Garante o Jornal I, num texto do jornalista Filipe Paiva Cardoso, que "o governo cobra mais 240 milhões de euros em IRS. Já no IRC,a receita fiscal caiu 13% no início do ano. Ano novo, a mesma receita. No primeiro mês de 2014, a via seguida pelo governo para reformar as contas públicas prossegue inalterada: só a receita fiscal salva as contas do governo. Assim, e como a receita fiscal salva tudo, evitam-se dissabores, sejam contabilísticos, sejam de interesses. Tal como o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou na semana passada, uma vez que o governo continua a evitar mexer em alguns sectores, o trabalho continua a ser excessivamente penalizado para compensar a falta de austeridade noutras áreas. Só nos primeiros 31 dias do ano, PSD e CDS conseguiram ir buscar mais 24,2% ao IRS: os 991 milhões cobrados em Janeiro de 2013 passaram a 1231 milhões no primeiro mês de 2014. "Este crescimento traduz, nomeadamente, a melhoria das condições do mercado de trabalho e a crescente eficácia das novas medidas de combate à fraude e evasão fiscal nos impostos directos, principalmente em resultado do reforço do controlo sobre as retenções na fonte entregues por um universo de mais de 400 mil empresas", explica a Direcção-Geral do Orçamento no comunicado sobre a execução orçamental de Janeiro deste ano. Ao todo, a receita fiscal cobrada pelo Estado no primeiro mês do ano passou de 2,76 mil milhões para 3,06 mil milhões de euros, um salto de 10%. E se no IRS a receita disparou, no IRC deu-se o oposto: as receitas do imposto sobre as empresas recuaram de 135,7 milhões para 118,5 milhões, culpa "do aumento extraordinário da receita de IRC em Janeiro de 2013, em resultado da antecipação da distribuição de dividendos, ocorrida em Dezembro de 2012", já que em Janeiro de 2013 houve um aumento que levou muitas empresas a fugir à nova taxa. Além do aumento da receita fiscal, em Janeiro o governo viu também serem-lhe cobrados menos juros que em Janeiro de 2013, tendo sido essa a principal razão a justificar o recuo na despesa da administração central - um efeito meramente de calendário, pois depende da data de pagamento de cupões de dívida, já que os gastos com juros este ano vão aumentar. A conjugação destes efeitos na receita e na despesa permitiram que as contas de Janeiro terminassem com um excedente de 638,7 milhões de euros, segundo critérios da troika. Em Janeiro de 2013, o excedente, segundo o mesmo critério, já tinha sido de 125 milhões de euros"