sábado, setembro 22, 2012

Classe média: 81% desistiu de projetos pessoais por medo do futuro

Segundo o Dinheiro Vivo, “no último ano, 81% dos portugueses da classe média abandonaram projetos pessoais devido à crise, entre viagens, cursos, veículos, remodelação da casa e até saúde. É a taxa mais elevada entre os países da Europa Ocidental englobados no estudo do Observador Cetelem sobre as classes médias europeias, e o terceiro mais elevado no total. Todavia, a maioria desistiu por precaução (46%) e não por motivos financeiros (28%), sendo que 25% decidiram poupar o dinheiro e 21% vão esperar para encontrar mais barato. Este receio vai ao encontro de várias métricas reveladas no estudo, que foca as classes médias - sensivelmente 60% da população.  As famílias portuguesas da classe média aparecem em terceiro lugar nas mais endividadas entre 12 países, com dívidas de 4665 euros por ano. Os dois outros países do pódio são uma surpresa: a França em segundo e a Alemanha em primeiro, com 5707 euros de média. A grande diferença é que os franceses e os alemães têm uma noção da situação do país bem melhor. Enquanto o moral dos portugueses é o mais baixo de todos os países, nos 2,6 em dez, os franceses estão nos 4,1 e os alemães até demonstram maior entusiasmo, subindo a avaliação de 5,8 para 6,2. Em quase todas as métricas, são os únicos em que o sentimento geral é mais positivo. Face a este pessimismo, não é surpreendente que a classe média portuguesa seja aquela que está mais disposta a fazer sacrifícios para manter o nível de vida dos filhos - 81%, uma taxa sem comparação face aos restantes países. Este sacrifícios pessoais dos pais serão feitos para continuar a suportar despesas de conforto, como ortodontia, estudos e aulas particulares e material de microinformática. O Observador Cetelem, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, nota que metade dos europeus considera equipamentos como telemóveis e jogos de vídeo uma primeira necessidade para os filhos, depois da saúde e dos estudos. "O último grito em telemóveis, a roupa de marca ou o tablet digital são os novos sinais de progressão social que não podem recusar às suas crianças, embora à custa de sacrifícios em determinadas despesas próprias", enfatizam os autores do estudo. "É por este tipo de produtos que a geração seguinte irá avaliar o seu conforto de vida e a sua situação material." Os portugueses também se destacam nas intenções de poupança, só superados pelos russos: 55% pensam aumentar as poupanças em 2012, mas apenas 24% pensam aumentar despesas. Os itens preferidos são eletrodomésticos, viagens, trabalhos de remodelação e renovação da casa e equipamentos de TV, hi-fi e vídeo, mas todas as categorias caem (há um recuo acentuado na intenção de compra de smartphones, por exemplo). A estratégia de manutenção do nível de vida está sobretudo virada para a redução de despesas, mais do que o aumento de rendimentos, trabalhando mais: 83% vão reduzir despesas, a taxa mais elevada de todos os países. Não obstante a consideração que a situação financeira e material se degradou nos últimos dez anos, os portugueses da classe média consideram que estão melhores que a geração dos seus pais”.