terça-feira, julho 10, 2012

Estudo: “Há muito tempo que as redes sociais deixaram de ser moda”

"Criar uma conta numa rede social já não é novidade. Não que haja uma queda do uso das redes sociais, mas há uma estabilização destes meios de comunicação e uma maior interacção entre os utilizadores já existentes. Segundo o estudo “Wave 6 - The Business of Social”, realizado pela Universal McCann (UM), que analisou mais de 42 mil utilizadores activos da internet, em 64 países, existe uma tendência para estabilização do número de utilizadores dos media sociais (Facebook, Hi5, Youtube, Twitter, etc). “Há muito tempo que as redes sociais deixaram de ser uma moda. São antes uma evolução na forma de nos relacionarmos. Estas replicam o que fazemos na vida real e amplificam o comportamento que existe na sociedade”, explica Pedro Batista, director-geral da UM Portugal. Uma tendência expectável para os especialistas em medias sociais que o i contactou. “A estabilização faz parte da curva de desenvolvimento de todos os produtos e serviços. Esta estabilização não é sinónimo de insucesso, apenas de maturidade dos media sociais e de elevados índices globais de penetração”, afirma Carla Ganito, especialista e doutorada em Ciências da Comunicação e Novas Tecnologias. “Quando o Facebook atingir os mil milhões de utilizadores, muito em breve, podemos assumir que a maioria está online, e neste caso, no Facebook. Acho perfeitamente normal existir uma tendência para a estabilização do número de utilizadores dos media sociais”, diz Nuno Machado Lopes, um dos fundadores do site “Tudo Mudou”, um espaço dedicado aos media sociais, mobile e tech.
A recolha dos dados efectuada durante o ano de 2011, contou com milhares de utilizadores activos a nível mundial, sendo que 501 eram portugueses. Segundo o estudo, cada internauta português mantêm contacto regular, na sua vida pessoal, com cerca de 58 pessoas. Em 2009, os contactos nas redes sociais eram em média de 40, um crescimento que é analisado através das várias actividades que são desempenhadas através dos media sociais. No entanto e, de acordo com o número de Dunbar, proposto pelo antropólogo Robin Dunbar, existe um limite cognitivo para o número de pessoas com as quais conseguimos manter uma relação social estável e esse número ronda os 150. “Se tivermos este dado como referência compreendemos que é natural encontrar índices como este”, explica Carla Ganito. Ana Silva, responsável de medias sociais num grupo industrial, também explica ao i que, segundo a mesma regra, “58 parece um número razoável”.
Perfil de uso No que diz respeito às actividades mais realizadas pelos portugueses na internet, a análise revela que a visualização de vídeos online foi a mais apontada com 87%. Em segundo lugar, aparece a visita a perfis de amigos em redes sociais (83%) e os serviços de mensagens instantâneas (80%). Não tão popular em Portugal é o micro-blogging como o Twitter: nos últimos seis meses, apenas 17% aderiram a esta rede social, em oposição aos 43% a nível global. Ana Silva considera o último dado “curioso”. Para a especialista, “o funcionamento e linguagem próprios da ferramenta - os tweets, os retweets, a dificuldade de sintetizar ideias em 140 caracteres - levará muitos utilizadores a não compreenderem a plataforma e desistirem dela nas primeiras interacções”. O estudo da UM também avaliou quais as experiências sociais mais valorizadas pelos consumidores, relativamente às marcas. Segundo os dados, o que os portugueses preferem são a oferta de vales de desconto e a informações em primeira mão, tendo estas sido apontadas por 32% e 18% dos internautas, respectivamente.
“Alguém comentava comigo há uns meses atrás que a relação das pessoas com marcas ou negócios nas redes sociais se pautava por dois motivos: paixão ou cupão - no sentido do desconto, da oferta, da promoção, do concurso. Eu penso que esta é uma simplificação de algo tão complexo como a motivação humana, mas acredito que o momento mais delicado que o país vive impele as famílias a gerirem orçamentos e consequentemente aproveitarem descontos independentemente de ser nas redes ou não”, diz Ana Silva. Já para Nuno Machado Lopes, “desassociar um vale do seu objecto de utilização poderá levar-nos, erradamente, a associar o acto de desconto ao presente clima económico”. “Acredito que o utilizador português esteja mais atento ao seus gastos e procure, cada vez mais, o melhor preço. Mas, o ser humano sempre procurou a pechincha, contudo a web proporciona uma autêntica enchente de descontos disponíveis diariamente online, resultado em parte, da preguiça de quem deveria procurar outras formas de divulgar o seu produto e/ou serviço”, realça
(texto publicado no Jornal I da autoria da jornalista Márcia Oliveira, com a devida vénia)

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