sexta-feira, outubro 25, 2013

Os chefes de Estado e os pontapés no protocolo

Escreve o Sol: "Mais teso que um cabo de vassoura. Assim descreve o El Mundo a desastrosa prestação do primeiro-ministro Mariano Rajoy durante a visita no início do mês ao palácio do imperador japonês Akihito. Se o protocolo obriga a um cumprimento acompanhado de uma leve inclinação do corpo, 15 a 30 graus, em sinal de respeito, o chefe de Governo espanhol furou-o por completo ao limitar-se a estender a mão ao monarca, sem o mais leve esboço de uma vénia.
“Estender a mão ao imperador nipónico como se estivesse a cumprimentar o porteiro, não só é inapropriado como pode levar os japoneses a considerar o acto como uma absoluta falta de respeito perante o seu chefe de Estado”, criticou o El Mundo. O incidente acabou por dominar as atenções da imprensa espanhola e nipónica durante a visita de Rajoy ao Japão, eclipsando a deslocação do chefe de Governo conservador a Fukushima, onde expressou a solidariedade de Madrid perante o combate à catástrofe nuclear causada pelo tsunami de 2011. Porém, e em declarações à rádio Cadena SER, o presidente da Escola Internacional de Protocolo, Gerardo Correas, admite que Rajoy “não se deu conta” da gafe, afastando a ideia de uma ofensa premeditada. Mas para o futuro, Correas deixou o conselho: “O protocolo japonês não é algo rígido, mas estabelece que uma leve inclinação da cabeça e das costas, de uns 15 graus, é o cumprimento quotidiano. E quando nos apresentam a alguém pela primeira vez, devemos inclinar-nos uns 30 graus”.
“Era isso que Rajoy e Obama deveriam ter feito”, disse o especialista em etiqueta. Em Novembro de 2009, o Presidente norte-americano Barack Obama excedeu-se no cumprimento ao imperador japonês e inclinou o tronco a 90 graus. Em vez de reverência, saiu-lhe um gesto de submissão e rendição. O acto enfureceu na altura a oposição conservadora norte-americana, que acusou Obama de prestar vassalagem a líderes estrangeiros. É que, segundo o protocolo da Casa Branca, o Presidente dos EUA não se curva perante ninguém. Mas no mesmo ano, Obama fez outra vénia exagerada, desta vez ao rei saudita Abdullah. Não é só no Japão que o protocolo tem pregado partidas a Presidentes e chefes de Governo ocidentais. No ano passado, e durante uma visita história à Birmânia, Obama embaraçou o nome da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi ao abraçá-la e beijá-la num país onde as demonstrações públicas de afecto são censuráveis. Outra Obama, a primeira-dama Michelle, também pisou uma linha vermelha em 2009 ao colocar um braço à volta da rainha Isabel II de Inglaterra – que ninguém deve tocar, de acordo com o protocolo do Palácio de Buckingham. Mas enquanto Aung San Suu Kyi tentou fugir ao contacto físico de Barack, a monarca britânica retribuiu o gesto de Michelle.
A rainha de Inglaterra protagonizou outro momento caricato do actual chefe de Estado norte-americano em 2011, quando Barack Obama decidiu fazer um brinde a Isabel II no preciso momento em que a banda do Palácio de Buckingham tocava o hino britânico. Quando o Presidente terminou a dedicatória, acenou com o copo à rainha, que não retribuiu o gesto nem sequer o olhar. Permaneceu de pé, em pose cerimonial, a escutar o hino como os demais convidados do jantar de Estado – como manda o protocolo.
Os Obamas já são mesmo considerados pelos especialistas como campeões em gafes protocolares. O anterior recorde era apontado ao ex-Presidente dos EUA George W. Bush, que em 2006 tomou a liberdade de massajar os ombros de uma estarrecida Angela Merkel numa reunião do G8 em São Petersburgo"