sábado, maio 05, 2012

CINM: uma boa entrevista de Francisco Costa

O Presidente da SDM foi recentemente entrevistado no programa "Capital" da RTP-2, oportunidade para abordar a questão do Centro Internacional de Negócios da Madeira, oportunidade sobretudo para que a opinião pública continental perceba o que está em causa e porque é importante que o país se empenhe na defesa daquele espaço, sob pena de outros países europeus se aproveitarem da perda de importância e de procura do Centro Internacional de Negócios. Espero que Francisco Costa se consciencialize em definitivo – embora acredite que há muito que o entendeu - que a questão do CINM não tem nada a ver com a Madeira nem com aquilo que os madeirenses pensam da Zona Franca - independentemente das reservas, das dúvidas e das opiniões obviamente divergentes que legitimamente existem - mas sim com Lisboa e com Bruxelas, cidades que albergam os centros de decisão (e de negociação) em torno desta matéria. Tenho repetidamente referido - e insisto na ideia - que muitas iniciativas promovidas localmente, de pouco ou nada servem em termos concretos da defesa e da preservação do CINM e da sua atractividade. Não têm qualquer impacto e eficácia. Porque é sobretudo fora da Região que a SDM deve apostar, na medida em que, repito, todo o poder de decisão, no que a este "dossier" diz respeito, está sedeado fora da Madeira. Aliás como temos constatado nos últimos anos…
A entrevista de Francisco Costa à RTP2, correu bem, foram explicadas as questões mais polémicas bem como os aspectos mais ameaçadores para o CINM, tal como foi clarificada a sua importância e identificada a concorrência europeia e as causas das suas pressões lobistas. Achei importante fazê-lo. Temos que encarar este tema desabridamente, com muito pragmatismo e sem uma visão meramente tecnocrática que não nos tem conduzido, nos momentos decisivos, a lado nenhum. Foi revelado, por exemplo, que apesar de tudo, temos ainda no CINM mais de 11 mil milhões de euros de capital social (das empresas ainda instaladas), que as empresas são sobretudo oriundas da OCDE (e neste, da União Europeia) e que há 50 estruturas industriais a laborar normalmente. Para além dos serviços de "shipping" (Registo Internacional de Navios) foi recordado que a principal ameaça incide sobre as empresas financeiras que obviamente acabarão (pelo menos é essa a tendência) caso persista a sistemática aprovação de legislação que praticamente as "expulsam" daquele espaço, etc. Repito, globalmente, foi uma boa entrevista e uma boa oportunidade, muito bem aproveitada por Francisco Costa. Com um potencial impacto que nada tem a ver com campanhas locais que, reafirmo, de pouco ou nada servem ao CINM e que nada resolvem. Aliás, basta recordar o que tem sido feito pelos dois últimos governos de Lisboa e as dificuldades sentidas pelo governo regional em conseguir seja o que for em termos de salvaguarda dos interesses regionais, no que ao CINM diz respeito. Registei também o pragmatismo do Presidente da SDM quanto à utopia de uma alegada unificação fiscal global sem regimes específicos próprios, porque temos que acabar com certos mitos. Como nota final parece-me que nesta fase seria importante a realização de uma acção de divulgação do CINM em Bruxelas, destinada a políticos, meios de comunicação, instituições financeiras e grandes empresas. Teria que ser uma iniciativa com impacto, bem organizada, susceptível de estimular até o questionamento da própria postura da Comissão Europeia e a sua sinceridade em relação ao CINM.

Sem comentários: