diferentes níveis de poder. Não tem de ser um permanente fator de conflito mas sim um instrumento de afirmação positiva desse mesmo desenvolvimento. É fundamental que os cidadãos tenham a perceção que os seus representantes utilizam o poder de que estão investidos, tendo por objetivo, primeiro e último, a defesa dos preceitos democráticos, o desenvolvimento sustentável, a paz e justiça sociais e o respeito pelos valores fundamentais da nossa herança Euro-atlântica.
Afirmar a Autonomia é também dignificar as nossas instituições e credibilizar o modo como queremos continuar a construir uma sociedade mais equilibrada e justa. A Autonomia constitui-se como um direito inalienável pelo qual nos continuaremos a bater, conquista inquestionável destes quarenta anos de democracia em Portugal
É imperioso salvaguardar, de igual forma, que os direitos e competências inscritos no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira e na Constituição da República Portuguesa são suficientemente consolidados e não dependentes de momentos circunstanciais da vida económica ou política. A Autonomia de hoje nunca poderá ser vista como um ponto de chegada mas, antes pelo contrário, como um processo em permanente construção. É decisivo que esta responsabilidade de alargar os poderes autonómicos na dialética política se estenda a toda a sociedade.

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