I - Façam-me um
favor, um enorme favor: borrifem-se para o marketing político até 29 de Março!
Por favor. O que os cidadãos madeirenses, os eleitores da nossa terra precisam
e esperam do PSD da Madeira, em termos de mensagem, de postura, de discurso
para o futuro, de formalização de uma ideia de renovação que aos poucos tem que
ser construída, nada tem a ver com marketing político ou com a ideia de que
tanto se vende um pedaço de sabão-macaco como se "vende" um político
candidato numa eleição.
Será que vão
falar de marketing político aos jovens desempregados, aos demais desocupados,
às famílias com os dois cônjuges desempregados, aos reformados e pensionistas
que têm sido roubados, aos jovens estudantes que abandonam as Universidades ou
a escola porque os pais não tem condições para assumirem os encargos inerentes,
aos pobres que têm aumentado como recentemente foi confirmado, aos funcionários
públicos sistematicamente perseguidos, desvalorizados e permanentemente
ameaçados de despedimento. Se for para falarmos do marketing político, dos prós
e dos contras, e de tudo o que está direta ou indiretamente associado a esta
técnica de ilusão dos cidadãos - porque é disso que se trata, da fabricação de
ilusões, incluindo de candidatos - muita coisa poderia ser aqui referida por
mim. Para os partidos o que neste momento interessa são as eleições.
No caso do PSD da
Madeira, com responsabilidades acrescidas, e que já anunciou que a renovação da
maioria absoluta, a sua prioridade eleitoral, mais do que tudo o resto apontava
para a vitória nas eleições, com os recursos humanos que tem, com a
naturalidade do líder e dos candidatos, com as novas ideias, com as novas
propostas, com as prioridades claramente enumeradas, etc. Primeiro há que
ganhar as eleições, assumir as responsabilidades que decorrerão dessa vitória e
depois de tudo isso certamente que haverá muito tempo, pelo menos quatro anos,
para brincarem ao marketing político e saberem quais são as vantagens e as
desvantagens do marketing político nos processos eleitorais e na moldagem dos
candidatos.
Há em Portugal
um "case study" muito
interessante, pelos bons e maus motivos, sempre que se fala em marketing
político: os anos de governação de Sócrates (e não julguem que foi tudo mau
durante este período, neste domínio concreto), a gestão da imagem política, as
relações com os meios de comunicação social, o triângulo entre Sócrates, fontes
de informação e notícias publicadas e as relações entre todas estas teia de os
grupos económicos ligados ao sector dos média.
Um bom ponto de partida. Quando houver tempo para isso.
II. O líder do PS Vítor Freitas foi aos Açores
defender, depois de Miguel Albuquerque e outros dirigentes da oposição regional
o terem escrito (e dito) antes dele, que as Cimeiras Insulares Madeira-Açores
devem ser retomadas na próxima Legislatura. Ninguém coloca isso em causa.
Aliás, acho que tanto a Madeira como os Açores provavelmente perderam mais do
que ganharam quando as Cimeiras governativas deixaram de se realizar
regularmente, mesmo que se possa admitir que a postura do poder central em
Lisboa ao longo dos anos provavelmente transformaria tais encontros em
futilidades.
As Cimeiras
Insulares entre as duas regiões portuguesas – e que depois foram alargadas às
Canárias, algo que não deve ser retomado pois os problemas entre Madeira e
Açores e Canárias, apesar de comuns nalguns aspetos, são diferentes em muitos
outros - devem ser restabelecidas e não depender de relações políticas pessoais
mais ou menos fáceis ou à interferência de questões político-partidárias num
relacionamento que é unicamente institucional.
Acredito que Miguel
Albuquerque, depois de ganhar as eleições regionais - porque vai ganhá-las de
forma categórica, já que será essa a vontade livremente expressa pelos
madeirenses - vai preocupar-se com esta temática apesar de não ser prioritária,
há que assumi-lo. Tal como acho essencial que seja retomada a política de
emigração, de proximidade com as nossas comunidades no estrangeiro, que durante
anos foi valorizada mas que, de repente, e por razões financeiras a par de
outros fatores políticos nos países de acolhimento, acabou por ser progressivamente
reduzida a mínimos.
Basicamente estas
declarações, que de novo nada têm, limitam-se a confirmar que existe uma
disputa, palmo-a-palmo, entre alguns dos principais partidos e candidatos que
vão continuar a desdobrar-se em atos de pura propaganda eleitoralista para que
a sua imagem pessoal, pouco credível junto do eleitorado, não seja tão
castigada nas regionais de 29 de Março, porque eles nunca tiveram a coragem de
assumir as inevitáveis consequências políticas resultantes da acumulação de
derrotas (LFM/JM)