quinta-feira, abril 24, 2014

40 anos depois: o único que me merece respeito e que a Madeira ainda não homenageou

Quando vemos alguns "patos-bravos" se aproveitarem - embora o façam há 40 anos - do 25 de Abril, o único operacional que respeito e de quem guardo memória pela coragem e pela discrição, e por quem tenho consideração foi pelo capitão Salgueiro Maia, falecido em 1992 vítima de grave e prolongada doença. Ele nunca foi general de aviário, nunca teve tachos importantes, nunca disputou lugares com os seus companheiros. Foi o mais humilde dos capitães de Abril. Tal como surgiu do nada na noite da revolução, retirou-se. Recusou, ao longo dos anos, ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil do Distrito de Santarém e de pertencer à casa Militar da Presidência da República. Foi promovido a major em 1981 e posteriormente a Tenente-Coronel. Mas foi ele que esteve na primeira linha, no Terreiro do Paço (ministérios da defesa, da marinha, do interior, etc), no Largo do Rato (rendição de Caetano), na Rua da Artilharia (onde se registou o momento mais dramático do golpe com tanques afectos aos dois lados posicionados ameaçadoramente frente a frente). Salgueiro Maia é, ele sim, o espírito do 25 de Abril. Não precisou de andar a discursar, de ter associações, de "vender" a imagem de operacional e não sei que mais. Ele foi o operacional,. de facto, no terreno, ele foi quem deu a cara, ele é o rosto do movimento militar na rua. É a vertente injustiçada do 25 de Abril. Mas provavelmente a mais digna, a mais pura, a mais coerente.