Garante a Agência Financeira que "a Fertagus, concessionária do comboio da Ponte 25 de Abril, não fez nenhum estudo de tráfego, baseando-se no que foi feito a pedido do Estado, disse o presidente do conselho de administração da empresa no Parlamento. «Tomámos como referência o estudo de tráfego que estava indexado ao caderno de encargos», explicou o presidente da Fertagus, José Luís Catarino, na comissão de inquérito às parcerias público-privadas (PPP), sobre a travessia ferroviária do Eixo Norte-Sul. Questionado pelo deputado do CDS-PP Altino Bessa sobre os estudos de tráfego, cujo falhanço obrigou o Estado a pagar compensações à Fertagus, José Luís Catarino recusou que a concessionária tenha feito «algum estudo de tráfego», cita a Lusa. «A FBO [consultora contratada pelo Estado para o estudo de tráfego] oferecia-nos credibilidade», declarou o presidente da Fertagus, empresa do grupo Barraqueiro. «Após os três primeiros anos de exploração, os níveis de tráfego estimados nos estudos de procura estavam sobreavaliados em relação à realidade», lê-se no relatório do Tribunal de Contas, o que levou a uma renegociação do contrato de concessão, que foi concluída em 2005. O ex-ministro do Equipamento João Cravinho, que adjudicou à Fertagus a concessão ferroviária, admitiu que houve um «erro» na previsão da procura do comboio da Ponte 25 de Abril. O antigo governante disse então que «os estudos de tráfego não eram da exclusiva responsabilidade da FBO», referindo que «cada um dos concorrentes também tinha apresentado estudos de tráfego com base num sistema de partilha de risco e de bandas de tráfego, que não se veio a concretizar». De acordo com o deputado social-democrata Mendes Bota, o desvio nas previsões de tráfego obrigou o Estado a pagar 102 milhões de euros de compensações à Fertagus”.